E lá se foi minha garota pegar as nossas toalhas.


Blue

Por mais que eu quisesse, aquele não foi um banho sexual. Pelo contrário, entramos juntos e decidimos que deveríamos ser rápidos. Não havia nada nos noticiários, mas alguém já poderia estar atrás de nós.

Tinha nossos celulares em mãos enquanto ele dirigia pela estrada. O carro seguia em completo silêncio, inundando nossos pensamentos de questionamentos que nos amedrontavam.

Foi em um estalo que eu me lembrei de algo importante.

- Nick. - Chamei e ele me olhou brevemente apenas para voltar seu olhar para a rua. Eu sabia que tinha a sua atenção por isso continuei. - Eles podem nos rastrear por aqui, não podem? - Levantei os celulares diante dos seus olhos.

Nicholas pensou por um momento, provavelmente se perguntando se isso era possível. Mas é claro que era! Quantas vezes não vimos em filmes e séries policiais os mocinhos serem rastreados pelo celular para serem salvos dos bandidos?

- Acredito que s... Blue, o que está fazendo?! - Ele gritou, não deixando de dirigir enquanto eu pisava nos nossos celulares e depois atirava pela janela.

- Nos livrando de uma viagem encurtada. - Sorri para ele e logo sua carranca se transformou em um sorriso desacreditado.

Eu ganhava o que queria dele com um simples sorriso. Não era diferente quando ele apenas me olhava. Eu nunca descobriria o que tinha naquele olhar e, mas era de outro mundo.

- Você é maluca. - Balançou a cabeça em negação, fitando a estrada à nossa frente.

- E você ama isso, senhor Hayes. - Toquei a coxa dele e o vi se inclinar para selar nossos lábios, sem nunca desgrudar os olhos da estrada.

- Eu já disse que amo tudo sobre você. Amo seus defeitos e suas qualidades. - Ele esticou a mão e entrelaçou nossos dedos como havíamos feito no dia anterior.

Um gesto simples que me causava frio na barriga e arrepio bom.

Nós passamos em um drive-thru para saciar a fome e à noite comemos em uma pousada. O silêncio já não era uma opção, eu o cobri o tempo todo sempre arrumando um assunto novo e fazendo novas perguntas. Logo não foi preciso mais esforço e nós estávamos conversando, nos conhecendo cada segundo mais, mas nunca tocando no assunto que mais temíamos. Uma hora tudo teria que ser trazido à tona, tudo teria que ser colocado para fora para que nos ajudássemos.

E aquela era a hora.

Estávamos sentados na cama, nos preparando para dormir. Eu estava cansada, mas uma pilha de nervos por toda aquela situação. Nick estava atento aos noticiários, querendo saber se e quando nossos rostos estariam estampados na tela. Toquei sua mão e isso chamou sua atenção de imediato. Sorri com isso, o quanto nossos corpos estavam ligados como ímãs. Será que seria possível que algum dia nossa ligação fosse tamanha que eu soubesse quando ele estivesse em perigo? Desejava que sim.

- Nick, precisamos conversar sobre... tudo. - Ele sabia o que aquilo significava, por isso assentiu uma vez e desligou a televisão.


Nicholas

É claro que eu sabia o que "tudo" significava na frase da menina Blue.

Uma hora ou outra eu teria que falar, teria que contar e ela tinha que fazer o mesmo. Tínhamos que expulsar nossos demônios. Qual melhor forma se não em conjunto? Compartilhando desgraças recentes e se livrando delas pra seguir em frente.

BlueWhere stories live. Discover now