A carteira. Pegou o objeto em cima da cama e o colocou em seu bolso. Inspirou profundamente por diversas vezes, o cheiro de flores e docinhos do seu filhote já não era o único ali. O de Louis se sobrepunha, era forte, marcante, mas, ele não sabia a que poderia compara-lo. Algo cítrico, ainda assim doce, era algo... Ele não saberia dizer, não era como nenhum outro que já houvesse sentido. Nem mesmo o de Alex.

Droga, ele já estava comparando os dois. Deu uma bronca silenciosa em si mesmo e voltou ao quarto do ômega.

- Papai! - Amelia exclamou animada quando viu o alfa na porta.

- Hey... - sorriu um pouco sem graça. - Louis, eu posso falar com você um minuto?

O ômega assentiu, levantando-se e deixando Amelia meio confusa, ainda sentada. Harry tinha uma expressão conhecida da menina, "o olhar de bronca" e ela sabia que não devia tentar nada. Os dois foram para os corredores e Louis se sentiu envergonhado, cobrindo o máximo do próprio corpo que conseguiu. Aquele alfa o intimidava sem nem tentar.

- Louis, eu não quero parecer rude, mas, como nós vamos viajar eu acho que você deveria, você sabe, comprar algumas roupas. Roupas novas. É um pouco estranho que você fique perambulando pela casa vestido... - ele fez uma pausa encarando descaradamente o corpo do ômega - ...Desse jeito.

- Não... Err... - apertou os braços em volta de si mesmo - Tudo bem, eu já tinha pensado em algo assim, mas, não tive tempo e, bom, não tenho nenhum dinheiro comigo.

O alfa retirou a carteira do bolso, entregando ao ômega uma razoável quantia em dinheiro, tudo que havia dentro dela na verdade, em torno de seiscentas libras.

- Eu acho que isso deve ser suficiente, entenda como um adiantamento, ok? Você pode ir com a Amelia hoje mesmo, talvez... Agora mesmo. - o ômega assentiu. - Ok. Tudo bem então. Até mais tarde.

Harry voltou ao quarto para se despedir de seu filhote, beijando o topo da cabeça da menina e deixando a casa imediatamente. E somente quando já havia dado partida no veículo percebeu que havia deixado com o ômega uma gorda soma em dinheiro. Um ômega que ele conhecia há, não sei, uma semana? Mas, que diabos.

Foi até a escola de Amelia apenas para informar o motivo da ausência da menina, não foi algo demorado e talvez ele não precisasse fazer, mas, achou melhor dessa forma. Mesmo assim, sempre que se deixava levar, seus pensamentos, ainda um tanto confusos, voltavam para sua casa, com Louis e Amelia. Havia tanta coisa que ele não sabia sobre aquele ômega, mas, de uma coisa ele tinha certeza: ele era capaz de tirá-lo dos eixos, fosse pela forma como tratava seu filhote, fosse pelas curvas pecaminosas e acentuadas. Típicas de ômegas. Típicas de ômegas grávidos.

Louis parecia ter sido perfeitamente moldado para desequilibrar seu precioso equilíbrio. O suficiente para fazer com que o alfa o deixasse sozinho com seiscentas libras e o seu filhote.

Seus devaneios somente foram interrompidos pelo barulho estridente do seu celular.

- Hey Chezz... - o alfa atendeu a ligação mesmo sabendo que não deveria fazê-lo enquanto dirigia.

- Onde você tá? - ela perguntou, parecia aflita, um tanto manhosa ele diria.

- Indo para o hospital, tá tudo bem? - o alfa alarmou-se por alguns instantes

- Sim, tá tudo bem, eu só... Você pode vir aqui em casa, por favor? - a ômega parecia ainda mais dengosa a cada nova palavra.

- Aconteceu alguma coisa? - juntou as sobrancelhas um pouco menos alarmado, mas, ainda desconfiado.

How to save a life ~ ABO ~ l.sOnde histórias criam vida. Descubra agora