Capítulo 3 - Maccaio Hotel e o tal de Mata-Rato

Magsimula sa umpisa
                                    

— Um, pelo amor de Santo Cristo. — Jess murmurou quase que em um rosnado.

A atendente olhou atrás dela, a procura de algo, ou alguém. Observou Gustav em suas roupas maltrapilhas com certo desdém, e voltou o olhar a Jess.

— Vai ficar com o... Cavalheiro? — Disse, tomando o máximo de cuidado possível para de forma alguma o ofender. De forma alguma.

Jess olhou atrás de si, se lembrando então do garoto que a acompanhava. Ele retorceu a boca, estava bem ciente da resposta.

— Ah, não. Não. — Ela negou balançando a cabeça até não poder mais. — Ele pode tomar um banho e jantar mesmo assim, não?

— Sim. A taxa é a mesma da senhora, menos o pernoite.

— Sim, claro. — Ele disse a si mesmo, de tal forma que Jess nem chegou a escutar.

Foi tolice pensar, nem que por alguns poucos segundos, que ela pagaria-lhe um quarto. Afinal, essa é vida real. Pessoas não pagam coisas a desconhecidos — Aliás, nem aos conhecidos. E Gus, ah, se tinha uma coisa que ele estava cansado de saber, era isso.

— Desculpa, moça, mas... — Ele se aproximou da atendente, apoiando os braços finos e compridos no balcão. Ela deve ter recuado um ou dois passos, pega pelo susto — talvez por horror, talvez por nojo — do estado de imundice do rapaz. Aquilo de forma alguma o fez se afastar. — De quanto é essa taxa?

A mulher pigarreou, se recompondo.

— Cinco Lizes, mas tem que comprar alguma coisa do nosso bar. O jantar é integrado, então não se preocupe.

Uma estúpida estratégia de venda.

— O que tem de mais barato? — O garoto perguntou, tirando um pequeno saco de moedas do bolso da calça quase esfarelada de tanto uso. O pôs encima da mesa, a mulher acompanhou tudo isso com um grande sorriso que, de certa forma, lhe parecia um tanto quanto malicioso.

Mata-Rato. — Ela respondeu, alargando ainda mais o sorriso. Veneno?  Gus chegou a pensar nisso, mas não falou, temendo soar idiota. — Um Liz a garrafa, se você sobreviver. — Realmente, agora sim lhe parecia veneno.

— Isso... Não mata mesmo, mata? — O rapaz falou engolindo em seco. Os três bêbados sentados ali riram, inclusive a mulher atrás do balcão.

— Ai, essa foi boa, pirralho. — Ela disse, enxugando uma lágrima de riso do canto do olho. Pirralho? Quem ela era para lhe chamar de pirralho? Gus já tinha seus vinte e cinco anos, e ela também não parecia ter muito mais que isso. De fato, Gustav sempre pareceu mais novo do que realmente era. Não aparentava muito mais de dezoito, apesar de que de barba — muito mal feita, do jeito que estava — parecesse ter um pouco mais. — Matar é jeito de falar. Nocautear, talvez? De qualquer forma, Mata-Rato é a especialidade da casa.

Gus virou o pequeno saquinho de pano que trazia nas mãos do avesso, fazendo com que as moedas tilintassem, caindo uma para cada canto da mesa. Separou no total vinte, as esfregando até a ponta do balcão e ali estava: uma garrafa geladinha de Morte Certeira a Pequenos Roedores. Ligeiramente a empurrou de volta.

— Depois... Talvez eu tome.

Ele não tinha uma real intenção de tomar aquela droga. Gus sequer era homem de beber, enjoava-se só com o cheiro.

— Como desejar. Aproveitará da melhor maneira.

E deu seu sorriso malicioso. A forma como os lábios grossos se curvavam era muito intuitiva.

O andarilho saiu dali, carregando sua mochila em farrapos em um dos ombros, seguindo Jess. Os dois subiram as escadas velhas, que rangiam de tal forma que chegou a passar pela cabeça da garota que ela desabaria.

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