-Ei, você precisa ir com calma.- o medico me ajudou a me equilibrar outra vez.

Olhei para meus dedos expostos, e pedi mentalmente para que eles me ajudassem.

-Eu prometo que você fazer tudo certo dessa vez.

O médico me olhou sério.

-É para seu próprio bem.

Assenti e ele me liberou, mas não antes de me entregar o papel de encaminhamento para a fisioterapia. O que facilitou muito a minha vida na hora de procurar por um lugar, mas que estava completamente fora das minhas condições financeiras atuais.

 O que facilitou muito a minha vida na hora de procurar por um lugar, mas que estava completamente fora das minhas condições financeiras atuais

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-Você precisa fazer fisioterapia, nunca vai conseguir melhorar sozinha.- disse Nathan ao passar por mim na sala.

Eu estava assistindo a vídeos no Youtube, e repetindo fielmente o que o fisioterapeuta fazia na Tv. Eu não tinha como pagar pelas consultas então me virei como pude. Substitui os pesos usados nos vídeos por quilos de alimentos, as cordas por cadarços de tênis, e tudo o mais por coisas que eu tinha em casa. Eu era criativa usando coisas bobas como ajuda na minha recuperação, além é claro de passar quase dez horas por dia na frente daquela televisão me exercitando.

Eu precisava melhorar, e o mais rápido possível.

-Eu não estou sozinha, estou com o Lian.- apontei para a Tv, enquanto repetia os movimentos que o instrutor do vídeo dizia.

Nathan revirou os olhos, depois largou o seu Kimono no sofá, para pegar meu pulso e me fazer parar.

-Estou falando sério.- ele disse me encarando.

Parei o que estava fazendo e o encarei, com uma ruga entre as sobrancelhas.

-Eu também.

-Deixa de ser cabeça dura, se você quer mesmo voltar, precisa aceitar a ajuda dele.- Nathan não precisava pronunciar o nome de Harry para que eu soubesse a quem ele se referia. No dia em que cheguei em casa, sem o gesso, recebi uma ligação do meu pai, dizendo que a fisioterapia estava marcada para a semana seguinte, assim que eu me acostumasse e me sentisse segura para me movimentar outra vez. Eu não precisei que ele me dissesse de onde o dinheiro tinha vindo para aquelas consultas, apenas disse que ia, mesmo que jamais aceitasse aquela oferta. Meu pai ficaria mais algumas semanas fora, eu poderia fingir que estava indo por aqueles dias, depois pensava no que dizer a ele.

-Eu posso fazer isso, você mesmo já viu que eu estou melhorando.- disse apontando para o meu pé.- Já consigo apoiar meu peso parcialmente na perna lesionada.

Nathan bufou, revirando os olhos impaciente.

-Deixa de ser birrenta, com a ajuda de um profissional, você vai se recuperar bem mais rápido.

Soltei meu braço com grosseria da mão de Nathan, odiava quando ele me tratava como uma criança.

-Eu posso fazer isso sozinha.

-Não importa o que você quer, amanhã, nem que eu tenha que te arrastar pelos cabelos, vou te levar naquela consulta.- ele pegou o Kimono que havia jogado no sofá, e se dirigiu outra vez na direção da porta.

Fiquei lá olhando para ele, observando seu jeito de andar, a forma confiante que ele andava naquele momento parecia tão distante da minha realidade. Eu sabia que ele tinha razão, e no segundo que vi ele colocar o Kimono amarrado por cima dos ombros decidi que precisava fazer aquilo, não por mim, mas pelo jiu jitsu. Eu precisava melhor, e o mais rápido possível.

-Eu vou amanha, sem você ter que me arrastar pelos cabelos, mas...- ele parou onde estava, ainda que segurasse a maçaneta se virou levemente na minha direção.- Em troca quero saber porque você fugiu de Nova Jersey.

Imediatamente uma ruga surgiu entre as suas sobrancelhas, tornando seu rosto sombrio. Ele não disse nada, apenas me encarou por um breve momento, depois saiu sem nem se despedir.


Quase, sem quererOnde histórias criam vida. Descubra agora