36 - Pizza de café da manhã

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- Tem certeza que você não pode me contar para onde estamos indo? Eu meio que preciso dessa informação pra poder dirigir com segurança.

A única coisa que ela precisava para dirigir com segurança era colocar o cinto de segurança e seguir as instruções de Oliver. Ele não queria estragar a surpresa. Na verdade, o que ele queria mesmo, era beijá-la. Por isso se inclinou em direção ao banco do motorista e colou a boca na dela.

Não precisava ser um gênio para perceber que ela estava sorrindo, mas o sentimento era esse por fazê-la sorri pela segunda vez no dia, um gênio. Ele não conseguia lembrar quando foi que a vida se tornou tão genial. A mão dela veio parar no seu pescoço e os dentes da frente morderam de leve seus lábios.

- E agora? Vai me contar? – ela perguntou a centímetros de distância dele.

Com certeza percebeu o "não" que ele fez com a cabeça. A maneira que a ponta do nariz dele passava pela ponta do nariz dela a cada vez que ele mudava a cabeça de lado era bastante perceptível.

- Vamos lá, Sarah. Dá a partida.

Ela ligou o carro e eles seguiram viagem.

A cada curva que ele indicava, ela insistia mais uma vez que queria saber para onde eles estavam indo. Tinha horas que ela exigia saber. Pelo bem da segurança. Mas eles estavam seguros, eles estavam juntos. E se ela continuasse dirigindo em velocidade baixa, seguindo as instruções que ele dava, Oliver não se incomodava de cuidar de todo o resto.

Pensar em cuidados lembrava Oliver de uma coisa.

- Sar, eu não quero que você fique brava, mas eu comprei umas lâmpadas...

- Isso ainda é aquele papo de falta de iluminação?

- É, então, não estou querendo invadir seu espaço nem nada, sua casa é totalmente sua e se você quiser continuar vivendo nela numa meia penumbra, é uma opção totalmente sua.

- Talvez eu queira – ela falou, empinando queixo lá no alto.

- Mas é que eu fiquei me perguntando, como é que você lê seus livros daquele jeito? Deve fazer muito mal para o olho.

- Pois é, então... – ela largou o volante para prender o cabelo no topo da cabeça, Oliver assumiu o controle, não porque eles estavam numa parte da estrada que era imprescindível ter alguém ao volante, mas porque queria se fazer útil em todos os aspectos possíveis, inclusive os mais bobos. – Eu não tenho lido tanto quanto costumava.

- Ora, por quê? Você amava ler. Você era a presidente do clube do livro!

- Eu não tenho mais tempo – ela respondeu reassumindo o volante.

- Como assim? Por causa do trabalho? Eu não tinha ideia de que consumia tanto seu tempo.

- Vai ver meus hobbies mudaram.

- Você não gosta mais de ler? – Oliver perguntou, abismado.

Ele não sabia o que fazer com essa informação. Se isso fosse verdade, ele ficaria horrorizado. A Sarah que ele conhecia e amava sempre carregava um livro aonde quer que fosse. Dois, se já tivesse passado da metade na leitura do primeiro, ela levava o segundo para caso de emergência. Se ela não era mais aquela pessoa, se ela não gostasse mais de ser aquela pessoa, Oliver não sabia mais direito que pessoa ela era.

E um dos seus hobbies era conhecer os mínimos detalhes da pessoa que Sarah era.

- Eu gosto! Acho. É só que eu não tenho tido chance ultimamente. E ler é uma coisa de hábito.

O mundo dá voltasWhere stories live. Discover now