Capítulo único

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Os policias gritavam pelos auto falantes do rádio. Havia choro e desespero na TV enquanto eles listavam todos os mortos. 46 ao todo.

E, ao se lembrar que, entre essas 46 pessoas estava May, ele começa a se questionar. Ele não consegue acreditar. Simplesmente não era como se pudesse ser possível—ele só não sabia ainda se não acreditava na morte dela, ou no fato de tê-la deixado morrer. Tudo seria tão diferente caso ele não a tivesse deixado sair de casa naquela manhã, se ele tivesse conseguido fazê-la faltar ao trabalho. Eles teriam ficado na cama assistindo a TV ou sairiam para tomar sorvete na sorveteria perto da casa deles. Agora, ele estava sozinho naquela cama imensa do qual dividiu por tanto tempo com May, o lado dela completamente intacto.

Zayn fecha os olhos e respira fundo. A TV foi parar no chão. O rádio, em pedaços aos seus pés. O quarto ficou silencioso depois do ataque, apenas sua respiração pesada tomava conta do lugar. Ele tentou vê-la em sua mente, talvez pensar nela ajude aquela dor horrível a passar—mas ele não consegue ver nada mais que um esboço do rosto delicado de May, os cabelos castanhos e o corpo pequeno. Zayn se desespera. Ela está indo embora mais rápido do que ele achou que seria. Não me deixe ir, Zayn, May pediu, como se sussurrasse ao pé de seu ouvido. Ainda era a voz aguda dela. Ainda era a sua May. Não me deixe ir, Zee.

Ela sorria para Zayn. Maliciosa, May o empurra para a cama e esperou que ele se acomodasse. Depois, nunca desviando dos olhos de Zayn, começa a tirar seu vestido cor pêssego. Ela já não parecia mais um esboço. Parecia tão real como sempre foi. Zayn queria tanto tocá-la... Ele esticou o braço e ela havia sumido.

Mas ele pisca novamente e de repente May o estava puxando para o banheiro de uma festa chique. A porta fora trancada e ninguém pareceu notar a sua falta. Ela o prensa na parede, o cabelo castanho em seu rosto. Ele queria poder tirar aqueles fios de seu rosto, mas apenas ela pode tocá-lo.

A respiração falhava pelos beijos agressivos. Não me deixe ir, amor, sussurrou ela, e agora há só a escuridão do quarto. Não me deixe ir, não me deixe ir, não me deixe ir. Está tudo girando. A voz dela não para de gritar. Barulhos, sussurros, lágrimas.

Não me deixe ir, e de repente Zayn está em outra festa. Menos iluminada e mais barulhenta, mas não escura o bastante que ele não consiga ver May com seu curto vestido cor pêssego e nem barulhenta demais que ele não consiga ouvir alguns babacas falarem do corpo de sua garota. O sangue de Zayn ferveu, e minutos depois era o sangue daqueles caras que estava em suas mãos. Eles já estavam inconscientes, mas Zayn não conseguia parar. Ele ouvia May gritar, mas nem mesmo isso fazia com que ele parasse de fazê-los sangrar. Não me deixe ir, não me deixe ir.

De volta ao quarto escuro, ele cobria os ouvidos com as mãos, mas era a vez dela não parar. Não me deixe ir, não me deixe...

Zayn a ajudava a tirar o curto vestido de cor pêssego. As mãos dele sangravam e manchavam o tecido, e ela não parava de gritar não me deixe ir, não me deixe... Ele volta ao banheiro da festa chique e tudo está pegando fogo. Não me deixe ir.  Ele continua batendo nos babacas e tudo pegava fogo. Não me deixe ir, ela gritava. O seu corpo pegava fogo em cima do de Zayn, mas ela não parava de gritar. Não me deixe ir, não me deixe ir... Ela está virando um esboço novamente. No banheiro da festa chique, na balada, no quarto. Não me deixe ir. Os gritos estavam ficando cada vez mais longe. Não me deixe ir, Zayn, os borrões sumindo. Não me deixe ir, amor, gritou num sussurro agonizante, mas já era tarde demais. Quando Zayn percebera, May já havia ido embora.

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pequeno but bem esquisito ne?
especialmente para as leitoras de MPM q me deram 1k de vizus lá e me deixaram felizes pra caramba ☆☆☆☆♡
sério gente eu n consigo parar de pular. alguém me belisca znwkxbsi BJ tchau ♡♡♡♡♡

Cruel ; oneshotOnde as histórias ganham vida. Descobre agora