10. O SONHO

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Levanto da cama lentamente e ouço vozes enquanto me dirigia até o banheiro, mas as ignoro. Após sair deste vou até a cozinha para tomar café. Arrasto uma cadeira para me sentar e me sirvo com o café, fico em silêncio, apenas ouço a conversa deles. Eles estavam comentando sobre uma pedra vetusta que aumenta o poder do dom elemental de quem a possuí. Me perco em pensamentos imaginando o poder desta pedra. E quase não percebo que eles já estavam se aprontando para sair. Termino o café da manhã em rápidas goladas e me apronto para mais um dia de treinamento, mas o diferencial era que, hoje eu estaria na "classe" dos dominadores de Fogo.

Chegando ao Acampamento sigo Leonard até o local em que estavam os dominadores do Fogo. Leonard me informa que o instrutor não era nem um pouco gentil. Ele se chamava Marcus, mas preferia ser chamado vulgarmente de Mark. Ele era exigente e um pouco rabugento, pois implicava com tudo e todos e para piorar, era pavio curto.

Por fim chega Mark com seriedade no rosto, sua expressão era estranha, podendo ser comparada a uma careta. Ele passa pela frente de todos, o silêncio era perceptível. Ninguém ousava falar nem sequer uma sílaba. Ele ordena fazermos duplas com o parceiro que estava ao seu lado. Rapidamente obedecemos à sua ordem.

-Agora... - ele começa a falar e para por um instante - façam os movimentos que lhes foram ensinados na aula passada. - ao terminar o dito, ou melhor, a ordem, os alunos instantaneamente se posicionam e começam a atacar e defender. Me parceiro, percebendo que eu era novato não me atacou.

Pigareio tentando chamar a atenção de Mark mas ele não olha, pigareio ainda mais alto para que ele escute. Ele se vira e me fita grotescamente.

-Por qual motivo interrompe minha aula, garoto? - pergunta ele, com um pouco de fúria em seu tom de voz.

-Desculpe-me, senhor. É que hoje é meu primeiro dia nesta aula e ainda não sei nada sobre o dom de Fogo. Poderia me ensinar algo? Te dou minha palavra que aprenderei rápido. - tento dizer o mais firme possível, tentando disfarçar o nervosismo.

Ele me olha com cara de quem não queria ouvir o que eu acabara de dizer. Ele simplesmente me ignora dando de ombros.

-Hey! - tento chamar sua atenção por mais uma vez - tente ser um pouco gentil e me ensine o necessário, é para isso que o senhor foi posto com instrutor. - ele se vira zangado e começa a caminhar em minha direção, paralizo, não consigo reagir, meu corpo não me obedecia. Será meu fim? No que fui me meter!

-Você quer que eu te ensine algo? Sim, te ensinarei do modo que você merece: apanhando. - ele ri e todos à volta se distanciam.

Quando ele se prepara para me atacar, vejo a sua volta se formar pequenas chamas, fecho os olhos para não ver o que iria acontecer. Até que ouço uma voz grave que dizia: Nãaao.

Abro os olhos e vejo um corpo a minha frente, fumaça expelia de sua roupa, mas ainda não pude ver quem me salvara. Até que ouço seus risos. E vejo Mark caído no chão de areia.

-Stan? - digo perplexo. Ele apenas continua a rir. Mark aparentava estar ainda mais furioso por Stan tê-lo atrapalhado. Ele se levanta e corre em nossa direção, empurro Stan de minha frente, estendo as palmas das mãos para frente e então grito:

-Katastrafeí. - instantaneamente Mark é lançado metros à frente. E os alunos começam a rir dele.

Mark está ofegante e ainda mais furioso mas não reage. Segundos após se levanta e faz uma salva de palmas lentas, como se todo o ocorrido não passasse de um teste. Mas ninguém entende sua reação.

-Você mostrou que é corajoso e poderoso! É merecedor das seis marcas que leva em seu braço. - admirado, fico boquiaberto com o que ele acabara de dizer. Percebo que não era o único a ter essa reação. - Vamos, continuem a treinar! Heitor, venha até aqui. Ensinarei a você alguns ataques e defesas.

O Segredo das SombrasWhere stories live. Discover now