01- LUCCA PARKER PAI

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                                                                             O PEDIDO

          Acordo com o rosto do meu enfermeiro me olhando preocupado,do meu outro lado esta a  funcionária mais velha da minha casa, e também aquela que tem feito o papel de mãe na vida do meu filho,olho no seu rosto e vejo seus olhos vermelhos e não preciso lhes perguntar nada para saber que eu tive aquelas convulsões de novo,quando o meu médico me contou sobre elas ,eu optei por não contar nada nem a ela e muito menos ão meu filho,mas de alguma forma todos eles já sabia e até o meu motorista havia sido orientado sobre o que devia e o que não devia fazer quando isto acontecesse,aquela velha sensação de impotência que tem me acompanhado desde que recebi aquele diagnóstico bate com força,mas que merda ,será que não vou aguentar muito tempo mesmo?poxa vida eu havia planejado quase tudo na minha vida,desde meu casamento e a época certa para termos nosso filho,mas será que eu não vou conseguir realizar mais este sonho?eu queria tanto conhecer  a mulher que vai me dar um neto,pelo menos um neto,queria estar no  casamento dele e leva-lo até o altar como era a tradição,minha vida não havia sido nada fácil ,até que ainda muito jovem  sai de casa e decidi mudar minha história,naquele dia depois que voltei do enterro da mamãe e o encontrei bebendo eu peguei minhas velhas roupas e meus documentos e colocou os pés na estrada,mesmo tendo passado por tantas coisas ruins,fui abençoado  e muito feliz,me casei com a mulher que amei e ainda amo,tenho um filho que é um grande homem,mas desde a morte dela tenho vivido sozinho,e  agora que vejo chegar a  hora de me reunir a ela  eu descubro que ainda não estou pronto para deixa-lo,viro o rosto para janela e uma lágrima solitária escorre pelo canto dos meus olhos,sei que os dois  ainda estão no quarto  a espera de que elas aconteça de novo,a minha ordem era de não incomodar meu filho se fosse somente um episódio, e se ele não esta aqui, é porque fui obedecido,maldito tumor,esta  lembrança me leva até aqueles dois meses de internação forçada a três anos atrás.

           Aquele dia havia amanhecido lindo e com certeza também seria mais um de tantos outros  ensolarados ao longo dos meus cinquenta e quatro anos de vida,o despertador havia feito o seu trabalho e eu o desliguei enquanto saia da cama correndo para o banheiro,depois de colocar meu terno completo e me certificar de que minha barba e meus cabelos estava devidamente penteados, peguei a maleta, o celular e desci as escadas da minha mansão praticamente correndo enquanto gritava a Dulcie,eu nunca havia chegado atrasado na minha empresa e hoje não seria diferente,se eu cobro  e exijo pontualidade dos meus funcionários e olha que não são poucos,então tenho que lhes dar o exemplo. 

-----Dulcie já fez minhas panquecas?hoje eu vou querer uma de goiabada também ,e nada de me dar sermão outra vez ,deixa isto para aquele chato do Marcondes,que tem feito isto brilhantemente todas as vezes que vou lá naquele consultório.

-----Bom dia Senhor Lucca,sim eu já fiz suas panquecas, e bem sabes que tenho ótima memória,uma vez por semana e todas as quartas feiras,ai esta ,e sim espero mesmo que aquele santo médico  lhe passe um bom sermão,até que desta vez , ele   esta durando mais,os outros o senhor os deixava de lado rapidinho.

-----Isso é que dá ,ficar com funcionário por tantos anos na casa,eles acaba se sentindo da família e pensa  que pode chamar atenção do patrão.

