Capítulo 1

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Ufa! Ao atravessar o corredor do Pronto-Socorro Infantil do Hospital Santa Clara, fiquei feliz por terminar mais um plantão sem grandes intercorrências.

Passei o plantão a Leandro Tavares, um velho amigo e também médico no mesmo hospital em que trabalho. Um bom amigo, como poucos. Me despedi dele e dos outros colegas, peguei minhas coisas em meu armário e saí rumo ao estacionamento.

Delícia ver a luz do dia, com aqueles raios de sol que teimavam sair, apesar do inverno rigoroso que enfrentávamos este ano.

Liguei meu rádio, coloquei meu pen drive e, ao som de uma música bem calma, caí no trânsito de São Paulo. Moro na Vila Mariana e trabalho próximo à Paulista. Não é longe, mas com todo esse congestionamento o trajeto, que deveria durar 30 minutos, leva mais de 1 hora.

Chegando no meu apartamento de três dormitórios, o qual comprei com uma amiga de infância: Paula Regina Salgado, da área de Odontopediatria. Modéstia à parte, moramos muito bem, em um apartamento confortável e muito bem localizado, cujo financiamento ainda pagávamos.

Fui tirando meu jaleco e scarpin brancos, minha calça creme, blusa de seda também branca e um blazer no tom da calça, uma boa chuveirada era o que eu precisava para relaxar. Após o meu delicioso banho, coloquei uma calça de moletom, uma camiseta e o meu adorado chinelinho de pano, que serve de piada todos os dias para a Paula, ao me ver com ele, falando nela, o meu celular vibrou.

— Alô.

— Alô! Doutora Marina, a senhorita não se esqueceu de hoje à noite, não?

— Hoje?????

— Nem brinca, estou há semanas sonhando com essa casa noturna, recém-inaugurada na Vila Olímpia. Você me prometeu, Dona Marina, nem pense em me dar um bolo.

— Ai, socorro! O que você não pede chorando que eu não faço sorrindo, hein Paulinha?

— Eu vou sim, fica tranquila. Acabei de chegar e tomei uma ducha, vou preparar um almoço delicioso e depois dormir um pouco. Prometo que à noite estarei nova em folha para sairmos, ok?

— Ah! Agora sim, sei que essas saídas noturnas não são muito a sua praia, mas, vamos nos divertir, e hoje é tudo por minha conta!

— Que ótimo! Então, até mais tarde. Beijos.

— Até, Má. Beijão. Você sabe que te amo, amiga.

— Eu também, bye.

Ai! Essa Paula, me deixa louca, mas faz tanto tempo que não saímos juntas, acho que vai ser legal.

Fui até a cozinha e, apesar do horário cedo demais, 8 e meia da matina, comecei a preparar o meu almoço: arroz branco e strogonoff de frango com batata palha.

Assim que terminei, uma hora e meia depois, me fartei com a minha primeira refeição sólida do dia. Apesar dos meus horários nos plantões, não costumo ter apetite muito cedo.

Lavei a louça, chequei meus e-mails e fui dormir o sono dos justos.

Acordei com umas batidas na porta, de ninguém menos que Paula. Socorro.

— Calma! Já vai apressada... — Abri a porta e ela quase caiu dentro do meu quarto.

— Marina. Já são 19 horas. Vai hibernar?

— Não sei, se você deixar. — E caí na gargalhada só em ver a cara que ela fez.

— Vai, vamos nos arrumar! — falou ela, toda afoita.

Meu Par IdealWhere stories live. Discover now