O dia que não foi lindo

31 3 0
                                    

Prédios se erguiam em volta do menor entre eles. As manhãs e tardes eram marcadas pelo grito emocionado dos incansáveis trabalhadores, liberados mais próximo ao pôr do sol. O "dia lindo!!!", acompanhado do canto dos pássaros, era característico da primeira metade do dia, tendo também os micos como assíduos espectadores, pulando de uma árvore para outra num movimento rápido e natural.
A rotina se seguia. Às segundas, aqueles trabalhadores exclamavam mais vezes, hábito que cativava crianças e jovens do lugar. Em todo o resto da semana, os gritos eram dados frequentemente por aqueles peões e por todos os que gostavam da exclamação. "Dia lindo!!!" se espalhava em todo o local, mas não naquela cinzenta manhã de terça.
O silêncio era o personagem principal de uma peça na qual a temática era a dor. Onde 1 já é muito, o número 71 torna-se grande demais, o suficiente para calar o planeta, talvez até mudar a sua inclinação na órbita do sistema solar. O noticiário era a escolha automática dos que, com suas mãos, manejavam o controle da televisão, e só o som, embora parecesse mais um ruído, dos jornais fora ouvido durante todo aquele terrível dia.
A tristeza se espalhava ao mesmo tempo em que as homenagens e o amor ao próximo se alastravam. Nesse mesmo momento, a imagem mundial transmitia a indignação e o enorme vazio, que estará sempre presente até o fim. Ao término do dia, rostos mergulhados em lágrimas se levantavam desejando aos guerreiros que, pela tragédia, aqui não mais habitavam. O "salve!", ressoado 71 vezes, foi ouvido do outro andar. É uma pena que o elevador não retorne ao térreo!

O dia que não foi lindo Kde žijí příběhy. Začni objevovat