Ela sai bufando e visivelmente brava por eu ter lhe falado assim, e de certa forma eu a entendo, primeiro ela havia a babá do meu filho,  e era com certeza a figura mais próxima de uma mãe que ele tinha,e mesmo eu sabendo o quanto os dois se amava ,eu nunca pude aceitar que ele a chamasse de mãe,não na minha frente,nossa já havia se passado vinte e oito anos que ela havia morrido, dois meses  depois de dá a luz ao nosso filho,aquela lembrança me fez perder o apetite e sequer toquei na panqueca,  arrastei a cadeira e corri para meu carro,no caminho  vou respondendo ao bom dia dos meu seguranças e de outros funcionários,dispensei  o motorista e decidi ir  dirigindo,adorava fazer isto e sempre que podia me dava este pequeno prazer,sai de casa dirigindo devagar e apreciando a bela estrada particular que dava acesso a minha mansão,pelo retrovisor eu vejo  a imponência de uma bela casa de três andares,toda branca com pilares brancos e detalhes em cinza escuro,janelas tão altas que possivelmente poderia ser confundida com portas,quando entrei na movimentada rodovia liguei o som e acelerei,duas horas depois estacionei no subsolo da minha empresa,se eu soubesse que seria a última vez que estaria dirigindo,eu com certeza não teria ido para empresa e teria ficado o dia todo rodando de carro por ai,depois de dar um bom dia para o segurança, entro no meu  elevador particular e  rapidamente chego na minha sala, e vejo que  na minha mesa  havia muitos relatórios e memorandos para eu ler e depois assinar, ou apenas dar meu parecer ,horas depois eu chamo minha secretária e lhe entrego tudo de volta,ela já sabia o que deveria ser feito,a manhã havia passado muito rápido e minha cabeça havia começado a doer de novo,parecia que dentro dela havia um reloginho que avisava a hora errada para doer,digo errada, porque  ultimamente tem  sido  sempre durante meu almoço ou algumas horas antes,e foi  lá no piso da  lanchonete, que os paramédicos foi me buscar depois de eu ter tido uma espécie de convulsão e caído desacordado,o pânico de todos os executivos , só não tinha  sido maior, porque depois ,eu fiquei sabendo que um jovem, que havia sido contratado para o cargo de jovem aprendiz assumiu o comando da situação e ligou para  o socorro médico,e lá naquele hospital onde meu médico trabalhava, eu havia ficado mais de sessenta dias sendo uma cobaia de equipamentos, e radiografias e todo tipo de exame que se possa imaginar,eles me virarão de cabeça para baixo enquanto procurava a causa do desmaio,tudo de ultima geração,o melhor que o dinheiro podia pagar é claro,e os xeretas havia encontrado,então  quando a equipe toda entrou no meu quarto e me disse que eu tinha um tumor na cabeça grau um, e que eu devia comunicar meu filho e depois me submeter a uma cirurgia para extirpação daquela coisa,o chão se abriu sob meus pés ou melhor sob aquela merda de cama,logo de cara eu disse tudo bem pode marcar a cirurgia e somente depois de operado eu vou contar a ele,mas daquela vez eu não tinha o controle nas minhas mãos,e quando recebi alta fui direto para casa e lá estava meu  filho me esperando abraçado a sua mãe de coração,ai o medo de não vê-lo mais me dominou e eu desisti da cirurgia,passei a presidência das minhas empresas para ele que depois de se recuperar do choque ,me pediu dois meses para voltar para a Inglaterra e sair do seu emprego, eu estava tão aéreo que nem me dei conta, de que meu único filho e herdeiro de uma das maiores fortunas do Pais,estava trabalhando em outro lugar,e desde então eu  havia ficado em casa sob os cuidados do Marcos e da Dulcie que mais parecia um cão perdigueiro,nada escapava de suas vistas,ela dava conta de cuidar da casa,fazer a contratação e  o pagamento de cada funcionário,mas fazia questão de cozinhar e ainda sobrava tempo para xeretar em tudo que o enfermeiro estava fazendo ,se bobeasse ela daria o meu banho também,então a voz do Marcos me trás de volta para este quarto.

CANDIDATA  Á  NOIVAOnde as histórias ganham vida. Descobre agora