- Eu não me acredito que vais andar a fazer uma pesquisa com o zombie do teu ex-namorado. - o rapaz fala. - Ainda por cima em casa dele.

  Pego no papel e guardo-o no bolso do meu casaco. A Elena entregou-mo na viagem de volta à Academia e nele está contida a morada da casa do Cameron - o sítio onde vamos nos encontrar para fazer o que o Thomas chamou de pesquisa.

  Ainda que a ideia de estar em casa do Cameron não me agrade, sempre é melhor do que no palácio ou em qualquer outro sítio onde os membros do conselho nos possam vigiar enquanto trabalhamos.

- Pensava que ele era um fantasma. - brinco.

  O Thomas sorri, percebendo a sua falha.

- Ainda estou a averiguar isso. - pisca o olho.

  Encolho os ombros, depois de beber um pequeno gole de água.

- Nós precisamos de um sítio calmo onde não estejam pessoas para nos chatear. - continuo. - No palácio os membros do conselho iriam estar sempre em cima de nós. Para além disso ele quer...

- É! - interrompe-me. - Eu tenho a certeza que ele quer...

Encaro o rapaz que continua a comer sem olhar para mim. Reviro os olhos e continuo.

- Ele quer que isto se resolva o mais depressa possível. - falo um pouco mais alto, para que o Thomas perceba que não é nada do que ele está a pensar. - E não posso negar que também o quero.

  O Tom preparava-se para responder, provavelmente iria fazer alguma piada e gozar com a situação, quando um rapaz o interrompe.

- Olá! - diz quando chega perto da mesa, sentando-se na cadeira ao meu lado.

  O rapaz trás um grande sorriso nos lábios. O seu cabelo parece ter saído de um anúncio de shampoos e os seus olhos encaram-me como se fossemos amigos à muito tempo. 

- Olá... - respondo. Olho de relance para o Thomas, que encolhe os ombros.

  O rapaz ao meu lado sorri e continua.

- Eu gostava de saber se estás livre sábado à noite.

- Desculpa? - pergunto.

- Então... - ele coloca um dos seus braços em cima da mesa de madeira e tilinta com os dedos na mesma, reproduzindo uma música irritante. - Nós temos autorização para sair ao fim de semana. Queria saber se querias ir a algum sítio. - fala despreocupado, enquanto se aproxima cada vez mais.

  Encaro o rapaz que me encara de volta. O seu sorriso diminuiu, e neste momento parece mais arrogante. 

- Se não queres ter problemas acho melhor que te ponhas a andar. - o Tom intervém. Ele coloca a mão no ombro do rapaz, apertando-o.

  O rapaz volta-se para o Thomas e dá-lhe um soco na mão.

- Eu acho que ela tem boca para falar. - fala entre dentes.

  O Thomas solta um pequeno sorriso e encara o rapaz com os olhos semicerrados. Ele vira-lhe as costas por breves segundos e quando volta a virar-se, e num movimento rápido, pega na faca que se encontrava ao lado do seu prato, e prende o braço do rapaz à mesa, pela manga da sua camisola.

- E tu parece que não tens ouvidos...

  Ainda que se esteja a esforçar muito para não o transparecer, o rapaz assustou-se com a atitude do Thomas. Mas afinal, quem é que não se assustou? Eu pensava que ele ia matar o rapaz...  Mas que raio foi aquilo afinal?

- Qual é a tua meu? - o rapaz pergunta retoricamente, enquanto tenta inutilmente retirar a faca que, ao que parece, ficou de tal maneira cravada na madeira da mesa, que parece que não quer sair.

The Guardian - The Discovery of a New World (Livro 2)Where stories live. Discover now