Beautiful girl

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Havia uma fonte de luz branca contra meu rosto, e aos abrir os olhos lentamente constatei ser uma lâmpada incandescente. Logo ouvi uma voz masculina, mas não desconhecida me chamando pelo nome e logo vi que era o médico que havia cuidado de Fernando.

Doutor: Como se sente?

Ana: Aonde estou? -Perguntei meio aturdida.

Doutor: No hospital. Como se sente?

Ana: Minha cabeça está dolorida, e sinto uma leve pressão na barriga. -Tentei levantar minha mão, mas uma dor imensa surgiu e percebi que havia um gesso em meu braço direito- O que aconteceu?

Doutor: Você foi empurrada do alto da escada, bateu a cabeça e teve descolamento de placenta, além da lesão na ulna direita. A lesão no córtex pré-frontal não foi grave, apenas superficial. Mas devido ao descolamento de placenta deverá permanecer em repouso absoluto até o fim da gravidez.

Ana: Espera...-Fechei os olhos, tentando organizar as informações. - Repouso absoluto?

Doutor: Se quer ter esse filho, sim. Qualquer lesão causada pelo simples fato de andar, pode fazer com que perca o bebê.

Ana: E o bebê?

Doutor: Está bem, mas se não obedecer ao repouso, você pode perde-lo.

Ana: E o Fernando?

Doutor: O mandei pra casa. Você ficou inconsciente por 12 horas devido à sua lesão na cabeça.

Fanny: Licença -Ela entrou assim que o doutor terminou de falar- Como ela está?

Doutor: Por enquanto, seu quadro é estável, mas é melhor que permaneça sob observação. Talvez amanhã pela manhã possamos te liberar.

Ana: Por que 'talvez'?

Doutor: Precisamos confirmar que sua lesão não deixará sequelas. Durante a tarde estaremos realizando mais um raio-x e outra ressonância para confirmar. Dependendo dos resultados, amanhã será liberada. Bom, tem outros pacientes à minha espera.

Fanny: Obrigada Doutor.

Ele assentiu e saiu do quarto, nos deixando a sós.

Fanny: Como se sente?

Ana: Um pouco dolorida, mas acho que é normal. E seu pai?

Fanny: Agora, dormindo feito pedra. Mas ele não conseguia parar quieto um segundo. Foi embora contra a vontade, e Manuela teve de colocar calmante na bebida dele.

Ana: Não entendo porque ele ficou tão exaltado, já caí da escada uma vez e fiquei bem.

Fanny: Ana, nem tente. Você sabe que se estivesse no lugar dele faria bem pior. E naquela época você não estava grávida e não era o dia do casamento de vocês.

Ana: Certo, você tem razão. E Yasmin? Eu acho que ouvi a voz dela antes de cair da escada.

Fanny: Claro que ouviu. Ela gritou quando viu que a Isabela ia te empurrar, mas estava muito longe pra te ajudar.

Ana: A Isabela me empurrou? Pensei que aquela cobra havia ido embora.

Fanny: Infelizmente ela não foi. Mas tia Yasmin imobilizou ela antes que pudesse fugir, e parece que ela vai passar uns dias atrás das grades.

Ana: Pelo menos não vai nos incomodar mais.

Fanny: Todos ficamos muito preocupados com você, principalmente dona... –Ela parou como se tivesse dito algo que não devia- Yasmin.

Ana: Yasmin? Tem certeza?

Fanny: É... Claro! Ela te viu cair. Quem mais poderia ser?

Ana: Não sei, você poderia me dizer.

Fanny: É, você tá com sede?

Ana: O que? Não... Pare de mudar de assunto.

Fanny: Não estou mudando de assunto, só me deu sede. Vou pegar um copo de água, já volto.

Ela saiu sem que eu pudesse perguntar algo. Quando ela voltou resolvi deixar pra lá, não devia ser ninguém importante. Olhei no relógio e marcava 11:30. Provavelmente logo trariam meu almoço, e eu estava ansiosa por ele. Quando finalmente chegou, parecia que não comia nada há décadas. De tarde, refiz meus exames e na manhã seguinte, Fernando e Yasmin foram nos buscar. A partir do momento em que saí do hospital, fiz quase que um juramento de que não sairia da cadeira de rodas sem ajuda, para não machucar o bebê. Eu estava confinada a uma cadeira até o fim da gravidez, e mesmo assim não poderia fazer muito esforço braçal pois corria o risco de haver mais descolamento, e eu não queria perder esse bebê.

Assim que cheguei em casa fui recebida por um enorme abraço coletivo de todos. Foi ali que percebi o quanto sou importante pra eles, tanto quanto eles são para mim. E percebi também que mesmo se o mundo todo tentar me derrubar da escada, eles sempre estarão ali para me ajudar e apoiar. Eles são, definitivamente a minha família. Não poderia ter escolhido lugar melhor para viver, se não fosse entre eles. Confesso que se não fosse por eles, meus dias seriam totalmente entediantes, afinal, ficar restrita a uma cadeira de rodas durante 28 semanas é um pesadelo pra pessoas que não conseguem ficar paradas como eu.


Fernando sempre que podia estava comigo, mais do que qualquer um desse casa. E quando não estava, sempre mandava mensagens perguntando se eu estou bem. Adoro esse lado protetor dele, mas acho que ele deveria se acalmar. Sempre digo isso pra ele, mas parece que não me escuta. Teimoso. E assim se passou um mês, e agora eu poderia ver o sexo do bebê. Havia completado 15 semanas e Fernando fez questão de me acompanhar assim como em todas as outras consultas ao obstetra.

Doutor: Como vai, senhora Lascurain? –Ele perguntou assim que nos viu entrar no consultório.

Ana: Na medida do possível, estou bem doutor.

Doutor: Ótimo. Prontos para verem o sexo do bebê?

Fernando: Um pouco ansiosos pra saber.

Doutor: Isso é normal. Deite-se aqui para que possamos começar.

Como nas últimas semanas, ele abaixava a maca para que eu pudesse subir sem problemas. Fernando me colocou na maca, não podia fazer esforço braçal pois havia retirado o gesso há dois dias, e devia ficar uma semana sem fazer muito esforço. Depois que Fernando me colocou na maca, o doutor a colocou na altura correta, e passou o gel na minha barriga. O contato do gel frio com o calor de minha pele, e somando minha ansiedade e nervosismo, me fizeram arrepiar. Ele colocou o aparelho e começou a guia-lo lentamente sobre minha barriga que já estava dando sinais de gravidez. De repente um barulho começou a ecoar pela sala, eram as batidas de seu coraçãozinho. Fechei os olhos e me deixei guiar pelo som. Estava sonhando com uma menina, e deixei minha imaginação me levar. Imaginei uma linda menina dos olhos verdes e cabelos escuros, correndo com os irmãos no jardim, e usando minhas roupas e maquiagens escondida. Imaginei como seriam seus primeiros passos e qual seria a primeira palavra que diria. Até que meus pensamentos foram interrompidos:

Doutor: Bom, qual o palpite de vocês?

Fernando: Ana acha que é uma menina.

Ana: Sempre sonhei em ter uma menininha dos olhos verdes.

Doutor: Bem que dizem que coração de mãe não se engana. Parabéns, vocês terão uma linda menina.

Amor ProibidoHikayelerin yaşadığı yer. Şimdi keşfedin