Capítulo 12 - Uvas com calda de caramelo e pantufas.

Start from the beginning
                                    

- Estou sim, pra onde a senhorita deseja ir?

Disse o endereço do supermercado​ vinte e quatro horas do centro e entrei o mais rápido que consegui no táxi antes do motorista mudar de ideia.

- Eu posso perguntar o porquê da senhorita estar indo ao supermercado há essa hora? - o motorista puxou assunto e eu acabei sorrindo.

- Pra comprar uva e calda de caramelo.

- Como? - ele perguntou curioso parando num sinal vermelho onde não tinha nenhum carro além de nós.

- Desejo de grávida - expliquei. - Esses anjinhos aqui, simplesmente decidiram que queriam uva com calda de caramelo.

O motorista riu e virou uma esquina.

- Sei como é isso, quando minha esposa estava grávida, eu passei um sufoco danado. E falando nisso por que seu marido não veio atrás disso pra você?

Fiz uma careta quando ele terminou de falar, por que eu tinha que ser casada para estar grávida? Respirei fundo e decidi que era melhor simplesmente concordar com sua suposição do que explicar as circunstâncias da gravidez.

- Ele está viajando a trabalho - inventei. - Então cá estou eu as quase quatro da manhã.

Ele deu um último sorriso antes de estacionar em frente ao supermercado.

- Você quer que eu espere aqui? - perguntou depois que eu sai.

- Eu ia adorar que esperasse.

Ele assentiu e desligou o carro, mas o taxímetro continuou a correr, é essa viagem ia sair uma fortuna.

Segui para o supermercado mais empolgada impossível, afinal eu finalmente ia por as mãos nessas benditas uvas. Não demorei muito para encontrá-las, assim como também não demorei para encontrar a calda, só de imaginá-las juntas eu estava começando a salivar. O mercado estava até cheio se levarmos em conta a hora, havia funcionários e clientes pra lá e pra cá, não tantos quanto devia ter durante o dia, mas ainda sim, bastante.

Não gastei mais do que quinze minutos para encontrar, pegar e pagar o que eu queria e seguir outra vez para fora do supermercado, mas a minha surpresa foi quando eu cheguei ao ponto exato onde o táxi devia estar e não vi nada. Minha empolgação deu lugar à confusão e depois ao medo. Onde tinha se enfiado o motorista e seu taxímetro que não parava de rodar?

Fui de uma ponta a outra da rua e não vi nada, nem pessoas passando, nem carros e para o meu completo desespero nem sinal do meu táxi. Voltei para o ponto onde o bendito devia estar e notei pela primeira vez um pedaço de papel preso no poste de luz que estava perto. Era uma nota presa com durex e dizia "Para a senhorita do táxi, aconteceu uma emergência, me desculpe deixá-la aqui, não vou cobrar sua corrida. Boa sorte com os desejos".

- Não, não, não... - sussurrei ameaçando o bilhete com a mão, isso simplesmente não podia estar acontecendo.

Mas estava, eu com certeza estava no meio da rua sozinha as quatro e meia da madrugada, sem ideia de como voltar pra casa e com uma sacola cheia de uvas e calda de caramelo.

Suspirei sem ter ideia do que fazer e me sentei no meio fio, estava tão concentrada em pensar num jeito de resolver mais essa confusão que levei um susto olhando para os meus pés, finalmente tinha entendido o motivo do motorista ter dado uma risadinha ao me olhar de cima a baixo, eu estava de pantufas, umas cor de rosa com corujinhas, na correria de sair de casa eu não tinha nem me dado ao trabalho de conferir se tinha trocado de sapatos. Era realmente só o que faltava.

Encarei as corujas das minhas pantufas e depois olhei em volta, para o bem ou para o mal não havia ninguém na rua, e isso já estava começando a me assustar de verdade. Alguém teria que vir me buscar, mas enquanto eu não pensava em quem e principalmente como, eu resolvi comer, isso mesmo, eu tinha entrado nessa confusão toda por causa das benditas uvas então eu ia comê-las, nem que fosse no meio da rua, sentada no meio fio e de pantufas.

Contrato de Amor ✓Where stories live. Discover now