Capítulo 12 - A empresa de mineração

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Ok. Você venceu. Eu vou assistir a sua aula.- respondeu enquanto suspirava.

- Assistir não, vai participar.

- Eu vou o que?- perguntou incrédula.

Bia pensou em perguntar outra coisa, mas Saulo a carregou pelo braço e a levou até a casa onde ele teria uma oficina de interpretação. Quando chegaram, ela reparou que todos os alunos presentes a olhavam. Sentiu-se um pouco envergonhada e Saulo percebeu que sua face ficou corada.

- Bia, não se preocupe, pois de vez em quanto trazemos amigos para as aulas. Eles gostam de ver caras novas. também não fique preocupada com o seu carro, pois eu prometo que levo você até o seu trabalho novamente.

- Mas você disse que eu iria participar da aula, como assim?

- Esta aula é de interpretação, mas para ficarmos mais a vontade, em um círculo expomos aquilo que se passa por nossa cabeça ou estamos sentindo no momento. Podemos recitar uma poesia, cantar uma música ou simplesmente falar algum texto.

- Você chama isso de ficar a vontade? Falar o que se passa em nossa cabeça para um monte de gente que eu nunca vi? 

- Bia, relaxa, está todo mundo no mesmo barco. É bom para a timidez. Eu sei que você é bastante tímida.

- Justamente por isso. Vou embora.

- Não! Está bom, você fica e assiste somente, se sentir vontade entra no círculo.

Bia fez um sinal positivo com a cabeça e viu a professora se levantar e fazer uma roda com os alunos. Reparou que alguns estavam rindo, contando piadas, se alongando, um ambiente totalmente distinto daquele a qual estava acostumada. Nas aulas de direito, via alunos engravatados, alguns professores sisudos e outros que faziam questão de manter um ambiente formal.

- Pessoal vamos nos alongar um pouco antes de começarmos- disse a professora.

Bia olhou para Saulo e depois para sua roupa. Todos estavam vestidos à vontade e ela de terninho. Fez um sinal negativo com a cabeça, riu, mas resolveu tentar se alongar. Logo no início uma ruiva entrou no círculo e proclamou um poema:

- Não importa onde você parou, em que momento da vida você cansou, o que importa é que sempre é possível e necessário "Recomeçar". Recomeçar é dar uma nova chance a si mesmo, é renovar as esperanças na vida e o mais importante, acreditar em você de novo. Sofreu muito nesse período? Foi aprendizado. Chorou muito? Foi limpeza da alma. Ficou com raiva das pessoas? Foi para perdoá-las um dia. Aonde você que chegar?
Vá alto, sonhe alto. Se pensarmos pequeno coisas pequenas teremos. Já se desejarmos fortemente o melhor e principalmente lutarmos pelo melhor, o melhor vai se instalar em nossa vida. "Porque sou do tamanho daquilo que vejo, e não do tamanho da minha altura."

Bia pensou nas palavras daquela menina e por um ímpeto mais forte que ela, se viu no interior daquela roda. Fechou os olhos e começou a dizer.

- O que é recomeçar? Nada mais é do que desabrochar na primavera depois de uma longa tempestade de inverno, sair do fundo da terra, iniciar novamente mesmo que todos estejam contra você. É desejar sair da sua zona de conforto e se aventurar por novos caminhos que podem ser tortuosos, mas nos levarão ao topo. E se entregar a um amor irracional.

Bia fechou os olhos e outro turbilhão de lembranças veio a sua mente:

Anos atrás, quando tinha 15 anos,  seus pais conversavam sobre carreira. Quando Sandra perguntou a Bia sobre a profissão que ela queria seguir, Bia foi enfática:

 - Ah, um dia eu serei uma atriz muito famosa. Levarei alegria para as pessoas. Quero vê-las chegarem tensas para assistirem uma peça minha e saírem sorrindo do teatro. Vou transmitir esta magia para elas.  

- Parece que a Bia tem mesmo talento. Eu já assisti a uma peça  dela no colégio.  – disse Wesley, não vai ser uma surpresa se essa menina se tornar atriz.

- Ela vai ser advogada – disse o pai – e vai assumir a nossa empresa.

- Isso nós veremos mais tarde amor, ainda há muito tempo. - disse sua mãe.

Bia saiu da sala e quando chegou em seu quarto resmungou:

- Nunca trabalharei naquele escritório, não nasci para isto.

Quando se inscreveu para o vestibular, pensou em optar por artes cênicas, mas seu pai carinhosamente bateu em seu ombro e falou.

- Já escolheu sua carreira, filha? Pense com a cabeça e não com o coração. É a sua vida que está em jogo.

- Pai, eu quero ser atriz.

- Você tem uma empresa que herdará da sua família e negócios para assumir. A carreira de atriz não foi feita para você, escolha algo mais seguro. Atores não terão empregos sempre e seus pais não serão eternos.

Bia suspirou fundo e refletiu, assim que o pai saiu de seu quarto.

Talvez a carreira de advocacia não seja tão ruim. Eu posso ser promotora, juíza, talvez. A magistratura é uma bela carreira e eu poderei ajudar a construir um país melhor e mais justo. Não levarei alegria para as pessoas, mas poderei levar justiça. Vou trabalhar na empresa do papai e convencê-lo que o melhor para mim será a magistratura.

Ela olhou para o formulário de inscrição, passou pela opção Artes Cênicas e marcou em um quadrado onde dizia: Direito.

O preço da escolhaOnde as histórias ganham vida. Descobre agora