A REDENÇÃO DE YASMINE(DEGUSTAÇÃO)

Capítulo 2

Quando elas finalmente saem da loja, já estou irritada pela demora. Mamãe carrega mais sacolas que Alicia, deduzo que está trazendo meu vestido e sapatos.
- Pensei que iriam pernoitar na loja. - Murmuro, pegando algumas sacolas.
- Quanto drama, Yasmine. Foram apenas 15 minutos desde que saiu. - Responde-me mamãe acenando para o manobrista.
- Eu volto dirigindo. - Anuncio já tomando a posse das chaves. Ninguém abre objeções. Essa é uma das minhas paixões: dirigir. Principalmente, minha MBW. Ela foi presente do meu aniversário de 16 anos. Mamãe ficou louca com Albert, mas com o tempo foi relaxando. Elas voltam falando sobre doces e decorações. Eu fico em silêncio. Ninguém, além de mim, sabe o quão doloroso é escutar os detalhes do noivado da minha irmã. Damian fez questão de uma festa enorme para anunciar à todos que o solteiro mais cobiçado de Las Vegas, ganhou rédeas. Assim, como eu, metade da cidade teve o coração partido. Nossa casa fica localizada em Summerlin, na parte noroeste. Aciono o controle e o portão se abre. Nossa casa tem dois andares e possui uma fachada de tijolinhos e acabamento inteligente. Os piso e escadas são em granito branco e marrom café. Tem três quartos, sendo todos, suítes pequenas. Largo a chave sobre o aparador e subo para o meu quarto. Eu me tornei uma anti-social nos últimos meses. Pelo menos aqui. Tomo um banho longo e reflito sobre minha vida, ultimamente . Eu ainda faço sexo de vez em quando com Dean, mas não é algo que eu queira continuar repetindo. Implico com Alicia o tempo todo, e todas as vezes meus pais saem em sua defesa, o que me deixa com ainda mais raiva. Lauren, minha melhor amiga, começou a namorar e por mais que ela se esforce, não me dá mais tanta atenção como antes. Hoje de manhã, mandei uma mensagem chamando-a para sair comigo à noite. Ela respondeu com um "Não sei, hoje faço um mês de namoro com Kewin", resolvi não insistir. Para piorar, a festa de noivado de Alicia é daqui dois dias. Damian, vem passar a noite aqui, escutei eles conversarem mais cedo. Separo um vestido de chiffon vermelho com frente única e saltos prada, creme. Agora toda vez que ele vem passar a noite aqui eu saio, quase sempre sozinha. É doloroso de mais ver a felicidade deles estampada na minha cara.
Quando estou pronta, desço as escadas à passos firmes, e o cheiro dele invade minhas narinas: água fresca, sabonete e Damian. Perfeito. Quando chego à sala de estar, encontro os pombinhos com uma expressão esquisita. Ele está vestindo camisa polo azul clara e bermuda cáqui. Casual, mas maravilhoso. Seu cabelo está com um ar bagunçado, mas terrivelmente sexy.
- Vai sair de novo? Mas hoje é quarta-feira. - A voz de Alicia soa irritante como sempre. Respiro fundo para não respondê-la com grosseria na frente de Damian.
- Sim, algum problema? - Encaro-a com uma expressão de poucos amigos. Sou mais alta, de modo que ela tem que erguer a cabeça para olhar pra mim.
- Não, é só que eu sinto falta de você na hora do jantar. - Ela diz com uma suavidade que, infelizmente, não é forçada.
- Se eu tivesse um namorado como o seu, nem lembraria da sua existência. Faça o mesmo! - Dou-lhe uma piscadela sugestiva e ela sorri. Ah, meu Deus, ela sorri. Idiota!
Damian rodeia os braços em volta de sua cintura e afunda o rosto no seu pescoço. Ela inclina-o para lhe dar total acesso e é demais pra mim.
Vou dispedir-me de mamãe e o escuto murmurar algo sobre não ligar pra mim. Dane-se, Sr. Lowell, hoje eu também não vou ligar pra você.
- Mãe, tô saindo. Não tenho hora pra voltar. Cadê papai? - Mamãe seca as mãos em um pano de prato e encara-me especulativa.
- Seu pai vai chegar mais tarde hoje, teve um imprevisto. Você vai sair? Ok. Mas antes precisamos conversar.
- Amanhã, estou atrasa... - Mamãe pega-me pelo braço, não tão gentilmente e força meu traseiro na cadeira. Ela senta-se na cadeira à minha frente e eu a olho impaciente.
- Até quando você vai continuar nutrindo sentimentos pelo noivo da sua irmã? - Ela questiona, estreitando os olhos azuis em minha direção. Arregalo os olhos, mas recomponho-me em seguida.
- Eu não sei do que você está falando. Posso ir agora? - Minhas expressão é impassível, mas não o suficiente para enganar mamãe.
- Eles se amam, Yasmine. Alicia sempre foi uma ótima irmã, ela merece ser feliz. Merece o seu apoio. Eu tentei fazer vista grossa, mas eu vejo que você está sofrendo com isso minha filha. - Ela estende a mão por sobre a mesa e pega as minhas. Seu consolo, ou a falta dele, faz meus olhos se encherem de lágrimas. Ela sabia o tempo todo.
- Por que, mamãe? Por que ele não se apaixonou por mim? - Deixo o primeiro soluço escapar e é a minha ruína. Tão logo, meu rosto está encharcado de lágrimas.
- As pessoas não escolhem como, ou por quem, vão se apaixonar, querida. O destino é quem escolhe, e ele quis que Damian se apaixonasse por Alicia e vice-versa. Você é jovem, linda e com um coração maravilhoso. Vai encontrar o amor quando menos esperar. - Ela diz, paciente, mas nada do que ela fala, faz sentido pra mim.
- Eu já encontrei o amor, mamãe. Cabe à ele, me encontrar. - Puxo minha mão das suas e seco as lágrimas ríspidamente.
- Não atrapalhe à felicidade de sua irmã, Yasmine.
- Pode ficar tranquila, mamãe. Damian não vai acabar entre minhas pernas, infelizmente. - Pego a chave da minha moto e saio. Você deve estar se perguntando: como ela vai pilotar uma moto de vestido e saltos? Pois é, relaxe. Esse é só mais um dos meus talentos. Embora esteja em Vegas, não tenho lugar para ir. Tudo me parece sem graça. Piloto sentido leste e depois de vinte minutos estaciono proximo à um clube, aparentemente, cheio. Nunca vim para esse lado, mas as pessoas estão animadas. À uma fila de meio quarteirão que me da náuseas. Como ainda está cedo, não custa esperar. Tiro o capacete e libero meus cabelos do rabo de cavalo. Obtenho uma cascata de cachos negros selvagens sobre meus ombros. Passo uma camada de gloss e estou pronta.
Após meia-hora na fila, minhas pernas começam a doer. Uma menina de cabelos roxos me ofereceu um gole de vodka e perguntou-me se eu estava afim de sexo quente. Neguei, mas não por que estivesse horrorizada. Sou hétera e embora, esteja aberta a experiências novas, não achei que fosse o dia, hoje. Na balada é tão mais fácil ficar em pé durante horas, mas aqui está entediando-me. Um Audi-esportivo grafite dá um cavalinho de pau no final da avenida chamando a atenção de todos. Eu me assusto, pois ultimamente a cidade passa por uma série de atropelamentos criminosos. O carro exibido, estaciona bem em frente ao clube e quando o motorista irresponsável sai, todos aplaudem. Aplaudem? Por que estão fazendo isso? O fulano, cujo cabelo parece impossívelmente negro, tem um sorriso orgulhoso em seus lábios. Como se estivesse feito algo maravilhoso. Ele veste calça jeans, camisa branca e jaqueta preta, parece um Play Boy. Se aproxima da fila e um par de suspiros audíveis ressoam. Algumas meninas tentam abraçá-lo e puxar-lhe a camisa. Ele se esquiva gentilmente. De onde estou não consigo ver seus olhos, mas ele parece ser muito bonito.
- Eu daria um braço para tê-lo entre minhas pernas. - Olho para trás e vejo uma menina que aparenta ter doze anos se abanando e suspirando.
- Quem é ele? - Pergunto, curiosa.
- Oh, você não o conhece? - ela parece chocada. - Anthony Jordan é o cara mais gostoso de Las Vegas, ou melhor, do mundo.
- Ele é um irresponsável, isso sim, poderia ter atropelado alguém. - Digo balançando a cabeça em reprovação.
- Claro que não, ele sabe o que está fazendo, ele o faz todas às vezes que resolve aparecer. É tipo um ritual. - Ela tira algumas mechas loiras do rosto e arruma o decote expondo, praticamente, todo o seio minúsculo. Não estou julgando-a, faço isso toda vez que vejo Damian, mas por Deus, ela parece uma criança.
- Quantos anos você tem? E porque está quase gozando só com a presença desse cara? - Questiono, olhando diretamente pra ela!
- Oi, meu nome é April e eu tenho 19 anos. E estou quase gozando por que esse cara é maravilhoso. Além de CEO da Jordan's Interprises, que é a maior empresa de importação e exportação do país, ele canta nas horas vagas, aqui. Ah, detalhe, esse clube como o da maioria da cidade também é dele. - Ela diz as palavras um pouco enroladas e vejo que já está um pouco bêbada. Então quer dizer que eu estava enganada quando disse que quem controlava a maior parte da cidade era Damian. Bom, ao que parece ele tem um concorrente, e muito gostoso, por sinal.

