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            Felipe acorda olhando novamente o teto. Ele estava suado e com a respiração ofegante mas agora estava calmo. Sentia a cabeça doer como sempre depois de seus pesadelos que insistiam em se repetir toda noite.

             Levantando um pouco mais rápido já que estava pra se atrasar para suas tarefas diárias tateou o chão com o pé e grunhiu com o frio. Novamente notou que estava sem suas meias.
             ''Acontece sempre, já devia estar acostumado ... '' - Foi o que pensou quando lembrou que havia tido outra alucinação. Dormia com um short e uma camiseta antiga e meias nos pés, mas sempre que tinha aquele tipo de pesadelo em especial, não lembrava de pôr as meias em seu pé, mas isso não o atormentava, apenas o deixava preocupado, por que não era sempre, as vezes quando algo está pra acontecer. Depois que entrava naquele estado, só levantava no dia seguinte com a cabeça doendo e algumas certezas do que aconteceria dali em diante.

             Felipe trocou de roupa naturalmente, colocando um jeans mais quente, e uma outra camiseta cinza com um casaco verde qualquer, que só comprara pelo detalhe em forma de olho que tinha nos ombros. Deu mais uma boa olhada pelo quarto bagunçado, notando na própria bagunça que fizera durante seu acidente, seu pôster de Akira estava amassado, seus livros que antes estavam enfileiradas de acordo a saga estavam pelo chão, o que lhe causava certa agonia, juntos das peças de roupa diversas espalhadas que esperavam a semana toda pela arrumação, havia esquecido de abrir sua janela mas já não ia precisar se ia sair pra contemplar o túmido raiar do dia. Decidiu descer.

             Atravessou o casarão sem chamar atenção para aproveitar o pouco de sol do lado de fora. Aquela manhã planejava uma chuva de acordo com céu que estava nublado e com o sol um pouco tímido, além de estar ventar bastante, estragando o penteado revoltado do rapaz que não insistiu muito em arrumá-los antes de sair. Antes que desse mais um passo pra fora de sua casa, sentiu fome e decidi entrar novamente em casa e tomar um merecido café.
             Já ali sentada à mesa estava Pauline, debruçada sobre a mesa como sempre está toda manhã, a garota loira olho de canto quando notou Felipe chegar e suspirou.
             – A Sofia ainda não desceu? – Dessa vez encarava o rapaz com seus olhos verde-musgo, que Felipe considerava tão incomum.
             – Ainda não. Eles não fizeram o café ainda? – Felipe trincou os dentes quando percebeu finalmente que a mesa estava vazia a não ser pela costumeira bandeja de frutas vermelhas e a penca de bananas que quebrava o padrão do vermelho ao carmesin.
              – Pois é, parece que teremos mais um agregado hoje.
              – E por acaso alguém sabe mais alguma coisa sobre o novato? – Mais um jovem se aproximava da mesa, alto e pálido com lábios incrivelmente rosados, sem camisa, desfilava exibindo um corpo bem desenvolvido e trabalhado. Ao lado mais atrás se aproximava uma garota, bem mais baixa, de cabelos e olhos negros, que exibia uma feição bem mais amigável que seu colega, vestindo uma camisa enorme que descia até os joelhos com estampa mal desenhada e exagerada de um unicórnio gordinho.

                – Renan, devia colocar uma camiseta antes de descer, não notou que está frio lá fora? Tenha mais respeito! – Felipe tentou um sermão.
                – Nem vem, eu não estou com frio e se você fica incomodado comigo assim, problema seu, tem quem goste. Não é mesmo, Pauline? – falou voltando-se a garota com a garota com a cabeça entre os braços cruzados.
                 Pauline levantou a cabeça exibindo cansaço, abriu um dos olhos, e fitou garoto por dois segundos, que sorriu. Ela apenas devolveu o sorriso e voltou a posição inicial e resmungou.
                 – Laura, a Sofia já levantou?
                 – Ela tá quase descendo, parece que tá arrumando alguma coisa ... – Respondeu a garota de cabelos negros.
                 – Bom dia ... – Mais uma garota passou entre Renan e Laura.
                 – Sofia, finalmente você levantou. Já tava imaginando que eu ia morrer de fome e você não descia.
                 – Que drama, você deve sabe fazer algo pra comer! – Sofia puxou uma caixa de cereais do armário acima de Felipe e jogou em cima da mesa.
                 – Na verdade, eu queria que me preparasse uma torrada, eu realmente sempre deixo passar, pode ficar com seu cereal.
                 Pauline esboçou um sorriso forçado fazendo Sofia bufar.
                 – Tudo bem, mais alguém vai querer comer minha ração? – e todos levantaram as mãos.
                 – Ótimo, a cozinheira oficial do hospício abandonado.
                 Felipe olhou pro lado de fora esperando algo.
                 – Algum de vocês teve um surto na noite passada, viu ou sentiu alguma coisa?
                 – Não sei, diga você que é o mais estranho aqui. – Renan impaciente abria a caixa de cereais e virava direto na boca. Recebendo um olhar de reprovação de Felipe.
                 – Que indelicado da sua parte, Renan. Poderia dividir uma porção adequada pra você em uma tigela, por favor! – Mais um entrava na sala arrumando seu óculos rente ao nariz com o mindinho.
                  – Wesley, bom dia. Notou alguma coisa na noite passada? – Felipe insistiu na pergunta.
                  – Além de você tendo outro pesadelo? Não. Ainda que isso continue me preocupando. Eu sei o que seus pesadelos querem dizer, Felipe. – Wesley, pega uma maçã da bandeja e se aproxima de Felipe. – Resta saber agora o que te deixou tão atordoado naquele pesadelo.
                   – Eu não sei bem na verdade, na verdade nem consigo me lembrar.
                   – Beleza. O vidente não consegue lembrar qual era o bicho papão no sonho dele. Ele tinha garras de metal afiadas na ponta dos dedos, só pra constar? – Renan solta um riso nervoso.
                    – Deixa de ser palhaço, isso pode ser algo sério. O Felipe pode estar certo sobre alguma coisa, por que acordei com a sensação novamente de que algo pode acontecer, algo bem mais inquietante que ... Que o caso do Fred.
Todos se calam, mantendo olhares vazios em outras coisas.
                    – A gente não precisa tocar nesse assunto agora! Mas, se a Sofia tiver certa sobre isso, é algo sério e precisamos ficar atentos aos detalhes, pelo menos dessa vez.
Sofia colocava doze fatias cortadas de pão de forma numa torradeira e abria o pote de geleia de amora quando escutou barulho de carro.
                     – Tem alguém chegando.
                     Felipe olha pela janela e encontra um carro de luxo preto parando em frente ao casarão.
                      – Quem você tá vendo sair? – Wesley morde a maçã.
                      Felipe fica mais pálido que o normal, quando vê um de seus médicos e um rapaz mais baixo sair do carro.
                       – Aquele garoto, tava no meu sonho, não tem como não ser ele. Ele tem até aquela cicatriz.

Ai ajuns la finalul capitolelor publicate.

⏰ Ultima actualizare: Nov 16, 2016 ⏰

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