– Agradeço o elogio. – O duque colocou sua mão gentilmente sobre a do rapaz, fazendo as bochechas brancas ganharem um rubor quase que instantâneo.

A pureza quase angelical do plebeu, de bochechas rosadas e cachos dourados, encantou Aron. Não era comum encontrar homens como aquele, que pela simples inocência deixavam transparecer todo o desejo que a presença do íncubo lhe causava.

Elliot respirou fundo, com o peito subindo e descendo pelo coração acelerado. Aquela proximidade com a pele do duque estava exigindo demais do seu autocontrole.

– Sua mão está suando frio. – Aron observou ao sentir a pele ficar úmida por baixo da sua.

– Desculpe-me, meu senhor. – Elliot tentou puxar a mão de volta, entretanto Aron impediu.

– Não precisas ficar assim em minha presença. Parece que temes algo, ou escondes algo. – O duque o fitou profundamente, fazendo o plebeu arregalar os olhos e curvar os ombros em um misto de timidez e susto.

– Perdão, senhor, mas nada tenho a esconder de ti. – Elliot tentou se esquivar, contudo suas mãos tremendo e as pupilas dilatadas o denunciaram.

– Tens certeza? – Aron apoiou os braços sobre a mesa e se curvou na direção do rapaz, que por pouco não sentiu o coração saltar do peito. – Não me desejas?

Elliot engoliu em seco ao perceber que para o duque estava bem claro o que ele tentara esconder desde a barbearia, a sua atração por homens. Por isso não se casara ainda, enganava sempre sua família com rodeios e fugia do compromisso com uma mulher que certamente não o agradaria. Porém perceber que o homem a sua frente notara o que se esforçou a vida inteira para esconder o deixou desesperado. Se desejava o lorde? Era óbvio! À sua frente estava o homem mais belo que seus olhos tiveram o privilégio de ver.

– Também és muito belo. – Aron acariciou o rosto do rapaz.

O plebeu ficou sem ação, inebriado pelo toque que irradiou um calor incomum pelo seu corpo. O mundo ao seu redor desapareceu, assim como os homens no bar. Perdeu-se na sensação por alguns minutos até lembrar-se da plateia e esquivar-se do toque.

– Desculpe-me, meu senhor. O que pensarão de um nobre flertando com um plebeu? – Elliot estava relutante. Não que não quisesse, porém aquilo parecia impossível.

– Eu não me importo. – Aron arqueou ainda mais o corpo na direção do rapaz, mantendo claro o seu desejo. – Além disso, os cavalheiros desse local estão embriagados demais para prestar atenção em nós. Contudo, se for de tua vontade podemos ir a um local mais reservado.

Sozinhos? Os lábios finos de Elliot se curvaram em um largo sorriso. Adorou poder apenas pensar naquela possibilidade.

Ao perceber a evidente alegria nos olhos do plebeu, Aron se levantou, deixou mais uma gorjeta para o garçom sobre a mesa e caminhou até a saída do pub. O jovem, ainda que desconcertado pela situação, não hesitou em seguir o lorde.

Andaram até os fundos do pub, em um beco sem movimento. Era noite de lua nova e a região possuía poucos postes, mergulhando tudo numa penumbra. Assim que Elliot percebeu que não havia ninguém, aproximou-se do lorde sem pensar muito, nada tinha a perder. Com a pouca luz, permitiu que suas mãos trêmulas tocassem o rosto macio, sem a barba que ele mesmo acabara de tirar, revelando com o toque o que seus olhos mal podiam ver. Aquilo ainda lhe parecia uma completa loucura, um belo nobre com o mundo aos seus pés compartilhar de seus desejos proibidos.

Aron o segurou pelo colarinho da camisa e empurrou-o contra a parede gelada devido ao clima. Um calafrio percorreu o corpo de Elliot, fazendo-o tremer, não pela superfície atrás de si, mas pela ação inesperada do lorde.

Do Sangue Ao Desejo (Desejos Sombrios 1) - DegustaçãoWhere stories live. Discover now