Sonhos escuros da realidadeDeslizo minhas mãos no corrimão dourado enquanto desço cada degrau de mármore creme. Meus saltos agulha tilintam com suavidade quando alcanço o grande salão amplo, admiro como de costume a grande luminária de cristal centralizada na sala de cartas, gosto como brilham cada gota em cascata.
Meus olhos analisam cada canto da grande sala, as mesas e cadeiras de madeira do estilo dos anos cinquenta estão completamente cheias. Cheiro de fumo e uísque completam o ambiente já conhecido.
Avanço caminhando para o bar ao lado das várias mesas espalhadas, passo minhas mãos suadas no meu vestido vermelho, estou inquieta, não gosto de estar no salão, meu lugar favorito é na sala de dança, mas madame Luz insiste em me colocar no salão sempre que possível.
─ Mesa três toda sua, Petúnia ─ Lisa avisa a contra gosto.
─ Mas... mal cheguei! ─ Protesto passando o pedido para Carlos.
─ Ferraço te viu descer as escadas ─ Lisa resmunga.
Recebo a bandeja Prata com um copo de uísque sem gelo, ofereço meu sorriso amarelo para o Senhor Ferraço.
─ Muito obrigada Senhorita Petúnia por agraciar minha entediante noite, por favor me dê a honra de sua companhia ─ Ferraço me oferece sua mão esquerda, aceito compreendendo seu duplo convite após receber um beijo no dorso da minha mão.
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Meu corpo cai em queda livre, causando frio em meu estômago. Não consigo ter equilíbrio para manter meu corpo em pé. Fui lançada em um abismo, em meio a escuridão.
As palmas das minhas mãos tocam o chão frio. Luzes fluorescentes são focadas no alto da minha cabeça. Meus olhos doem com o impacto da claridade, fecho minhas pálpebras com força enxergando pontos brancos, minha respiração está alta, preenchendo o espaço oprimido. Meus ouvidos sentem a pressão do ambiente, causando a sensação de esmagamento em minha cabeça. A gravidade está muito alta para manter oxigênio suficiente para o meu corpo.
Abro meus olhos recebendo a visão do chão brilhante escarlate. Trazendo meu reflexo de sete anos atrás, lágrimas grossas rolam sobre meu rosto, meus olhos refletem dor e angústia. Os sons de saltos me irritam quando ecoam pelo espaço.
─ Saia daqui! ─ O ódio é um sentimento inquietante que meu corpo não suporta, causando tremores em minha carne.
─ Não seja mal criada, Petúnia! ─ Quem visse essa cena certamente me acusaria de rebeldia. Ela consegue transmitir uma doçura quase perfeita. Ela pode enganar os de fora, mas a mim nunca!
─ Você mentiu diante de todos! Como... Como pode? ─ A vergonha cobra seu preço, causa dores em meu ser que... a pessoa de caráter que um dia eu fui diante de meus amigos não existe mais.
─ Não deveria se envergonhar Petúnia, somos ligadas e iguais.
─ Não somos iguais, e nunca seremos!
─ Somos, meu amor ─ Nora agarra meu rosto erguendo em sua direção. ─ Você foi gerada dentro de mim. Você herdou tudo de mim, o meu sangue, e todos os meus demônios, Petúnia. – Nora sorri, se vangloriando com o efeito que suas palavras causam em mim, cada sofrimento infligindo a mim lhe é satisfatório.
─ Mentira! Meu Papá...
─ Ele nunca foi seu "papá"! – Nora interrompe minhas palavras me forçando engolir os nós da garganta. Meus olhos querem fugir da órbita. Meu peito se dilacera em dores inumeráveis.
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Apenas Um Olhar
Short StoryApenas Um Olhar, é a primeira antologia de contos escrita pelos membros do GWA. São cinco palavras-chaves (amor, amizade,preconceito, cicatriz, superação) na qual, cada autor escolheu pelo menos uma e assim deu seguimento ao seu conto. Segundo Ital...