Capitulo 5

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Chego em casa nadando em lágrimas, lágrimas estúpidas que não param de descer pelo meu rosto. Encontro a Melissa parada na portaria do nosso prédio com os braços abertos e estendidos pra mim e agradeço por ela ser a amiga que é, e por não fazer perguntas enquanto me ampara rumo ao elevador.

Choro pelo que parece uma eternidade, e a Mel faz carinho em meus cabelos pretos enrolando pequenas mechas em seu dedo. Consigo me acalmar por alguns instantes e então as palavras do João voltam com força total a minha cabeça "você nunca vai arrumar alguém como eu" no fundo eu sempre tive esse medo, por isso sempre evitei brigas e discussões, pois tinha medo de uma briga nos levar a um termino, e a verdade é que odeio ficar sozinha.

Saio de meus devaneios quando percebo que não estou mais chorando e a Melissa esta com um ponto de interrogação em seu rosto, provavelmente esperando a resposta a alguma pergunta que eu perdi.

- Desculpa Mel, mas não ouvi o que você disse pode repetir, por favor?

- Perguntei se você quer tomar alguma coisa enquanto me conta exatamente o que aconteceu naquele apartamento.

- Sim, quero todo o álcool que tivermos nessa casa, isso é possível?

- É pra já gatinha.

- Por favor, nunca mais use essa palavra, me lembra como aquele babaca me chamava quando mentia pra mim.

- Sorry, erro meu, me esqueci que só os babacas estúpidos chamam suas garotas com nomes desse estilo e derivados, como "gata, princesa, boneca..." Ui, sinto um arrepio de repulsa só em pensar que já fui chamada de todos esses apelidos "carinhosos".

Com essa a Mel consegue me arrancar um meio sorriso, em se tratando de namorados, a Melissa tem uma lista infindável de caras escrotos com os quais já saiu. É o que se ganha por trabalhar na noite e dormir durante o dia, pelo menos essa é a explicação dela pra justificar o imã que tem pra caras errados. Enquanto relembramos o top5 de piores encontros dela, ela se levanta e vai buscar uma garrafa de vodca Sky que temos guardada pra ocasiões especiais e eu fico deitada na nossa chaise longue cinza que parcelamos em doze vezes no meu cartão de crédito, mas até hoje é o item que mais nos orgulhamos de ter comprado. Olho pra televisão que esta pausada no seriado preferido da Melissa, Vikings, ainda não assisti, mas vivo prometendo pra ela que irei começar.

A campainha soa alto em meus ouvidos e eu congelo. Olho assustada pra Melissa que para no meio do corredor enquanto equilibra uma bandeja com a nossa vodca e dois copinhos de shots.

- Mel, é ele! - falo bem baixinho.

- Eu cuido disso. - ela fala isso, solta a bandeja com cuidado ao meu lado e sai em disparada para a porta, enquanto eu xingo mentalmente nosso porteiro por tê-lo deixado entrar direto sem o costumeiro aviso.

Para o meu imenso alívio era a Isadora, minha irmã dois anos mais velha. Entrou correndo pela porta e pulou no sofá derrubando a garrafa de Sky no chão, que rolou pelo tapete e estacionou próxima a TV. Me abraçou tão forte que eu fiquei sem ar.

Enquanto eu já enchia meus pulmões de ar me preparando para mais um enxurrada de lágrimas, a Mel veio correndo em minha direção e explicou que quando eu liguei de dentro do carro ainda no estacionamento do João, ela desligou e em seguida telefonou pra Isadora, pois ela não sabia em que estado eu chegara e na pior das hipóteses sabia que eu precisaria da minha irmã ali, pois havia momentos em que somente ela era capaz de me acalmar.

Após vários minutos de abraços e xingamentos ao João, resolvemos começar a beber, dane-se que era terça-feira, pegamos mais um copinho para a Isadora e começamos a virar aquela garrafa, sem piedade.

Após uns seis shots de vodca pura descer rasgando em minha garganta, já estou rindo, grito sem pensar no horário que é, sobre como o João é um filhinho de papai que sempre teve tudo o que queria na mão, e por isso se sentia no direito de tratar todas as mulheres da sua vida como objetos.

Conto às meninas o que ele me disse, sobre ser a melhor coisa que apareceu na minha vida e em algum momento da noite iniciamos um jogo em que cada uma devia criar um palavrão novo e a pior da rodada devia beber mais um drink, não me recordo até que horário durou isso, sei que surgiram novas garrafas de esconderijos obscuros. Lembro que a Isadora fez varias tranças tortas na minha cabeça e na da Mel, e nos sentimos tão lindas que tiramos varias fotos em varias poses. E então tudo ficou escuro, acho cai no sono.

Acordo na manha seguinte deitada no tapete e com uma blusa cobrindo meu rosto, há oito chamadas perdidas no meu telefone, cinco do infeliz do João e duas de um número do Rio de Janeiro que eu desconheço. Ignoro completamente as ligações do João e retorno a do número desconhecido.

Atende uma voz imponente e na mesma hora tenho uma ideia de quem deve ser, o pessoal do concurso de escrita, que eu esqueci completamente na noite anterior. Sacudo a Melissa que esta deitada na poltrona rosa em formato de sapato ao meu lado ao mesmo tempo em que falo com o Sr. Ricardo Lages, o organizador e patrocinador principal do concurso. Ah meu deus, devo estar com uma voz horrível arrastada de bêbada.

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⏰ Last updated: Mar 09, 2017 ⏰

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Perdendo o controle em HollywoodWhere stories live. Discover now