O Garoto e a Garrafa

Capítulo 9

Ele era especial.

E a Galie parecia ser feita para ele.

— E eu já desconfiava que você não era meu tio. Meu pai nunca teve irmãos. Minha vó era infértil e adotou o meu pai, você devia fazer melhor o seu dever de casa — caçoa o jovem com sarcasmo.

Paul estava estático.

Boquiaberto.

Embasbacado.

— Mas de uma coisa você não sabe. — Diz Paul voltando a sua postura.

Ele daria a sua última cartada.

Poderia ser mortal para os dois.

Contudo ele não tinha nada a perder.

E não deixaria ser vencido por um principiante.

Nunca.

— Não foi o pai da sua amada que matou a sua mãe, isso é o que todos pensam, inclusive ele. — diz e dá uma pausa. — Depois de eu assassinar a sua mãe, ela estava com a Galie nas mãos e fez um último desejo; que todos pensassem que quem a havia matado era o pai da Selena. Ninguém iria desconfiar, até porque ele fazia parte dos caçadores de tesouro, e ela sabia que você desde pequeno já amava a Selena, e essa seria uma forma de te afastar dela. Sua própria mãe sabia que o amor era uma fraqueza, e você mais que ninguém também deveria saber disso — diz Paul revelando tudo que havia guardado desde o assassinato de Suzanne. — Eu a amava, mas ela preferiu o bad boy, o seu pai. O homem que todas as mulheres queriam, e então ela me largou e fugiu com ele, não sabendo que anos mais tarde eu iria atrás deles por vingança e descobriria que além de me abandonar, ela tinha tido um filho, com ele — diz segurando as lágrimas.

Selena ouvia tudo da porta do banheiro, e agora ela sabia que a mãe do Mike tinha razão, ela sempre iria traí-lo para protegê-lo​. Ela era fraca quando se tratava do Mike.

Segurou as lágrimas e fugiu pela janela do banheiro, para lugar nenhum.

— Eu assassinei-a e seu pai não fez nada. Sabe porque? Porque ele sempre foi um fraco e nunca valorizou a família, diferente de mim! Se ela tivesse voltado para mim, eu a perdoaria e criaria o filho de outro homem, só por ama-la — diz não aguentando e liberando as lágrimas.

Mike tocou na garrafa e desfez o pedido da sua mãe.

Sua mente se abriu e logo a verdade veio.

Paul havia matado a sua mãe por ama-la e ser traído.

Depois que sua mãe desejou que todos acreditassem que o pai da Selena a havia matado, a Galie desapareceu de suas mãos e foi parar no mar.

Até o dia em que o Mike a encontrou.

Tudo isso a garrafa mostrou para ele.

Por um rápido flash back.

— Seu desgraçado! — grita Mike saindo do seu estado de inconsciência e abrindo os olhos. — Você só me ajudou porque sentia culpa! Sentia culpa por ter matado ela só porque ela não te quis! Você tem problemas mentais, por isso que ela não quis ficar com você. Você é um lunático — diz enquanto levanta-se totalmente curado.

Paul tentou levantar, contudo estava paralisado na cadeira, pelo pedido do Mike.

— Parabéns. Você vai ficar trancado nesse apartamento para sempre, e não se preocupe, você vai comer todo dia a mesma comida, vai assistir ao noticiário e ver que não pode fazer nada. Esse é o mínimo para o que você fez — sentencia enquanto sai e a porta se fecha atrás dele.

Paul levantou-se e tentou abrir, porém a sua sentença já estava lançada.

Passar a eternidade no seu imundo apartamento.

Ele estava mais do que nunca arrependido.

Arrependido de ter contado toda a verdade.

— Não! Não, não! — grita batendo na porta. — Me deixe sair daqui! — gritava enquanto batia incessantemente na porta.

Mike abriu um sorriso enquanto passava pelo corredor calmamente. Desejou que ninguém ouvisse os gritos do Paul.

Uma nova era estava chegando.

E Mike iria impo-la da sua maneira.

E ele já sabia quem era o próximo alvo.

Selena Martin.

A traíra.

A mentirosa.

E a garota que o havia deixado no momento em que ele mais precisava, novamente.

E ainda fugiu pela janela do banheiro.

Ela iria sofrer as consequências dos seus atos.

Um por um.

Até não sobrar mais nada e Mike passar para o próximo.

— Me aguarde para o acerto de contas, Selena — diz passando pela porta do condomínio que se fechou atrás dele. 

Ele usaria os poderes do jeito que quisesse e ninguém o impediria.

Não mais.