- Essa história com a Mel mexeu com todo mundo, vai ser difícil pra gente virar essa página.

- Murilo quer que ela faça terapia. – ela fazia círculos no meu peito com o dedo indicador.

- Já devia ter começado, é muito pra qualquer pessoa lidar.

- Ele disse que faz com ela também.

- Eu tenho insistido com ele sobre isso. Cara, eles perderam uma filha! Eles já deveriam ter procurado ajuda há muito tempo.

- Não gosto de ver os dois desse jeito.

- Aqueles dois se amam, eles vão se consertar.

- Mais isso acaba com qualquer convivência. A Beca não fala de outra coisa e não aceita ceder enquanto que o Murilo quer puxar o freio.

- Parecem com a gente alguns meses atrás, a gente se acertou, eles se acertam também.

- Mas isso é em proporção muito maior, Bonito. – protestou.

- Eu sei, mas não quer dizer que eles não podem se acertar também. – meu otimismo era mais pra acalmá-la, eu sabia o quanto aquela situação era delicada.

- Eu devia fazer alguma coisa, eu sou amiga dela, né.

- Você já faz tudo que pode.

- Talvez eu deva dizer que ela não sabe o que é melhor para a Preta, talvez eu deva ficar ao lado do Murilo nessa, quem sabe assim ela não ouve.

- Mais do que a Preta quem precisa de ajuda é a Beca, Bonita, não vai ser com todo mundo contra que ela vai ficar melhor.

- E o que eu faço?

- Continua fazendo o que você sempre fez. Ela precisa da amiga dela, ela já perdeu uma filha não dá pra perder você também.

- Amo você. – me disse em tom de agradecimento.

- Também amo você, Bonita.

- Agora arruma meu café?

- Com prazer. – sorri com a exigência em forma de pergunta, eu sempre arrumava o café pela manhã, o tempo dela era muito mais corrido do que o meu e eu gostava de ir pra cozinha por ela.

Beijei a boca dela antes de me levantar da cama, ela continuou lá ainda com cara de quem não tinha certeza se estava acordada ou não.

Eu estava de costas quando ela chegou à cozinha, me abraçou por trás, as mãos pequenas no meu peito, o calor dela em mim.

- Achei que eu ia ter que levar o café na cama pra você.

- Até que eu queria, tá cedo demais pra eu sair da cama em um domingo, mas fiquei com saudades.

Beijou minhas costas.

- Eu amo essa casa, amo essa cozinha e amo você nela. – me disse suspirando.

- Uma bela mudança de opinião em tão pouco tempo, meses atrás você não queria nada disso.

- Só Deus sabe o quanto eu estava errada.

- Eu também sei.

- Obrigada por ter quisto isso comigo. – agora de frente pra mim fazia um gesto com as mãos que mostrava o nosso redor.

- De nada. – sorri convencido. O dia que ela me ligou propondo comprar esse apartamento foi um dos dias mais felizes da minha vida, mesmo eu tendo dito que aceitava esperar até que ela estivesse pronta pra dar esse passo eu esperava era por aquele telefonema.

Nem dois meses depois a gente já tinha juntado as trouxas e vindo pra cá, a escova de dente dela perto da minha. Não fizemos grandes reformas no apartamento por isso só demoramos o tempo da decoradora fazer seu trabalho de mobiliar e decorar. Desde então eu vivo em uma constante lua de mel.

Amanda - livro trêsWhere stories live. Discover now