Capítulo Três

227 49 206
                                    

Ana e eu entramos primeiro e aguardamos nossas bagagens de mão passarem pelo raio x

Ops! Esta imagem não segue as nossas directrizes de conteúdo. Para continuares a publicar, por favor, remova-a ou carrega uma imagem diferente.

Ana e eu entramos primeiro e aguardamos nossas bagagens de mão passarem pelo raio x. Olho para o guichê ao lado e percebo que Babi está novamente cheia de assunto com o tripulante de aparência hispânica.

Nossas bagagens são liberadas e Ana me tira do transe.

— Vem Beta. Cadê a Babi?

—Bem ali. —aponto com a cabeça enquanto tiro minhas coisas de cima da máquina.

—Temos que dar um crédito para a Japa, dessa vez ela não teve culpa mesmo. O cara já está aqui. Gamou na garota! —pondera Aninha.

Um som alto de orquestra de frevo ecoa do lado de fora da embarcação e algumas pessoas se amontoam na porta e na escada para espiar o que está acontecendo lá embaixo. O evento atrapalha o processo de entrada e o tripulante que antes estava "só sorrisos" para Bárbara precisa se despedir para reorganizar o acesso.

Finalmente ela percebe que estamos aguardando-a e nos alcança atordoada.

— Vocês não vão acreditar! — Ela sussurra.

— Em quê? Que o rapaz está caidinho por você? — Ana zomba e sorrimos, menos a Bárbara.

— Não, suas fofoqueiras de língua grande! Aquele ali não é o Daniel, ele é o Dante. Irmão gêmeo do rapaz que vocês conheceram lá embaixo e igualmente interessante!

No mesmo instante Ana para e segura Bárbara pelo braço.

—Você está brincando, dose dupla?! — Aninha contesta.

— Não estou, pergunta lá o nome dele. — Babi responde com uma cara cínica e continua andando — Vem cá, vocês viram que coisa estranha? A organização do porto falhou feio colocando essa orquestra de frevo no fim do horário de embarque! A gente nem conseguiu aproveitar a despedida do nosso carnaval... — critica mudando de assunto, trocando o foco dos rapazes para o carnaval, jurando que nunca percebemos quando faz isso!

Entro no novo assunto e olho para a Ana. Em cumplicidade, resolvemos falar uma verdade escondida sobre o nosso embarque antes que ela descubra por conta própria.

— Então Babi... — começo enrolando.

— O embarque só termina às 17h e o navio só sai às 19h. — diz Ana sem rodeios.

— Mas vocês disseram que o horário era até as 14h... — Bárbara para de falar ao perceber que mentimos porque ela sempre atrasa — Vocês são muito sacanas, sabiam?! Perdemos de dançar "Vassourinhas".

— Acontece que hoje é quinta e sábado sai o Galo da Madrugada, Babi. O trânsito aqui no Recife Antigo muda todo e não podíamos correr o risco. Agora já deu e já estamos aqui dentro, tá certo?! Vamos aproveitar o que o Cruzeiro tem a nos oferecer. — Ana diz e cessa qualquer margem de discussão.

— Olá, boa tarde. Bem-vindas ao Cruzeiro de Carnaval do Navio Precious Pearl. Eu sou Priscila, gerente de Cruzeiro dessa embarcação. Qual o número da cabine de vocês? — pergunta-nos uma moça loira no hall de entrada.

— Oi Priscila, nossa cabine é a 4078. Como encontramos? — pergunto.

Enquanto estou interessada em compreender as coordenadas da moça, as meninas estão tirando selfies e falando sem parar ao meu lado sobre a beleza e o luxo do local. Pelo visto elas realmente não pesquisaram nada antes de sair de casa. Sempre assim...

Um camareiro é designado para nos acompanhar até a cabine e ensinar o caminho com mais precisão. Descemos algumas escadas e andamos loucamente em vários corredores sem fim.

— Aqui, cabine 4078. — Ele nos mostra como abrir a porta e sai.

Ainda do lado de fora olho para o interior do local que dormiremos, coço a cabeça, olho para as meninas e torno a observar nosso novo "quarto" por uma semana.

—Gente, acho que tem alguma coisa errada com nossa cabine! —Ana fala discretamente.

Sei que não tem, mas compreendo o problema.

—Ei, acho que isso aqui foi feito para duendes! — Babi entra reclamando. — Sério que vamos passar uma semana dentro dessa lata de sardinha? Cadê a janelinha redonda que vê o mar? E a varanda com espreguiçadeiras para tomar sol?

—Bárbara, você está assistindo muito filme. Isso aqui é a realidade, meu amor. É o que nosso bolso pode pagar. Te contenta! —digo e foco na Ana. —Não tem nada de errado aqui, Ana.

— Claro que tem, só tem duas camas. — Ana diz calmamente. — Eu sabia que tínhamos comprado categoria inferior e interna. Isso obviamente significa que não teríamos janelas, mas pensei que tinham falado em quatro camas.

—Pelo amor de Deus, me digam, estamos no porão do navio, é isso?! — Babi fala enquanto gesticula freneticamente, sinal que está nervosa.

—Bárbara, deixa de drama, tá legal?! Não pira que o nome disso é fescura. — ralha Ana — Se brincar, o seu quitinete tem quase o tamanho desse quarto!

Enquanto as duas conversam entre procurar pelo Jack de Titanic no porão do navio e o fato do banheiro não ter Box de vidro e sim cortinas, eu observo melhor o local. Encontro uma placa enorme acima de uma das camas e por curiosidade percebo que ela é móvel. Puxo-a para baixo e eis que surge outra cama de solteiro. Mas que maravilha! Examino o lado oposto e acima da outra cama de solteiro vejo outra placa, ou seja: a quarta cama que faltava.

— Ei reclamonas, achei as camas. — digo e espero-as saírem do minúsculo banheiro.

—Estavam onde? Dentro do armário? — Bárbara brinca.

— Não, elas são móveis, olha! — faço a demonstração do que descobri.

— Temos dois beliches, já estou menos preocupada. Fiquei pensando seriamente onde deixaríamos nossas bagagens quando chegarem. — Ana admite — Podemos apoiá-las em uma cama de baixo e alguém dorme na cama de cima.

— Eita, sabe que eu nem tinha pensado nisso?! — Bárbara confessa.

— É nada... ­— zombo

— Bem, já estamos oficialmente dentro do navio, temos um quarto, faremos um cruzeiro e eu até já arrumei dois paqueras. Suspeito que o tempo que passaremos aqui dentro dessa casinha de hamster será irrisório,vamos começar com as atividades? — Babi fala enquanto caminha para a porta.

Esse é o convite que esperávamos inconscientemente para explorar tudo que o ambiente será capaz de nos oferecer durante sete dias e seis noites. Antes de sair lembro-me de um detalhe importante e que não podemos deixar passar, chamo-as de volta e retiro um papel encardido e estampado com florzinhas lilás e amarelo do bolso da minha calça.

— Alguém tem uma caneta fácil? — pergunto.

Ana coloca a mão na bolsa e me entrega o objeto que pedi.

— Quem quer riscar primeiro? — pergunto enquanto abro a lista com os dez desejos que escolhemos aos treze anos e finalmente começamos a realizar.

— Quem quer riscar primeiro? — pergunto enquanto abro a lista com os dez desejos que escolhemos aos treze anos e finalmente começamos a realizar

Ops! Esta imagem não segue as nossas directrizes de conteúdo. Para continuares a publicar, por favor, remova-a ou carrega uma imagem diferente.
Os Melhores Dias de Nossas VidasOnde as histórias ganham vida. Descobre agora