Algum dia

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Essa história passa-se no final do século XVIII, me desculpem qualquer erro, não estou acostumada a escrever deste jeito, principalmente como era antes. É apenas uma ficção. :)


Nilce Moretto sentia-se angustiada e frustada em relação ao seu casamento, que estava para acontecer ao fim do mês. Ela, como princesa, tinha mais preocupações com o casamento do que qualquer outra pessoa da Itália. Sabia que o pedido de seu pai era manter-se no castelo, mas com todo o alvoroço que faziam seus entes queridos, saiu e caminhou até a praia, quase ao final dela.
Sentou-se em uma pedra próxima ao mar e, com o quebrar das ondas no horizonte, fechou os olhos por breves segundos.
-Realmente gosta do mar, Srta. Moretto.- Ouviu uma voz conhecida e abriu seus olhos, queria ter certeza que não era algo de sua cabeça. Virou-se para olhar.
-Não deveria estar aqui, Sr. Martins.- Disse levantando-se e caminhando de encontro à ele.- Definitivamente não deveria.
-Muito menos a senhorita, quando se está prestes à casar.
Um silêncio constrangedor pairou entre eles, e a troca de olhares se intensificava a cada segundo. Naquele momento, nenhum dos dois poderia descrever seus sentimentos.
Não sabiam quando o beijo havia dado início, mas a intensidade e o tempo que esperavam por aquilo acontecer novamente contribuíram para prolongarem o máximo que pudessem. Até sentirem a necessidade de respirar. As testar coladas e a respiração ofegante dominavam aquele momento, que era um misto de sentimentos proibidos, escondidos por anos. Ele deveria admitir, não queria perdê-la, e de maneira alguma conseguia imaginá-la vivendo com outro homem.
-Isso não é justo com seu casamento.- Acabou por dizer quando separaram-se.
-E meu casamento não é justo comigo, Sr. Martins.- Respondeu firme e o encarando.
As palavras presas em sua garganta há quase um ano saíram naturalmente com ele, que tomou a atitude de abraçá-la contra seu peito. Desde que Nilce Moretto soubera que sua mão estava prometida à um príncipe francês, sua vida não fora a mesma, e tinha a certeza de que nunca mais seria. Seu pai queria acabar com qualquer tipo de conflito entre a Itália e a França, mesmo que isso custasse a infelicidade da filha.
Era injusto, mas comum entre vários reinos. Apesar de sua mãe não querer vê-la triste em algo que deveria trazer-lhe alegria, não teria voz contra o rei. E aquilo a frustrava muito, pois o homem com quem queria dividir a vida estava parado em sua frente, mas não poderia fazer nada para terem uma história.
-Eu estou com medo, Martins.- Não queria deixar lágrimas escorrerem em seu rosto, mas mesmo assim elas vieram.
-Você vai conseguir querida.- Beijou sua testa, em sinal de carinho, e entregou-lhe um pequeno lenço que carregava no bolso.
"Querida", aquela pequena palavra, por mais insignificante que fosse para os outros, era cheia de sentimentos entre os dois. Lembrava os momentos bons durante as crises sobre o futuro marido de Nilce, o amor proibido que sentiam desde o dia que encontraram-se no baile real, a primeira dança que nunca fora esquecida. E por mais que não pudessem casar-se, sabiam que o sentimento de amor sempre seria um pelo outro.
-Preciso voltar para a Alemanha, minha mãe está adoecendo, e provavelmente não terá muito mais tempo.- Quando o abraço foi interrompido pela fala de Leon, ela sabia que significava o fim de um quase começo.
-Não quero perder-te, Martins.- A brisa fria do final do dia batia neles, fazendo o cabelo loiro de Nilce balançar.
-Não irá, pois sempre estarei com você, Srta. Moretto. Nosso amor é muito mais forte do que qualquer casamento prometido, e mesmo que longe, nunca vou esquecer-me da primeira noite ao seu lado.- Sua fala estava inundada de sentimentos, todos verdadeiros e reais, que sempre carregava com si.
-Eu também nunca esquecerei-me, Martins. Por favor, prometa-me que achará alguém, apesar de tudo. Não quero imaginar-te infeliz o resto da vida.
-Sabe que estarei, mesmo que algum dia alguém me interesse.- Tomou o rosto de Nilce entre suas mãos e sorriu.- Você é a minha princesa, e isso ninguém conseguirá substituir.
Novamente os lábios quase vermelhos de Leon foram de encontro aos de Nilce, e as línguas entrelaçavam-se de forma singular. O gosto de despedida era sentido por ambos, mesmo não sabendo como isto era capaz. Enfim separaram-se, ele pronto para sair.
-Algum dia voltaremos a nos ver, Sr. Martins?- A pergunta da loira, que sabia que não tinha resposta, foi feita.
-Algum dia, Srta. Moretto.- Respondeu, colocando sua fé naquilo e afastando-se aos poucos e ajeitando seu chapéu cinza.- Eu te amo, lembre-se disto.
-Também te amo, Leon Oliveira Martins.
Seu rosto preenchido por lágrimas dizia o quanto a situação a machucava, mas sabia que não poderia atrever-se a fugir de sua realidade. Casaria-se com o príncipe francês e tentaria sobreviver àquilo, desejando que Leon, seu verdadeiro príncipe, algum dia a resgatasse desta vida.

Heeey

Foi difícil escrever tudo isso, pois sabia que a linguagem teria que mudar, e não tinha ideia de como fazer sem palavras pouco conhecidas. Mas tentei, e acho que acabou ficando bom, apesar do final trágico.
Realmente espero que tenham gostado (e segurado as lágrimas ).

Pick me, Choose me, Love meOnde as histórias ganham vida. Descobre agora