Capítulo 7

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Pisco os olhos confusa e tento me lembrar onde estou. Ah sim, na casa de Anthony. Mas estou sozinha na cama. Chuto os lençóis para fora do meu caminho e levanto, as pernas ainda trêmulas por causa da maratona de orgasmos. Céus, o que foi isso? Estou exausta! Procuro pelas minhas roupas e as encontro dobradas sob uma poltrona creme na lateral do quarto. Quando estou vestindo-me noto que, um pequeno tecido vermelho que um dia já chamei de calcinha está destroçado. Ótimo, vou embora sem calcinha! O quarto possui um closet quase de seu tamanho, mas está vazio, o que só confirma minhas suspeitas: esse não é o quarto de Anthony. Vou ao banheiro que é, provavelmente, maior que o meu quarto, para conferir minha aparência que não deve estar das melhores. O banheiro possui uma jacuzzi preta redonda com hidromassagem, que me deixa tentada a tomar um longo banho de banheira. Há duas pias, ambas com diferentes designs. Meu rosto está corado e meus olhos muito brilhantes. Meus lábios, no entanto, não estão inchados nem avermelhados. Anthony, novamente não me beijou. Fodeu-me enlouquecidamente em uma varanda, mas não me beijou. Ainda intrigada, pego minha bolsa e deixo o quarto. No corredor, há duas portas à minha direita e uma à minha esquerda, essa um pouco mais afastada. Esse deve ser o quarto de Anthony e mesmo estando curiosa, desço as escadas sem espionar. Não o vejo em lugar algum, mas na esquerda da escada há uma porta de madeira elegantemente polida. Acredito que deve ser o seu escritório, então caminho até lá. Cogito abrir à porta sem bater, mas uma insegurança repentina me assola, fazendo-me optar por bater. Antes que eu o faça, no entanto, a porta se abre e uma loura estonteante atrás de Anthony, me encara com a mesma surpresa que eu encaro ela. Ambas, o fitamos esperando uma apresentação.
— Antonella, essa é Yasmine. Yasmine, essa é Antonella, uma velha amiga. — Ele diz, obviamente, constrangido. O que me leva à crer que eles tem, ou já tiveram, algum envolvimento. Ele tem os cabelos úmidos do banho e veste uma camiseta preta e jeans desbotados. Está cada vez mais difícil para mim, lidar com a sua beleza. Ainda mais depois de hoje.
— Prazer, Yasmine. — Antonella estende à mão muito bem cuidada na minha direção. Estendo à minha, igualmente, bem cuidada.
— O prazer é todo meu. — Minha voz soa acidentalmente sarcástica, e o seu aperto na minha mão se intensifica. Ela tem os olhos azuis escuros, e veste um vestido vermelho justo na altura dos joelhos. Seus cabelos loiros curtos, estão perfeitamente alinhados. Muito diferente dos meus, que estão rebeldes e volumosos. Mas, se ela e Anthony já foram amantes, como acredito que foram, ela deve saber como ele é capaz de deixar uma mulher. E está óbvio que fui deliciosamente, fodida. Antonella é um pouco mais alta do que eu, porém não me intimida nenhum um pouco. Também intensifico meu aperto e vejo em seus olhos uma ameaça velada. Ela o quer, nutre sentimentos por ele. Azar o seu, baby!
— Acordei e não vi você. — Murmuro soltando sua mão e virando-me para Anthony. Ele me olha confuso, em seguida, dá um meio sorriso.
— Eu precisava trabalhar, um pouco. — Anthony fecha a porta de seu escritório e caminha em direção à sala. Antonella o segue, como um cachorrinho abanando o rabo. Ela lança pra mim um olhar fulminante sob o ombro. Eu sorrio e mando um beijinho, fazendo-a pisar duro no piso espelhado. Droga, não quero pisar naquela sala, com aquele maldito lustre zombando de mim.
— Por que está parada, aí? — Anthony arqueia as sobrancelhas, interrogativo. Nem morta vou dizer na frente dessa vaca, que não vou à sua sala porque tenho medo de lustres.

