Meu ultimo cliente. Meu primeiro Amor - B. Silva

474 43 37
                                    


Sonhos escuros da realidade

Deslizo minhas mãos no corrimão dourado enquanto desço cada degrau de mármore creme. Meus saltos agulha tilintam com suavidade quando alcanço o grande salão amplo, admiro como de costume a grande luminária de cristal centralizada na sala de cartas, gosto como brilham cada gota em cascata.

Meus olhos analisam cada canto da grande sala, as mesas e cadeiras de madeira do estilo dos anos cinquenta estão completamente cheias. Cheiro de fumo e uísque completam o ambiente já conhecido.

Avanço caminhando para o bar ao lado das várias mesas espalhadas, passo minhas mãos suadas no meu vestido vermelho, estou inquieta, não gosto de estar no salão, meu lugar favorito é na sala de dança, mas madame Luz insiste em me colocar no salão sempre que possível.

─ Mesa três toda sua, Petúnia ─ Lisa avisa a contra gosto.

─ Mas... mal cheguei! ─ Protesto passando o pedido para Carlos.

─ Ferraço te viu descer as escadas ─ Lisa resmunga.

Recebo a bandeja Prata com um copo de uísque sem gelo, ofereço meu sorriso amarelo para o Senhor Ferraço.

─ Muito obrigada Senhorita Petúnia por agraciar minha entediante noite, por favor me dê a honra de sua companhia ─ Ferraço me oferece sua mão esquerda, aceito compreendendo seu duplo convite após receber um beijo no dorso da minha mão.

.

.

.

.

Meu corpo cai em queda livre, causando frio em meu estômago. Não consigo ter equilíbrio para manter meu corpo em pé. Fui lançada em um abismo, em meio a escuridão.

As palmas das minhas mãos tocam o chão frio. Luzes fluorescentes são focadas no alto da minha cabeça. Meus olhos doem com o impacto da claridade, fecho minhas pálpebras com força enxergando pontos brancos, minha respiração está alta, preenchendo o espaço oprimido. Meus ouvidos sentem a pressão do ambiente, causando a sensação de esmagamento em minha cabeça. A gravidade está muito alta para manter oxigênio suficiente para o meu corpo.

Abro meus olhos recebendo a visão do chão brilhante escarlate. Trazendo meu reflexo de sete anos atrás, lágrimas grossas rolam sobre meu rosto, meus olhos refletem dor e angústia. Os sons de saltos me irritam quando ecoam pelo espaço.

─ Saia daqui! ─ O ódio é um sentimento inquietante que meu corpo não suporta, causando tremores em minha carne.

─ Não seja mal criada, Petúnia! ─ Quem visse essa cena certamente me acusaria de rebeldia. Ela consegue transmitir uma doçura quase perfeita. Ela pode enganar os de fora, mas a mim nunca!

─ Você mentiu diante de todos! Como... Como pode? ─ A vergonha cobra seu preço, causa dores em meu ser que... a pessoa de caráter que um dia eu fui diante de meus amigos não existe mais.

─ Não deveria se envergonhar Petúnia, somos ligadas e iguais.

─ Não somos iguais, e nunca seremos!

─ Somos, meu amor ─ Nora agarra meu rosto erguendo em sua direção. ─ Você foi gerada dentro de mim. Você herdou tudo de mim, o meu sangue, e todos os meus demônios, Petúnia. – Nora sorri, se vangloriando com o efeito que suas palavras causam em mim, cada sofrimento infligindo a mim lhe é satisfatório.

─ Mentira! Meu Papá...

─ Ele nunca foi seu "papá"! – Nora interrompe minhas palavras me forçando engolir os nós da garganta. Meus olhos querem fugir da órbita. Meu peito se dilacera em dores inumeráveis.

Apenas Um OlharWhere stories live. Discover now