Capítulo 3

127 16 7
                                    

Receber alta

Oops! This image does not follow our content guidelines. To continue publishing, please remove it or upload a different image.

Receber alta. Era apenas isso que Luke mais desejava. Ele estava deitado com as pernas imóveis, com o braço direito enfaixado e com uma tala no pescoço para evitar movimentos bruscos.

     O enfermeiro que tinha a estranha aparência de um suricato levava as refeições dele: uma sopa sem brilho e um copo de suco, que se parecia mais com água suja.
     A hora de comer alguma coisa era a pior, pois seus movimentos de abrir e fechar a boca lhe causava uma dor terrível, como se um lutador de MMA lhe desse um murro antes de ele começar sua refeição.
     A manhã no acampamento Octos chegou sem anunciar. O sol pálido que nascia ao leste demorava em clareá-lo.
     Depois de uma noite agitada, os campistas acordaram com uma forte dor de cabeça. Thaíssa levantara primeiro que os outros e caminhava em volta das ruínas do chalé principal, onde ela ainda se sentia culpada por ter feito tamanha injustiça com Luke.

— Você está bem? — perguntou Louis se aproximando. — Parece preocupada.

— Estou pensando em Luke, ninguém o acompanhou até o hospital.

— Aquele grandalhão fedorento é forte demais — disse ele tentando anima-la. — Ele ficará bem.

— Foi tudo culpa minha. Se eu não tivesse...

— Ei! — interrompeu-a.

    Louis chegou mais perto.
     Em um eucalipto próximo deles, uma figura de olhar severo observava os dois.

— Estou com uma sensação estranha — anunciou Louis.

    Thaíssa baixou a cabeça. Ao longe uma voz ecoou tão fraca que parecia um leve sussurro. A mensagem dizia: se abaixem.

— Ouviu isso? — perguntou Thaíssa.

— Ouvi o quê? — replicou Louis.

— Uma voz pareceu sussurrar ao meu ouvindo, dizendo para a gente se abaixar.

— Ahn! Como assim?

    Um zumbido veloz passou entre Louis e Thaíssa. Uma haste feita em madeira com uma ponta afiada de pedra e com pequenos ganchos, como o ferrão de uma arraia, acertou de raspão o campista que logo caiu sentindo uma forte onda de dor.

— Ah meu Deus! Louis! — disse ela com espanto. — Você... você foi atingido por uma flecha.

    Louis pareceu estar em transe, como se alguém o tivesse despertado de um sono pesado.

— Diga à Karla que eu... — sua voz falhou.

— Shh, não fale — disse ela agarrando-lhe o pescoço e dando-lhe um beijo na testa.

    Louis não rebateu. Ele recostou a cabeça no colo dela e foi fechando os olhos vagarosamente.

— Fica comigo Louis.

As Crônicas de Louis - O Senhor dos Mundos Where stories live. Discover now