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          Escuto um pouco da voz de Jack e uma tremenda falta dele atravessa meu corpo. Sinto culpa, não devia estar na rua naquela hora. Talvez Luke havia percebido que eu sabia, ou ele sabia quem eu realmente era.

— Não, não, não, não — Luke solta outra risadinha. — Não prometa o que não pode cumprir, Jack. Sua namorada terá umas férias. Talvez ela conheça um pedaço do inferno que eu passei.

          Confusa com aquelas palavras, fico buscando em minha mente algum motivo para o que aconteceu. Se eu era o preço para alguma vingança ou ele apenas era maluco. As lágrimas caíam, mas conforme um tempo, elas foram ficando secas.

— O que eu quero? Eu quero te fazer sofrer, Jack — diz. — Quero te fazer sentir como eu me senti com você por perto: um nada. Holly é o pedaço principal da torta, então farei questão de comer por inteira.

          Sinto medo com as suas palavras. Um medo diferente. Um medo de... morrer. Então pensei em Paige, meu Botão Rosa, Ruby e seu casamento em alguns meses... Ethan, Amy e Sara, minha mini bomba. Eles sentiriam a minha falta?

           E Jack? Meu Deus, isso o arrasaria.

— O que, Jack? Quer salvar a sua donzela? Pode escutar seu pedido de ajuda.

          Tento balançar a cadeira pra sair, mas é impossível com tantos nós. Podia sentir meus pulsos arderem com a fricção dos movimentos.

— Diz "oi" para o seu namorado, querida — ele diz, retirando a fita colada na minha boca.

— JACK! — Grito de maneira desesperadora.

          Um estalo e um tapa.

          Lágrimas de puro ódio escorrem pelo meu rosto enquanto sinto a ardência e o peso de sua mão onde foi dado o tapa.

          Escuto Luke gargalhar mais uma vez antes de dizer:

Enquanto você tenta me achar, eu vou me divertir com a sua namoradinha. Tenha um ótimo dia, Backer.

         Não.

         Não, não. Eu arquejo, tentando livrar de alguma forma aquilo que me prende. Mas rapidamente eu paro quando vejo Luke aproximar e ficar na mesma altura que a minha, flexionando os joelhos; seu sorriso é diabólico.

— Não tente lutar, querida. Eu tenho planos pra você.

          Luke pega do bolso um controle remoto pequeno e fica em pé normalmente enquanto usa o controle para ligar as luzes do galpão. Era enorme e de frente para mim havia algumas caixas de papelão, ao redor havia cinco pilastras e uma janela que parecia ser uma casa. Parecia que ao redor eram pequenos vidros alaranjados e azuis que vinha da metade da parede pra cima, transformando-se em um teto em formato de um cone.

— Vamos aos jogos... bom, eu serei bonzinho e irei te soltar.

          Vendo meu olhar arregalado de surpresa e — quase — felicidade, ele gargalha.

— Você devia ver a sua cara! Voltando... você poderá ficar solta por aqui, mas em algumas partes deste galpão há peças que irão... te machucar.

          Faço uma vista grossa por onde consigo ver, mas tudo parece normal. Ele estaria mentindo?

— Se você se comportar, não terá nada, mas se você tentar fugir... bem, acho que você terá que descobrir — ele sorri largo. — Não quero estragar a surpresa, não é mesmo? Combinado?

          Eu pensava em várias coisas. Na minha família, nos meus amigos, em Jack... Deus, por favor, faça com que ele me encontre sã e salva.

Além do InevitávelWhere stories live. Discover now