Era o quarto de Jack.

          Sento na cama e o vejo dormindo sentado na cadeira de frente pra cama. Sorrio por aquela cena, mas fico pensando na dor que ele vai sentir depois.

          O cutuco levemente e ele acorda assustado, procurando algo ao redor do quarto.

— Você está bem? — ele pergunta com os olhos arregalados.

— Estou melhor — sorrio para acalmá-lo. — Vem deitar comigo.

— Não acho uma boa ideia — ele recua um pouco.

          Franzo a testa para ele e o puxo pela mão.

— Vamos. Só um pouco. Eu senti sua falta.

          Instantaneamente Jack relaxa e vem em minha direção para a cama. Assim que ele deita, eu me acomodo ao seu lado e o abraço. Jack se enrosca em mim e coloca seu rosto no meu pescoço, inspirando.

— Achei que fosse perde-la — ele sussurra. — Meu Deus, como senti sua falta.

          Eu sorrio comigo mesma, o coração batendo forte contra o peito de tamanha tranquilidade e certeza que aquele era o meu lugar.

— Eu sabia que você iria me buscar — digo para ele. — Obrigada por salvar minha vida, Jack Backer.

          Ele me olha e sorri, passando o dedo no meu rosto. Jack me puxa para o mais doce e simples beijo. Me alinhando ao seu corpo, eu descanso. Mas quando acordo uma hora mais tarde, me certifico que ele está adormecido e eu beijo seu rosto. Jack tinha novas olheiras abaixo dos olhos, aparentemente ele não dormia havia dias. Eu o compreendia perfeitamente.

          Enquanto estive presa, meus pensamentos sempre se voltavam a Jack e minha família. Lembranças de infância. Eu revivia lembranças alegres e que me deixavam tristes porque era um tempo que nunca voltaria. Meus pais não voltariam. E eu sentia falta deles todos os dias.

          Volto a adormecer do seu lado e permito que desta vez eu não sonhe.

✕✕✕

          Jack continuou dormindo mesmo quando acordei novamente duas horas depois. Parecia tão genuíno dormindo que não quis acordá-lo. Acordo no meio da noite e olho para os ponteiros do relógio pendurado na parede. Faltava menos de dois minutos para cinco horas da manhã.

          O quarto estava escuro e somente com a iluminação de algum lugar que vinha lá de fora foi possível visualizar a porta. Eu precisava de água e... mais que tudo, estava morrendo de fome!

          Coloco um de seus casacos – me certificando que não eram de pelo de animal –, eu desço a enorme escadaria. Ao chegar próximo ao salão principal, escuto o crepitar de madeira queimando.

          Eu não estava enganada.

          Sentado em uma poltrona confortável perto da lareira estava Reece. Sua cabeça estava apoiada em um braço. Ele parecia estar dormindo então voltei a ficar em silêncio, caminhando para cozinha.

— Devia estar dormindo, senhorita Holly — disse ele, dando-me um susto.

— Oh, Deus — coloco uma mão no peito, sentindo meu coração pulsar rapidamente. — Senhor Kane. O senhor me assustou.

          Ele levanta a cabeça e sorri lentamente sem mostrar os dentes. Seu cabelo já estava completamente branco, havia perdido dois ou três quilos e ganhado algumas olheiras.

Além do InevitávelWhere stories live. Discover now