Caminho até ele um pouco duvidoso do seu agir. Olho para trás e não vejo Stan, dou de ombros e continuo a caminhar. Estando um pouco afastado dos outros colegas, Mark para a minha frente e começa a fazer movimentos lentos com a mão e braço.

-Este movimento de ataque se chama Labareda - ele repete várias vezes o mesmo gesto que era juntar o polegar com o indicador, aproximar a mão para perto da boca e soprar pelo orifício ali formado. Tentei uma vez mas foi em vão. Ele me pediu para ter mais concentração, esforcei-me até conseguir. Após repetir por mais algumas vezes ele ensina-me outro movimento de ataque, Combustão. Mark me disse que este era complicado mas ele tinha fé em mim. Me senti confiante em fazê-lo. Ele demonstrou, pondo os braços em direção oposta, fazendo seu corpo ter a aparência de uma cruz. Põem, então, as palmas das mãos voltadas para o céu e instantâneamente seu corpo é envolto em chamas, o lume que o ato produziu me encantou, fiquei tão maravilhado que em instantes me posicionei do mesmo modo que ele ensinara e fiz a primeira tentativa, e como esperado, insucesso.

-Atinja o ápice de sua concentração, sua base tem de estar firmada nela. - Brada Mark, que estava um pouco afastado de onde me localizava. Fiz o que ele falou, fechei os olhos para ter maior controle sobre mim e minha mente, foquei no que queria fazer, senti um fogo queimar no meu interior, era uma sensação boa e quando menos percebo estou envolto por chamas circundando meu corpo, me concentro um pouco mais para que esse efeito ficasse estável e por fim, incito as chamas a voltarem para dentro de mim. Me senti forte nesse momento o que senti era muito agradável.

Olho para Mark e ele sorri com os olhos vidrados com o que ocorrera. Ele se aproxima e refaz o movimento Combustão, ele se vira para um lugar vago e libera chamas com alta intensidade. Às pressas me ponho ao lado dele e repito seus movimentos e logo as chamas me cercam e só percebo quando a enorme rajada flamejante é liberada por entre minhas mãos, que, estavam unidas. Parecia uma disputa de quem a lançava com maior intensidade e/ou constância, pois nos entreolhavamos e em seguida colocavamos mais força neste. Até chegarmos em um ponto que já estavamos esgotados em força. Eu já estava me sentindo com tontura mas logo ela passou. Olhei para Mark e ele estava ofegante; ele, por já não ser um rapaz jovem, tendo por volta de 35 a 40 anos de idade estava em um "bom estado", creio que quando chegar nesta idade já estarei de bengala, rio do pensamento.

Fico por mais alguns minutos repetindo os movimentos e após converso com Mark, ele fala sobre sua família - e até me mostra uma foto dele com sua esposa e suas duas filhas - e de alguns outros assuntos - acho que esse "ogro" tem um coração. Ele até que é uma boa pessoa, mas seu temperamento é extravagante e às vezes é difícil de entendê-lo.

Quando a aula termina me despeço de todos e aviso Leonard de que demoraria um pouco para voltar para casa. Ele não me interroga, apenas assente e sai. Agradeço em pensamento por não ter me questionado.

Quando quase todas as pessoas já tinham saído, resolvo seguir rumo até o meu destino. Caminho por alguns minutos até chegar naquele belo local da enorme pedra em que conversei anteriormente com Stan, e, por um momento me pergunto aonde estaria esse sujeito mas logo me desprendo do pensamento.

Fico assentado na rocha por alguns instantes fitando o pôr do sol e analisando o céu em tom alaranjado e até mesmo um tanto rosado. A paisagem era incrível, ver o sol enquanto se punha me agradava, trazendo uma sensação muito boa, paz. Uma leve brisa me cercou fazendo mechas do meu cabelo se espalharem pela minha face, as ajeito calmamente. Esse momento era impactante para mim, seria difícil esquecê-lo.

Olho, pela última vez, uma mísera partícula luminosa do sol se esvaindo por de trás das montanhas, aos poucos começa a escurecer e pequenas lamparinas eram perceptíveis bruxelando nas casas da vila que estava um tanto longe de mim, dando a impressão de ver pequenos pontos amarelos faiscando em meio a escuridão um tanto sombria que se instalou neste lugar, uma leve neblina só conseguiu deixar o cenário ainda mais fantasmagórico.

O Segredo das SombrasWhere stories live. Discover now