II

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Taline

  As pessoas costumam dizer que eu sou forte por não deixar nada me derrubar, mas eu discordo. O fato de eu sorrir não significa que eu seja forte, significa que mesmo estando no pior dia eu prefiro sorrir na tentativa de torná-lo melhor e mesmo que isso falhe, pelos menos eu tentei.
   
     Eu sempre quis me apaixonar por alguém, fazer coisas que me lembraria pro resto da vida mesmo que o relacionamento não durasse pra sempre. Minha mãe sempre me contou suas aventuras com o meu pai, as coisas que eles faziam quando eram adolescentes e o quanto ela o amava. Era mais ou menos isso que eu queria pra minha vida, exceto a parte da perda.
    Meu pai acabou morrendo em um acidente. Toda vez que ele se ausentava ( mesmo que fosse pra ir ao supermercado ) ele dizia a mim e a minha mãe o tamanho do seu amor por nós. Ele não gostava de dirigir em velocidades muito altas, nunca passava dos 100km/h e dificilmente chegava perto disso. Eu o admirava tanto. Ele me ensinou a ser como eu sou, todos dizem que sou idêntica à ele em muitas coisas, principalmente na maneira de sorrir sempre. O dia do acidente foi o pior de toda minha vida, era uma dor insuportável que me fazia pensar que eu iria morrer pelo tamanho e força daquela dor.

   Flashback On

  Eu estava em casa com os meus pais. Eles estavam me contando suas histórias engraçadas da adolescência. Minha mãe era a delicada e meu pai o garoto mal e desejado por todas ( segundo ele ). Eu adorava ouvir essas histórias.
   Ligaram para o meu pai pedindo para que ele fosse ao trabalho para resolver algumas coisas e ele foi. Antes de sair de casa, ele me deu um abraço apertado e disse que me amava incondicionalmente. Ele beijou minha mãe e a abraçou forte. Me deu um beijo na testa e saiu.

   Mais ou menos uma hora depois o telefone toca, minha mãe o encara preocupada e nem se move. Caminho até o mesmo e o atendo.

- Ya? - pergunto.
- Sra. Kim? - perguntou um homem.
- Não, sou Taline filha dela. - respondi.
- Sua mãe está em casa? Preciso falar algo importante sobre seu pai. - disse o homem.

   Chamei minha mãe e no mesmo instante vi seus olhos encherem de lágrimas. Acho que de certa forma ela sentia que aquilo tinha acontecido. Enquanto ela falava no telefone as lágrimas escorriam pelo seu rosto e aquilo me desesperava.

- Omma, o que houve? Por que está chorando? - perguntava.
- Seu appa... Ele... - ela não conseguiu dizer.
- Ele o quê? - perguntei confusa.
- Ele sofreu um acidente e está no hospital. - ao final dessa frase meu mundo desabou.

   Eu não consegui pronunciar uma palavra sequer, eu não chorava e nem me movia. Eu estava em choque. Minha mãe me abraçou forte e suas lágrimas incontroláveis molharam minha camiseta. Eu não conseguia dizer nada, aquilo não entrava na minha cabeça. Não podia ser verdade.

   Depois que minha mãe se acalmou e eu me " recuperei " do choque decidimos ir ao hospital. Eu precisava vê-lo.

   Chegando , fomos direto para o quarto em que ele estava. A cena do meu pai deitado naquela cama de hospital, precisando da ajuda de máquinas me destruía por dentro.

- Filha! - ele disse e sorriu fraco.
- Appa! Como o senhor está? - perguntei me aproximando.
- Agora que vocês chegaram eu estou bem. - ele disse com seu sorriso fraco ainda no rosto.
- Appa, você vai ficar bem? - perguntei tentando segurar minhas lágrimas.
- Eu não sei minha filha, eu realmente não sei. Mas se eu não ficar, quero que cuide da sua mãe. - ele pediu.
- Appa, o senhor não pode nos deixar... - uma lágrima escapou e eu logo a sequei.
- Eu jamais deixaria você, eu vou sempre estar no seu coração. - ele disse olhando no fundo dos meus olhos.

    Meu pai estava fraco, eu nunca tinha o visto daquele jeito.
   Os médicos disseram que ele não aguentaria muito tempo, ele não iria resistir.
   Eu não saía do hospital, não saía do lado dele. que ele partiria, queria pelo menos estar com ele nos seus últimos momentos.

- Filha? - chamou.
- Ya?! - o olhei.
- Segura minha mão? - perguntou.
- Claro appa! - respondi e segurei sua mão.

   Ele estava agindo de maneira lenta. Algo me dizia que ele estava partindo.

- O senhor consegue aguentar mais um pouco? - perguntei.
- Chame sua mãe... - ele pediu.

   Ela estava no corredor buscando café. Chamei e a mesma deixou o café de lado para correr para o quarto.

- Eu preciso que me prometam algumas coisas... - meu pai disse fraco e nós assentimos positivamente. - Nunca deixem de sorrir, não importa a circunstância. Não deixem de viver suas vidas e meu bem, - ele disse olhando pra minha mãe. - Não deixe de se apaixonar, não se proíba disso. Se você estiver feliz eu vou estar feliz e sempre a protegerei. Filha, nunca tire o seu sorriso do rosto mas também nunca deixe de chorar. Isso faz parte do ser humano, você precisa chorar pra aliviar a dor, mas sempre sorria após o choro. - ele disse devagar.
- Eu prometo appa! - disse segurando sua mão.
- Eu prometo querido! - disse minha mãe.

   Meu pai segurou nossas mãos e sorriu, de repente a máquina fez um barulho avisando que ele tinha partido. Eu me ajoelhei no chão e chorei tudo o que eu tinha para chorar.

  Flashback Off

    Minha mãe sofreu muito tempo com a perda do meu pai, mas ela estava sempre sorrindo como ele pediu. Eu chorava todas as noites, principalmente no seu aniversário ( tanto no de morte quanto no outro ). Eu sentia sua falta em todo momento.
    Desde a morte do meu pai, minha mãe nunca mais se apaixonou.

- Omma? - chamei.
- Sim?! - me olhou.
- Por que a senhora nunca mais se apaixonou depois da morte do appa? - perguntei.
- Eu não consegui. Eu tentei sair pra conversar, tentei conhecer pessoas novas na tentativa de não sofrer tanto mas não consegui. - ela disse.
- Você sente muito a falta dele, não é? - perguntei.
- Sinto minha filha, e não é pouco. - ela disse.

Bad Boy  { Min Yoongi } Where stories live. Discover now