- Oi April, meu nome é Yasmine e eu acho esse cara um idiota. Você parece ser mais nova. - Comento, enquanto avalio sua expressão. Seus cabelos são médios, lisos e loiros. Ela é incrivelmente branca e mesmo estando de noite é possível notar que algumas sardas enfeitam suas bochechas. Seus olhos são verdes, acho.
- Todo mundo fala isso. Alguns caras adoram quando eu faço um boquete de Maria chiquinha, é meio que um fetiche deles. - Ela comenta casualmente.
- Imagino. Você é sempre assim?
- Ah, foi mal. É que eu tenho vocação pra ser piranha. - Ela diz com um dar de ombros e eu dou risada. Eu não gosto das pessoas com facilidade, mas eu gostei de April.
- Tudo bem, eu acho que eu também tenho. - Agora é ela quem ri.
- Você esta sozinha? - Ela pergunta e olha atrás de mim como se procurasse alguém.
- Sim, é a primeira vez que venho aqui. Espero que seja legal.
- Ah é sim, principalmente, quando Anthony aparece. Você vai amar a voz dele. - afirma.
- Duvido muito, ele realmente, não me impressionou. - Digo. April arregalha os olhos por sobre meus ombros e quando me viro dou de cara com o motorista maluco.
- É muito difícil eu não impressionar uma mulher, pretendo mudar isso. - Sua voz tem um timbre poderoso, mas tem a suavidade de uma pluma. É tênue. Puta que pariu!