– Se ele sabe, não vai falar. Não falou até agora.

– Ele não precisa nos contar – insinuo, olhando travessa para Max.

Estou encostada na parede e Max sentado na cama. Ele se levanta devagar, dá dois passos lentos e fica bem na minha frente. Levanto um pouco o rosto para continuar olhando em seus olhos.

– Está querendo escutar atrás das portas, princesa? – ele se aproxima mais, apoia a mão direita na parede, ao lado do meu rosto. Prendo a respiração, como sempre faço quando ele se aproxima demais. Ele usa a mão esquerda para passar o dedo indicador pela minha bochecha. Começo a respirar pela boca, um pouco ofegante – Já fez isso antes?

Apenas faço que sim com a cabeça e ele sorri, malicioso. Paro de olhar para seus olhos castanhos com aqueles cílios longos e escuros que eu adoro, e observo seu nariz longo, perfeitamente proporcional ao seu rosto, sua boca carnuda, seu queixo quadrado. Por que ele tem que ser tão lindo? Lindo demais! Rosto lindo, corpo lindo, tudo lindo!

Max troca o indicador pelo polegar e o passa pela minha boca. Eu já estou de olhos fechados e arfando. Não preciso olhar pra ele pra saber que ele está adorando. Ele ama o que causa em mim. Um filho da puta.

Ele apenas roça os lábios pelos meus. Sei que ele quer que eu tome a iniciativa, que eu grude meus lábios nos dele. Mas não vai acontecer. Ele vai se render a mim e não o contrário.

Apenas passo minha língua devagar por seu lábio inferior e seu autocontrole vai embora. Ele junta nossos lábios com força e envolve minha cintura com o braço, enquanto segura minha nuca com a outra mão. Passo meus braços por seu pescoço e puxo seus cabelos com força. Ele geme na minha boca e eu adoro.

Com muita facilidade, ele me puxa para cima e eu envolvo sua cintura com minhas pernas. Ele senta na cama comigo em seu colo, e começa a beijar meu pescoço. Eu lhe dou total acesso. Foda-se. Estou uma pilha de nervos e preciso disso. Preciso de Max. Ele faz tudo sumir da minha cabeça.

– Você é muito deliciosa. Eu estava morrendo de saudade – ele sussurra no meu ouvido, antes de morder o lóbulo da minha orelha. Eu suspiro alto e ele puxa meu cabelo com força, me fazendo olhar pra ele – fala que você é minha – ele ordena.

Antes que eu possa pensar em responder, alguém bate a porta.

– Celine? – é a voz de Arthur e seu tom é sério.

Pulo do colo de Max e o deixo ofegante na cama para ir em direção à porta. Olho para ele antes de abri-la, ele me encara com os olhos semicerrados.

Assim que Arthur me vê, começa a falar antes que eu pergunte:

– Uma movimentação estranha, chefe. Aos poucos, cinco guerreiros aligortes saíram do alojamento, como se não quisessem que notássemos.

– Como se eles pudessem ser mais espertos que nós – Arthur sorri para mim. Ele adora um elogio, adora se sentir melhor que os outros povos. Somos parecidos nesse ponto – você pediu que alguém os seguisse?

– Sim, Líria, que é mais silenciosa. Disse para não deixar que a vissem, como prioridade.

– Você nunca me decepciona.

Pisco para meu guerreiro favorito. Ele abre um sorriso enorme e pisca para mim de volta, antes de sair andando pelo corredor.

Mal termino de fechar a porta, e sinto Max atrás de mim. Encosto a testa na madeira e respiro fundo. Ele coloca meu cabelo de lado e morde a minha nuca devagar. Sua mão acaricia minha barriga, por baixo da camiseta.

Minha vontade é simplesmente deixar que ele faça o que quiser. Mas Arthur tem razão, a movimentação é estranha e eu preciso averiguar. Max sabe disso, por isso beija minha nuca devagar, sem urgência. Sabe que não vai terminar o que começamos.

– Você não ouviu Arthur? – pergunto baixinho.

– Uhum.

Ele não para o que está fazendo. Me viro devagar e ele permite. Me olha com doçura, enquanto coloca uma mecha do meu cabelo atrás da orelha.

– Vamos resolver isso. Eu vou tentar descobrir algo com os aligortes e você espera Líria voltar para saber onde foram – é mais uma sugestão do que uma ordem.

– Ok.

Isso é o que eu mais gosto em Max. Ele confia em mim, sabe que eu sou forte. Se fosse Darion, começaria um discurso de como é perigoso e blá, blá, blá.

Para Max, contanto que eu não vá para muito longe dele, eu posso fazer qualquer coisa. Ele sabe que eu posso cuidar de mim mesma. E isso me fascina.

Reflito sobre como me despedir. Posso ver a felicidade em seus olhos, eu nunca lhe dera tanta liberdade. Sempre que ele se aproximou, eu o afastei. O único beijo que ele me deu foi semanas atrás e só aconteceu porque ele ficou tão furioso quando eu disse que amava Thomás, meu namorado na época, que me atacou violentamente sem me dar chance de afastá-lo. Foi preciso que crianças aparecessem correndo pelo local para que ele me soltasse.

Aliás, por que eu deixei que isso acontecesse hoje? Eu sei que não é uma boa ideia, que um relacionamento com Max seria muito intenso e fugiria do meu controle. E, além de odiar qualquer coisa que me fuja do controle, eu não posso me dar ao luxo. Tenho pessoas que dependem de mim e preciso estar sã para protegê-las.

Mas, com meu irmão e Darion correndo perigo longe de mim e essa certeza de que algo de ruim está nos rondando... Eu precisava de algo bom. E resistir a Max é uma tarefa muito árdua. Hoje, simplesmente não consegui.

Decido não beijá-lo na boca antes de ir. Não quero que ele pense que agora temos algo, porque não temos. Beijo seu rosto e encosto minha testa na dele.

– Tome cuidado – ele me pede.

– Você também.

Abro a porta e vou em direção à parte do alojamento onde se reúnem os aligortes.


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2323 - Sobreviventes do Caos (Distopia)Where stories live. Discover now