— Eu já estou de saída. — Murmuro, acenando um tchauzinho e vejo um sorriso vitorioso brincar no rosto daquela biscate loira; sorrisinho que dispenca quando Anthony, diz:
— Espere, eu vou levá-la. — Ele olha para Antonella, que deve estar fula da vida. — Você se importaria de voltar outro dia? Eu realmente gostaria de levar Yasmine, pra casa. — Ela concorda com um sorriso forçado. Mais uma para a lista de pessoas que me odeiam. Dou um tchau muito gentil para Antonella, que responde igualmente gentil. Vaca!
— Por que tanta pressa para ir embora? — Questiona Anthony com a mão na base da minha coluna, enquanto entramos no elevador. Seu contato, ainda que seja breve, faz o dolorido entre minhas pernas aumentar.
— Eu vim atrás de sexo quente e obtive. Por que continuar aqui? — Murmuro com um dar de ombros.
— Oh, está bem. Agora sempre que estiver à fim de sexo quente, sabe onde me encontrar. — Ele dá uma piscadela e sorri. Gostaria que ele não estivesse concordado comigo, mas já era de se esperar. Os homens não enxergam nada além de mim, apenas uma boceta ambulante. Caminhamos para o carro em completo silêncio. Quando já estamos próximos de Summerlin, põe a mão sobre minha coxa e murmura:
— Você está voltando pra casa sem calcinha, Srta. Werneck? — Sua mão está quente sob minha pele nua e ele me arrepiou. Acredito que tenha notado.
— Oh, sim estou. Culpa de um tarado que não gosta de calcinhas. — Retruco, despregando os olhos da janela ao mesmo tempo que ele tira os olhos da estrada. Anthony, ri.
— Eu espero que possamos nos encontrar mais vezes. — Ele diz voltando a prestar atenção na estrada. Sua declaração faz meu coração palpitar. Ele não está me dispensando, Afinal. Ou está apenas sendo gentil. Murmura minha cadela interna. Fico com a primeira opção.
— Eu adoraria. — Digo fracamente e continuo a observar as ruas movimentadas de Las Vegas.
— Você está quieta. — Ele observa. Sim, ele tem razão, estou quieta. Por que minha cabeça está uma bagunça. Sexualmente ou não, nunca senti essa conexão com ninguém.
— Estou com um pouco de dor de cabeça. — Minto. Anthony faz uma parada brusca de modo que tenho que segurar com força no meu banco. De repente ele sai do carro, deixando me confusa, até que o vejo entrar numa farmácia. Alguns segundos depois ele volta segurando uma sacolinha e uma garrafa de água.
— O que você fez? — Pergunto, embora saiba exatamente o que ele fez.
— Você disse que estava com dor. Eu não quero que sinta dor. — Ele fuça na sacola e pega um dos muitos remédios, juntamente com a garrafa de água e empurra na minha direção. Uma vez que tomo o comprimido e ele se dá por satisfeito, retoma o controle do carro e volta a dirigir.
— Você comprou quinze cartelas de Advil, porque eu disse que estava com um pouco de dor de cabeça — Observo. — Não acha isso um pouco exagerado? — Questiono, enfiando a sacola no porta-luvas. Ele estreita os olhos para mim quando o faço.
— Com dor não se brinca. — Diz simplesmente, pegando a sacola e fazendo-me guardá-la na minha bolsa. Decido voltar ao meu silêncio.
Alguns minutos depois, ele estaciona em frente à minha casa e um estranho incômodo me domina. Não estou pronta para terminar essa noite.
— Você não gosta de cristalizados. Qual modelo prefere? — Ele se solta do cinto de segurança, virando o máximo possível na minha direção.
— O que? — Franzo o cenho sem entender nada.
— O lustre, você o achou desagradável. Me diga um modelo que você gosta. — Anthony pergunta sério.
— Você trocaria o lustre só porque eu não gostei? — Pergunto, incrédula.
— Baby, você não tem ideia do que posso fazer com você naquele sofá. Então se a porra do lustre incomoda você, vou chutá-lo para fora da minha sala.
— O meu problema não é com lustre cristalizado. O meu problema é com o lustre em si. E se aquela coisa cair na minha cabeça? Mamãe retirou todos de casa, tenho pavor à eles desde de pequena. — Confesso a última parte baixinho e Anthony explode em uma gargalhada. Ótimo, conto pra ele um dos meu maiores medos e ele ri da minha cara. Estreito os olhos em sua direção e ele tenta se conter, mas falha miserávelmente, fazendo com que eu acabe rindo junto com ele. Seu riso é contagiante. Seus olhos criam pequenas ruguinhas nos cantos, deixando-os ainda mais adoráveis.
— É serio, já vi isso acontecer em vários filmes. — Digo e percebo que nós dois estamos adiando a despedida.
— Está bem, na próxima vez que você for na minha casa, não vai encontrar nenhum lustre.
Nos encaramos por alguns segundos até que tiro o cinto de segurança e abro a porta do carro.
— Tchau, Anthony. — Murmuro antes de sair.
— Yasmine! — Anthony agarra meu pulso, fazendo-me voltar. Nossos rostos ficam à centímetros de distâncias. É agora, penso. Anthony vai me beijar! Ele se aproxima ainda mais e roça levemente seu nariz no meu. Meus lábios estão secos e ávidos por sua boca. Ele encosta a testa na minha e eu fecho os olhos, aguardando. Mas, ele se afasta repentinamente, deixando-me muito frustrada.
— Boa noite, Yasmine. — Ele murmura com a voz baixa, rouca de desejo. É possível ver em seus olhos.
— Boa noite, Anthony. — Minha voz soa igualmente baixa e rouca. Não olho para trás quando saio do carro, mas o ouço dar a partida. Subo as escadas com as pernas bambas e o coração acelerado. Ele não me beijou, mas me proporcionou a melhor noite da minha vida.

A REDENÇÃO DE YASMINE(DEGUSTAÇÃO)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora