Capítulo 12 - Só o Primeiro Encontro

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"Ele disse que tem outro presente," Alicia explicou, "um só dele que quer dar pessoalmente. Poderíamos começar por aí. Eu o vi no jardim agora há pouco. Parecia esperá-la."

Todas viraram sua atenção discretamente na minha direção, e eu tentei assentir. Sabia que não tinha mais como fugir - e esta nem era minha vontade. Tudo que eu queria era passar por esse mês o mais rápido possível e ter um resultado o quanto antes. E, para isso, só me restava começar oficialmente.

Me levantei e fui imitada por todas ali, até Clare, que demorou um pouco para reagir.

"Clarissa," a chamei, e ela mirou seus olhos grandes e redondos em mim. Eu sabia exatamente a razão de sua distração, ela estava dividida entre sonhar acordada com tudo que tinha acontecido entre ela e Kyle na noite anterior e se sentir culpar por ter mentido. "Se você não está se sentindo bem, pode ficar no meu quarto o resto do dia."

Sua primeira reação foi ficar confusa, mas acabou concordando. "Não vai precisar de mim?"

"Vou," admiti, me impedindo de imaginá-la me assistindo com Miguel e fazendo caretas para me incentivar a ser mais romântica. "Mas é só o primeiro encontro. Você pode me ajudar em todos os próximos."

Ela acabou aceitando e indo no caminho contrário ao nosso. Pouco depois de virar o corredor pela primeira vez, uma câmera nos encontrou e nos acompanhou até o jardim. Tentei não pensar muito em nada, nem ninguém, enquanto andava até lá. Nem mesmo em Miguel, que me esperava distraído, conversando com sua mãe.

Maria Bourbon era uma das mulheres mais bonitas que eu já tinha visto, o que tinha deixado certa impressão em mim quando ainda era bem pequena e a conheci pela primeira vez. Conforme envelheceu, ficou ainda mais bonita e me provou de uma vez por todas que o povo espanhol era lindo. Seu filho, que se levantou assim que me avistou, não ficava para trás. Era, como ela e suas duas irmãs gêmeas, inegavelmente atraente, ainda que não especificamente para mim. Talvez boa parte de seu charme fosse simplesmente carisma, cultivado em uma família confiante e bem estabelecida, que se orgulhava de viver bem no século vinte e um e ainda manter tradições antigas de seu povo.

No papel, Miguel Sanchez poderia ser o pretendente ideal, distinto o suficiente de mim para ser interessante, mas, na vida real, eu já tinha ouvido tantos rumores não confirmados a seu respeito, nenhum escandaloso, mas todos ruins o suficiente para me deixarem desconfortável, que sempre tinha mantido minha distância.

Quando cheguei perto dele e deixei que beijasse as costas de minha mão, prometi a mim mesma que não permitiria meus próprios preconceitos a me atrapalharem.

"Acho que é importante começar admitindo que você é ainda mais bela pessoalmente," foi a primeira coisa que ele me falou quando nos afastamos de sua mãe e de minhas damas.

A única resposta que me veio à cabeça seria rebater dizendo que não conseguiria chegar a lugar nenhum elogiando simplesmente minha aparência. Mas, em vez disso, sorri.

Seja romântica, Lola, pude escutar a voz de Clare na minha cabeça. Senão, ao menos simpática.

"Ouvi dizer que tem um presente para mim," falei, optando por mudar de assunto.

Ainda que não soubesse, estaria claro só pela caixa que ele carregava.

"É verdade," disse, parando de andar em um dos caminhos mais estreitos do jardim e se virando para mim. "Queria lhe trazer algo que fosse de minha cultura."

Sorri ainda mais largo, só porque não tinha ideia de como responder. Antes que precisasse, ele passou a caixa para mim e me obrigou a equilibrá-la com sua tampa e tentar parecer elegante ao mesmo tempo.

A Herdeira do TronoWhere stories live. Discover now