Era menina?
Não sei. Não vi pra descobrir.
Não esperei para saber
O que sairia de mim.A dor física nem dói tanto
Comparada à moral.
Odeio todos que rodeiam
Essa mesa de natal.Meu pai odeio muito,
Matou duas de uma vez.
Filha da filha de 4 meses,
E a própria filha de 16.Filha da filha. Que dor absurda.
Dor e sentimento de culpa.
Obrigada a tirar,
Culpa de um avô filho da puta.Minha mãe? Outro lixo.
Não sei nem o que dizer.
Não defendeu a própria filha,
Escolheu matar, e eu morrer.Como mulher, sexo de Frida,
Enquanto isso não me Khalo.
A escolha era minha,
E eles jogaram ela pelo ralo.Sou uma mulher jovem,
E a escolha era minha.
Escolheram por mim,
Mataram minha menininhaMeu irmão só soube julgar,
Mas o arrependimento foi lhe abater.
Com o passar de todo o tempo,
O tempo faria ele aprender.Ele aprendeu, se arrependeu,
Quando sua namorada veio dizer,
Que o teste dela, deu positivo,
Estavam a esperar um bebê.Eu também teria,
Tudo mudaria.
Juro, ninguém se arrependeria.Mas não. Me mataram.
Tiraram da filha,
A filha da própria filha.Eu sei quem era o pai, ele assumiria.
Mas optaram por matar minha filha.
Tiraram a filha da filha, e sua filha,
Só pra não sujar o nome da família.25 de dezembro,
Uma data especial.
União familiar.
Como sempre, tudo normal.O que me intriga é a forma
De tudo parecer normal.
Acabam com minha vida
Depois me desejam um "Feliz Natal".
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Poema e Poesia
PoetryPensamentos involuntários de uma loucura indomável. Ame teu lobo, homem, antes que ele te devore.