CAPÍTULO 12 - GISELLE

53 8 1
                                    


- E como estão as aulas? – a voz rouca de Adam, do outro lado da linha, fez com que eu sentisse falta de nossos passeios e encontros diários. Vê-lo trabalhando de dia e estudando a noite, fazia-me ficar mais sozinha do que nunca.

- Vão indo... – disse, enquanto engolia metade de um cookie com gotas de chocolate.

- G, você está indo a todas as aulas, não é? – perguntou ele, preocupado.

Eu não havia contado ao Adam do que havia acontecido semanas atrás, não queria preocupa-lo com o meu surto suicida, e pedi ao Julian para não dizer a ninguém o que tinha acontecido. Era melhor assim.

- Adam! Não precisa se preocupar comigo. – falei. – Estou indo para as aulas normalmente e, até voltei a fazer sessões com o psicólogo.

Nenhum som foi emitido por um momento.

- Eu já sei disso.

Soltei a metade que sobrara do cookie na cama.

- Como você sabe disso? Eu ainda não...

- O Julian me contou. – prosseguiu ele, deixando-me corada. – Que bela amiga você é, hein! Nem para me contar que está fazendo sessões com um psicólogo novo...

- Foi... Foi só isso que o Julian te contou? – perguntei, ansiando por sua resposta.

Ele assentiu.

- Eu só espero que a senhorita me conte as coisas. – falou ele. – Me sinto rejeitado... Acho que vou me mudar para o seu prédio! Aí parece ser mais legal que a casa da minha avó.

        O Adam é de família italiana, ele sempre viveu com a família e cresceu sendo mimado por todos que o rodeavam, embora fosse o irmão mais novo de três filhos, foi o primeiro que conseguiu ir para a faculdade por méritos próprios e com bolsa integral. Ele decidiu se mudar para a casa da avó quando começou o curso, pois era mais perto do campus – e da minha casa. Embora, sua mãe esteja todos os dias o paparicando e o visitando, sinto que ele deseja por uma vida mais animada. A vida que ele nunca teve, visto que sempre foi nerd e cresceu lendo livros e mangás. Adam era o exemplo perfeito de garoto modelo, ele não fazia nada de errado, e as poucas vezes que ele ficou bêbado, foi com cerveja e licor. Depois de um tempo convivendo com pessoas distintas da faculdade, Adam descobriu que amava ir em baladas e curtir as poucas horas que tinha livre para curtir, e isso desencadeou mais desejos de conhecer o mundo em seu coração, mas o medo e a reprovação da família o prendem a fazer a coisa mais rebelde que pode fazer: ficar bêbado numa balada a duas quadras da sua casa.

- Sim, Senhor! – disse, formalmente. – Vou reportar tudo o que acontecer comigo, Senhor!

- Acho bom. – ouvi sua curta risada do outro lado da linha. – Ah, você sabe se o Julian está no apartamento dele?

- Não sei... Por quê?

Julian e Adam haviam-se tornado muito próximos nos últimos dias. Às vezes que Adam veio ao meu prédio, foram apenas para ver Julian e me dar um "oi" rápido. Estava com medo do que ambos podiam fazer mancomunados.

- Queria saber se ele já comprou a nova extensão de Fantasy War, soube que liberaram os neflins da montanha e o reino de lava negra. Pede para ele vir até a loja de quadrinhos... Não, melhor! Diz para ele que vu a noite no apartamento dele, assim podemos jogar.

- Achei que você vinha para cá hoje, lembra que a gente ia fazer a noite do filme? Já faz meses que não fazemos isso.

- Ah! Verdade! – disse ele. – G, você pode chamar o Julian também? Ia ser legal assistirmos com ele.

O Diário de GiselleWhere stories live. Discover now