Capítulo Cinquenta e Cinco

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Será que ela estava certa? Eu não sou forte sem ela? Eu não consigo sem ela?

— Eu... preciso sentar — falo.

Suas mãos passam por debaixo de minhas pernas e ele me carrega até uma das caixas. Passamos por alguns recrutas de Zayn que nos observam. Eles devem pensar que eu estou morrendo. Vejo meus amigos me observarem com eles. Inclusive Louis. Demi parece extremamente preocupada.

Harry me coloca no chão com as costas apoiadas na caixa.

— Você está bem, Claire? — ele pergunta.

Balanço a cabeça, afirmando.

— Eu só preciso... descansar... — falo.

Minha cabeça dói tanto. O zumbido do meu ouvido não parou ainda. Provavelmente vai ficar aí para sempre...

Percebo que os recrutas de Zayn começam a sair de perto, mas meus amigos continuam me rodeando.

Mesmo com todas as dores, já estou me sentindo um pouco melhor. O perigo de desmaiar é menor agora.

Sinto uma mão tocar meu ombro. Vejo Zayn.

— Descanse, Claire. Nós vamos acabar com os soldados que estão aqui dentro. Provavelmente, eles não irão decolar conosco aqui, mas se decolarem com a rampa aberta, sugiro que saiam de perto da abertura.

Harry olha para os outros que nos assistem.

— Podem ir também. Eu posso ficar aqui com Claire. Dylan, você é piloto, pode ajudá-los na hora de decolar. — Ele fala.

— O quê? — fala Dylan, surpreso.

— Você é piloto? — pergunta Zayn a ele.

— Sou, mas eu não sei pilotar uma coisa gigante dessas... — ele fala.

— Você pode aprender! — fala Ariana, dando um empurrão leve nele.

— Vamos! — Zayn fala e começa a se afastar com seus recrutas.

Ari e Dylan o seguem.

— Eu não quero ser o responsável por matar todo mundo! — ouço Dylan gritar.

Louis me olha e depois olha para Zayn se afastando. Ele parece indeciso no que fazer, mas acaba indo atrás dos outros.

Niall e Demi ficam me encarando.

— Podem ir — falo. — Eu vou ficar bem.

Eles se entreolham e suspiram quase juntos.

Os dois estão com hematomas feios no rosto e com cortes recentes. Sangue e fuligem se misturam em seus corpos.

— Cuida bem dela — Niall aperta o ombro de Harry.

— Se voltarmos e ela estiver morta, nós vamos te bater muito — fala Demi para Harry. — Tipo, muito mesmo. Até você morrer. — Ela olha para mim. — Não ouse morrer.

— Eu não vou — digo. — Não tem perigo nenhum aqui.

Ela dá de ombros. Quando vai falar algo, Niall puxa sua mão e os dois correm para alcançar os outros.

Harry se vira sorrindo para mim.

— É bom você não morrer, ou eu vou apanhar muito — ele fala, rindo.

Por mais que eu ache engraçado, não dou risada. Não exibo nem um sorriso. Eu o encaro, séria. Quando ele percebe isso, para de rir instantaneamente.

— Eu não acredito que você fez aquilo — falo.

Ele parece confuso. Aponto para o chão fora da Nave, onde o pen-drive permanece destruído. Ele olha para lá e volta seu olhar para mim, decepcionado.

— Eu sinto muito... — ele fala. — Mas não podia deixar eles ganharem. Você viu como estava a situação! Estavam todos encurralados. Até você tinha sido pega.

— Podíamos ter dado um jeito! Nós sempre damos um jeito! Sempre escapamos, sempre lutamos...

— Claire... — ele fala. — Você precisa se acostumar agora e lembrar que é totalmente humana. Você sempre dava uma reviravolta. Você sempre lutava. Porque sabia que se curava. Você sabia que podia matar soldados e zumbis com as mãos amarradas! Mas agora, você não se cura mais. Você precisa ter medo das balas inimigas e não se colocar na frente delas como fazia antes.

Fico um pouco irritada e isso causa mais dor de cabeça.

— Você não parecia ter medo das balas quando ficou na frente de todas as armas com o pen-drive na mão! — falo.

— E quantas vezes você já não fez isso?! — ele aumenta o tom de voz. — Quantas vezes você não se colocou na frente de armas? Não arriscou a própria vida? Como acha que eu me sentia?

Meus olhos enchem de lágrimas. Não sei se são da dor externa ou interna. Talvez sejam das duas.

— Eu me curava! — falo. — Eu agia por impulso! Você sabe disso!

Eu acabo aumentado o tom.

— E você queria que eu fizesse o quê? Que eu deixasse que os soldados da LPB matassem todos nós? — ele fala com lágrimas nos olhos.

Acabo deixando as lágrimas escorrerem.

— Mas agora você vai morrer! — quase grito. — Você vai morrer! Vai morrer!

Começo a soluçar. Fala isso em voz alta é igual a tiros no meu peito.

— Eu não vou morrer — ele começa a chorar. Seu tom de voz muda para mais triste.

Ele coloca suas mãos em meu rosto. Nós colamos nossas testas. Nossas lágrimas caem e se misturam no chão.

— Eu não vou... — ele repete. — Nós vamos dar um jeito. Sempre damos um jeito.

— Sempre damos um jeito — repito.

Percebo que minhas mãos estão tremendo.

Então, nossos lábios se colam. O momento congela. Somos só nós dois no mundo. Somos só nós.

E nós daremos um jeito. Harry não irá morrer. Eu não deixarei.

Escolhida || Livro 2 da Trilogia SinistraWhere stories live. Discover now