1 - Minha vida

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Meu nome é Victor, tenho 19 anos e vivo em Seattle, nasci aqui na cidade e nunca me mudei. Estudei na mesma escola a vida toda e agora faço faculdade de administração contra a minha vontade, só pra continuar tocando a empresa da família. Meu negócio mesmo é a música, quando pego na minha guitarra esqueço do mundo, meu pai que não se agrada nada com isso e vive falando que é coisa de adolescente e dessa fase eu já passei faz tempo, mas eu não me importo com seus falatórios, meu sonho é conseguir ser um guitarrista famoso. Tenho até uma banda de rock que montei com meus amigos quando tinha 12 anos, no começo era só pra gente se divertir mesmo, mas depois descobri que era aquilo que realmente queria pra minha vida. A banda é composta por mim e mais 4 amigos, Júlia e Carlos que são os vocalistas, o Henrique que é baterista e o Mathew que toca seu baixo. Enfim, tudo bem organizado e a gente até faz alguns shows pra galera, é demais estar no palco e sentir toda aquela emoção, principalmente tocar com pessoas que você gosta e conhece bem. Vou falar a verdade, sou gamado na Júlia, a gente até já ficou algumas vezes mas ela sempre diz que não quer estragar nossa amizade, por mim ela seria minha namorada faz tempo. Desde aquele dia que eu vi ela pela primeira vez pela janela do meu quarto, me apaixonei. Tem gente que não acredita em amor a primeira vista, eu também não acreditava, mas toda vez que eu volto a pensar naquele dia que a conheci, sinto algo diferente. Crescer com ela ao meu lado me fez muito bem, sou filho único e ela estava sempre comigo, como uma irmã mais nova, todos falavam que a gente ia namorar quando crescesse, mas ta difícil convencer essa garota de que sou o melhor pra ela, mesmo assim ela continua sendo minha melhor amiga.

                               ***

Estava sentado a mesa de jantar com minha mãe, eram 7 horas e meu pai ainda não tinha chegado da empresa. Esse era meu grande medo, ter que trabalhar por horas e horas, esquecer minha guitarra e a banda e só viver trancado em um escritório administrando uma empresa, e o pior administração era algo que eu odiava.

- Filho? - Mamãe chamou me tirando dos meus devaneios, enquanto balançava a mão em frente ao meu rosto. - Está dormindo sentado Victor?

- Só estou cansado mãe, hoje a aula foi puxada.

- Seu pai tem orgulho de você estar se esforçando tanto pela empresa, mas eu sei que não era isso que você gostaria de estar fazendo. Tocar é o que você quer para o seu futuro, Victor. E independente do que você escolha mais pra frente, eu vou te apoiar, seu pai te ama e só quer o seu bem também. Um dia ele entende que você tem que tomar suas próprias decisões.

- Obrigado mãe. - falei dando-lhe um abraço desajeitado por cima da mesa e voltamos a comer.

Escutamos a porta da sala ser aberta e uns 2 minutos depois meu pai entra na cozinha, vai direto pra geladeira sem nos dar ao menos um boa noite.

- Vem jantar querido.

- Estou sem fome Carol. - Olho para mamãe com um aceno de cabeça, tentando a fazer parar por ali antes que ele ficasse estressado. - Como foi na faculdade Victor? - Mas minha tentativa vai por água a baixo por que quem vai acabar se estressando aqui sou eu.

- Acho que você já sabe a resposta pai!

- Você ainda vai me agradecer quando começar a estagiar no escritório ano que vem, e ver como eu dou duro pra manter tudo aquilo em ordem.

- Isso é quase impossível. - afirmei com a expressão dura. - Você sabe que eu odeio administração, nunca vou conseguir passar o dia preso em um escritório. Eu nasci pra ser livre, viajar e tocar, levar minhas músicas a todos que queiram ouvir. - Mamãe observava tudo em silêncio.

- Eu já falei pra você esquecer isso enquanto viver sobre o mesmo teto que eu Victor. Se você quer tanto sair da faculdade, é simples, você só precisa sair de casa.

- Talvez eu faça isso mesmo! - falei me levantando bruscamente e saindo de casa batendo a porta.

Parece que cada dia nossas discussões ficam pior, isso desde que eu terminei o ensino médio, queria entrar em uma faculdade de música mas não teria como pagar, nunca fui dos melhores alunos pra conseguir uma bolsa de estudos. Tive que aceitar fazer administração por pressão de meu pai, mas quando começou as aulas e eu vi que nunca ia querer aquilo pro meu futuro, o inferno começou. As brigas em casa começaram, agora tenho menos tempo de tocar com a banda e também menos tempo de ver Júlia, mesmo sendo vizinhos quase nunca a vejo, só quando a chamo pra vir aqui ou tenho tempo de ir até a casa dela (algo quase impossível).

Pego meu celular no bolso e mando uma mensagem pra Júlia, chamando-a pra ir até nosso lugar preferido, ela responde um ok e já imagino seu sorriso ao ler minha mensagem.

A Garota Da Casa AzulDonde viven las historias. Descúbrelo ahora