5 - A Fuga

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Ela balançou a cabeça, com uma sensação estranha se alastrando por todo o seu corpo, e mordeu o lábio com tanta força que sentiu o sangue escorrer na boca e descer queimando pela garganta seca. Primeiro encarou um morro de pedras pontudas. Depois se preocupou em saber onde estava exatamente. Tudo parecia tão familiar, até mesmo o cheiro que o vento trazia. Parecia ser de alguém que ela conhecia bem.

Amie olhou para os lados, um pouco horrorizada. Tinha alguém atrás dela. Uma música desconhecida começou a tocar naquele lugar e ele a abraçou.

"Está tudo bem", era Derek.

Ele usava um casaco de veludo branco e suas mãos pareciam queimar nas costas de Amie. O que ele estava fazendo? Derek a segurou contra o corpo dele, então a beijou. A princípio tinha achado tudo aquilo uma loucura, não estava entendendo nada, mas no segundo seguinte já retribuía aquele beijo enquanto o puxava para si. Por que ela insistia em lutar contra o que estava queimando dentro dela? Era amor, sim, ela o amava. A menina se afastou do anjo e quando ia dizer isso em voz alta para o mundo inteiro ouvir, ele pegou fogo bem na sua frente e desapareceu.

— Amie, por favor, acorde! — alguém disse balançando o corpo dela.

Tudo que queria naquele momento era poder continuar naquele sonho. Era poder abraçá-lo, beijá-lo até sentir que o mundo tinha parado de existir e só havia eles dois para sempre, mas alguém continuava gritando seu nome.

A visão ficou muito turva. Ainda estava com sono, seu corpo pesava e a cabeça doía, lembrando-se do sonho que tinha tido. Não sabia se era um pesadelo ou realmente um sonho. Dolly a encarava com tensão no olhar. Usava uma calça de couro e uma jaqueta do mesmo tecido. A jovem fada trazia consigo uma lança e parecia muito apressada.

— O que está acontecendo? — Amie perguntou quando percebeu uma movimentação estranha no corredor. Apertou os olhos com furor, se forçando a acordar.

— Não temos tempo de conversar! — murmurou. — Pegue sua varinha, uma adaga e corra o máximo que puder.

Era um ataque? Qual seria a explicação para tantos seres aflitos e temerosos, se não fosse um ataque?

A bruxa levantou em um pulo e foi até o guarda-roupa. Dentro dele havia uma caixa pequena onde guardava Ira Est Mala e uma adaga que tinha ganhado de Brian. Ela agiu mais rápido do que imaginava. Dolly assentiu e as duas correram no mesmo momento. Amie lamentava não poder pegar uma roupa de treinamento. Ela ainda usava o vestido da festa da noite passada, não seria nem um pouco legal lutar de vestido, e pensar nisso fez com que Amie se lembrasse do dia em que se perdeu em Olivarum. Ela cerrou os dentes, tentando não se lembrar do que tinha passado, e seguiu Dolly, às pressas, e ambas logo chegaram à frente da Casa do Ciclo Sete.

Alexander segurava uma espada de cabo vermelho e Derek estava correndo em direção ao outro lado da mata. Amie se sentiu tão perdida que não percebeu quando Connor se aproximou.

— Não podemos mais esperar! Temos que partir!

O coração dela deu um disparo. Partir? Para onde iriam? Aquele era o lugar mais seguro que poderiam encontrar. A menina sentiu o desejo de chorar quando se imaginou deixando a vila.

As casas, as árvores, plantas, seres, a vila. Ela estava começando a considerar aquilo como seu lar, mas tinha que entender que nunca teria um. Depois que deixou sua casa jamais voltaria a ter uma. Porque era assim, quem vivia contra a lei sempre estava fugindo, lutando, mudando de lugar. E ela nunca mais teria um lugar para ser só seu e chamar de casa.

Franziu a testa enquanto segurava a adaga, firme, se não fizesse isso acabaria chorando.

— O que está acontecendo? — quis saber ao mesmo tempo em que Cavin se aproximava com o rosto cheio de suor e a boca com um ferimento leve.

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⏰ Última atualização: Nov 01, 2018 ⏰

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