5° Escama - Rei dos mares

Start from the beginning
                                    

Toquei o aço gelado, já com a forma humana completa, todavia, diferente dos humanos, nossos pés tinham barbatanas e nossas pernas escamas da mesma cor de nossa cauda. Nosso corpo inteiro também tinha escamas, porém, na parte inferior eram mais volumosas.

Ergui-me, sentindo ainda pequenos respingos rolarem por meu peito. Soldados me fitavam com certa curiosidade, o que indicava que eram novos ali. Suspirei, amarrando meus cabelos a medida que servos traziam algumas vestes de costume.

Odiava usar roupas humanas, ou algo que cobrisse quase todo meu corpo. Apenas o que se dizia região genital eu cobria, uma espécie de saia que cobria apenas a parte da frente e a traseira, deixando minhas coxas a mostra. O que mais gostava de abusar era nas joias, podíamos conseguir ótimas pedras, mas adorava aquilo que se chamava ouro.

Tirando isso da cabeça à medida que um sereiano se aproximava com uma expressão fechada, já avisava que precisaria me preparar para os sermões.

- Sua irmã o espera em sua sala, majestade.

Pisquei.

Isso seria marcado na história, o segundo homem que tinha coragem de me xingar, depois de Hardar. Nada disse, apenas um aviso? Realmente raro.

Apenas sorri assentindo, não me prolongando, quanto menos sermões melhor, menos horas dormindo em uma cadeira. Pelo menos era confortável, mas a pergunta era: será que ele tinha visto que não adiantava seus xingamentos?

Pensando nisso, apenas Hardar continuava como o super pai comigo.

Arrumei minhas vestes, adentrando as portas de vidro. A plataforma não era perigosa, a água não a atingia, pelo contrário, a protegia de qualquer coisa, até a ocultava dos olhos humanos. Pelo que sabíamos, eles agora tinham objetos flutuantes que se moviam sobre a água, algo que uma equipe de sereianos estão envoltos a pesquisar e imitar, talvez possamos usar para nosso favor os objetos humanos.

Sorria para todos os servos que se curvavam e educadamente sorriam de volta. Não odiava ser rei, nem nobre, pelo contrário, amava o efeito que isso fazia em meu povo. O povo que não aceitou meu pai, se curva e sorri para mim, e acima de tudo, se preocupa comigo, e sabia que não era por não ter sucessor, além de minha irmã, tem o antigo filho do rei que meu pai assassinou. Ele não me odeia, pelo contrário, me vê como seu irmão, além de estar feliz com o novo amante. Na época pedi perdão pelos atos de meu pai, entretanto, ele apenas lançou um sorriso para mim e chorou em meus braços, não me culpou ou quis vingança, apenas fez-me fazer uma promessa. Algo que ainda cumpro... Uma promessa eterna.

Suspirei, preparando-me para abrir as portas duplas de minha sala, sabia que minha irmã viria gritar e bater-me por ter sumido. Por sorte não sentia nada de dor com seus socos. Sorri com as imagens.

Adentrei a sala, vendo apenas um servo que ajeitava o local, ele se curvou e sorriu, e eu estranhei. Erya não era para estar ali?

Dando de ombros, fui em direção a minha poltrona favorita. O servo logo serviu uma taça com água salgada e ofereceu-me algumas folhas que seriam certamente dos conselheiros reais, suspirei pegando tudo.

- Obrigado. - Agradeci, vendo rapidamente que eram relatórios dos conselheiros.

Revirei os olhos, largando tudo em uma mesinha alta e redonda ao meu lado. Aqueles sereianos apenas sabiam reclamar do meu reinado, nada útil vinha deles, um bando de corruptos que se acham superiores.

Beberiquei a água da taça de vidro, logo ouvindo passos.

- Contagem regressiva. - Sussurrei, rindo e fazendo meu servo piscar não entendendo.

Triton - Série Triton 02Where stories live. Discover now