Violência

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E estas palavras que escorrem na vidraça ensanguentada,

numa tarde em que a chuva cai tumultuosa.

E estas palavras que escorrem junto com estas lágrimas,

p’la face carregadas de um sentimento obscuro.

E estas palavras que escorrem com o suor do nosso corpo,

numa noite em que corpos ardem de paixão.

E estas palavras que escorrem com o orvalho,

num amanhecer em que o sol raia esplendoroso.

E estas palavras que escorrem junto com o sangue,

que corre nas nossas veias, numa violência interior.

E estas palavras que escorrem com a tinta do pintor,

pela tela que brota das suas mãos diabólicas.

E estas palavras que escorrem nas ondas,

que embatem violentamente nas rochas das praias.

E estas palavras que escorrem como o álcool,

e que inunda a alma pejada de medo e tristeza.

E estas palavras que cheiram a mofo,

e que o tempo impregnou nas páginas da vida.

. . .

São palavras que profiro em silêncio,

são palavras em que eu te imploro,

para que pares essa tua raiva mórbida e doentia

que te leva à demente violência e me deteriora.

Memórias de uma penaWhere stories live. Discover now