— Você também o ama. Certamente poderá convencê-lo a ficar — ponderou Louis.

Poppy suspirou, seu rosto denotando uma profunda expressão de arrependimento.

— Não, ele precisou de meu amor quando era garotinho e eu o decepcionei. Mas é um homem agora, e não é do meu amor que precisa para ter um motivo para ficar.

Um motivo para ficar.

Louis desesperadamente desejou poder lhe dar isso. Mas não, nunca fora suficiente para Harry. Os sonhos dele, sua vida, eram simples. Jamais seriam bastante para ele.

— Eu o amava cinco anos atrás e ele não hesitou em partir — Louis o fez lembrar-se.

— Você lhe disse que a amava na ocasião? Você lhe pediu para ficar?

— Não. Recusei-me ser o motivo de ele permanecer na cidade. Não quis que Harry um dia sentisse raiva de mim por ter lhe roubado os sonhos.

Louis diminuiu a velocidade ao aproximar-se da casa de Poppy.

— Sonhos!

Poppy soltou a palavra como se ela lhe deixasse um gosto amargo na boca.

— Acho que vocês dois foram longe demais sonhando e pouco adiante amando. Sonhos são bons desde que unam duas pessoas que se amam.

— Se Harry realmente me amasse, teria me contado sobre Gretchen anos atrás — Louis falou com raiva ao parar diante da casa.

— Se ele não o amasse, jamais lhe teria dito.

Poppy desceu da caminhonete, então inclinou-se à janela.

— Harry me prometeu fazer carne assada para o jantar. Gostaria de vir e comer conosco?

— Não, obrigado — respondeu, ausente.

Precisava pensar. As palavras de Poppy haviam-no confundido, feito aflorar a raiva que durante os últimos dias tentava suprimir.

— Obrigado pela carona. Você é o único que pode fazer isto, Louis. Dê-lhe um motivo para ficar.

Sem aguardar por resposta, virou-se e caminhou em direção a casa.

Louis colocou a caminhonete em movimento, irritado com toda aquela conversa, abismado com a visão de Poppy. Será que, de alguma maneira, poderia mudar o comportamento de Harry?

Como se alguém fosse capaz de mudar, ironizou. Harry era o homem mais determinado e teimoso que já conhecera. Certamente sabia que Louis o amava desesperadamente. Não poderia duvidar de que ele sempre sonhara que os dois tivessem uma vida juntos.

Sonhos. Estaria Poppy certo? Por acaso haviam passado tempo demais fantasiando sobre o futuro, sobre coisas que pouco tinham a ver com a realidade?

Ele retornara para Holmes Chapel não a estrela que fingira ser e sim falido e desempregado. Uma visão muito triste de seus sonhos de infância.

A ânsia de Harry por celebridade e a dele em ter uma família tinham um ponto em comum.

A necessidade de serem amados. Ambos queriam aquilo com ardor.

Louis sabia que ele precisava sentir-se especial, amado, porque sua vida com Poppy fora muito desprovida daquela emoção. E quanto a si mesmo, simplesmente queria ser amado pela homem que conquistou seu coração.

Teriam tido o verdadeiro sonho nas mãos durante todo o tempo e o deixado escorregar por entre os dedos como areia soprada pelo vento?

Se lhe pedisse para ficar, estaria colocando seu orgulho em jogo. Estaria lhe dando uma nova oportunidade de aceitar seu amor ou de desprezá-lo.

Um novo amanhã l.sWhere stories live. Discover now