Capítulo 2

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— Eu topo.

Brian parou de lustrar o banco da moto e levantou a cabeça, encontrando Isabella parada a poucos metros, com o olhar determinado.

— Até que não foi difícil te convencer, hum?

— Não me venha com essa arrogância de macho cheio de si, Brian. Eu vou fingir por um dia. E para evitar que minha consciência me atormente por ter negado ajuda a um amigo.

— Quer dizer que agora sou seu amigo? – Soltou o pano e começou a caminhar em direção a Isabella. Quando Brian estava tão perto que a garota não conseguia respirar sem que o perfume masculino invadisse seus sentidos, o rapaz abaixou a cabeça e depositou um beijo demorado nos lábios dela. Então, afastou-se e disse com os olhos escurecidos: — Obrigado, japinha. Fico te devendo uma.

— Não quero nada de você. Não quero ter nada com você. Portanto, você não me deve nada. Estamos entendidos?

— Sim, senhorita. – Brian deu uma piscadela, muito desaforada, mas, ainda assim, o coração traiçoeiro de Isabella, já mexido com o beijo, disparou.

Aquele fingimento não daria certo. Daria muito errado. Isabella não tinha qualquer dúvida sobre isso. Então, como uma mulher inteligente que era, sabia que não deveria ter aceitado. Teria sido simples. Bastaria não procurar Brian. Passar o final de semana trancada em casa, assistindo a suas séries favoritas ou limpando seu quarto. Mas ali estava ela conscientemente procurando problemas. Com Brian. Mais uma vez. Pelo menos, sabia a motivação que a fez capitular. Sua avó. Depois de ouvir um discurso em pleno jantar sobre como uma moça de família deveria se comportar, e as palavras terem estragado seu apetite, Isabella resolveu agir contra tudo que a idosa expôs à mesa, sob o silêncio obstinado de seu avô, que falava mais do que todas as palavras de dona Marília. Em vez de tentar ser a garotinha perfeita que eles esperavam, ela iria virar a mesa e aceitar a proposta de Brian. Um ato infantil? Quem sabe. Perigoso? Muito. Não porque temia Brian e seu comportamento indecente. Ela temia a si mesma! Toda vez que Brian estava por perto, Isabella conseguia jogar cada neurônio que possuía para um canto insondável de seu cérebro. E se tornava uma das periguetes, que ela tanto abominava, de Brian.

— Sua avó encheu muito seu saco ontem?

— Como? – Isabella piscou, voltando à realidade e a Brian encarando-a do outro lado da moto. — Fez o discurso de sempre: moças de família não devem ficar na rua até tarde e muito menos conversando com homens na porta de casa.

— Se ela soubesse o que estávamos fazendo... – Os olhos do rapaz brilharam, mas Isabella estava determinada a ignorar os choques que perpassavam seu corpo.

— Não sabe e nunca saberá. Não costumo sair divulgando os passos errados que dou.

— Você parecia bem certa do que estávamos fazendo quando eu te segurava em meus braços ontem à noite. – Soltou, novamente, o pano sobre a moto e voltou a se aproximar da garota. — Eu já disse isso várias vezes para você e nem sei por que me preocupo tanto com seu bem-estar, mas você não acha que está na hora de sair da barra da saia de seus avós e bancar sua liberdade? – Parou a centímetros de Isabella. Levou a mão a uma mecha do cabelo da mestiça. Acariciou. — Apesar desse seu gênio do cão, você sabe que faz exatamente tudo que eles querem, né? É a garotinha da vovó e do vovô.

— Não fale do que não sabe! – Isabella tentava ser firme. Mas, por dentro, tremia. Apesar dos anos vivendo como gato e rato, Brian a conhecia bem. Se não fosse tão geniosa, talvez admitisse isso. E também admitisse que quando ele estava por perto, ela se sentia vulnerável.

— Eu te conheço há quase vinte anos, japinha. Arrisco a dizer que te conheço tanto quanto você se conhece.

— Agora você está sendo arrogante! Você tem toda razão: nem meu amigo você é. – Deu um passo para trás, na tentativa de fugir do magnetismo que lhe roubava a lucidez.

Atração Explosiva (DEGUSTAÇÃO)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora