Quando chegaram às portas do pub a noite já havia tomado conta do céu. Com inverno se aproximando, ela chegava cada vez mais cedo e era ainda mais fria.

Eles entraram e colocarem seus casacos no suporte de madeira junto à porta. Os homens, em sua maioria pequenos burgueses em ascensão, mal perceberam a entrada dos dois, concentrados demais em seus assuntos ou em copos de bebidas. Aron gostava muito de ambientes como aquele, discretos, onde as pessoas não comentariam sobre ele, ou mesmo o reconheciam.

Fez um sinal para que Elliot se juntasse a ele em uma mesa mais afastada, então pediu a um garçom que trouxesse dois copos da melhor cerveja artesanal da casa.

O rapaz sentou um tanto encolhido na cadeira com encosto macio. Com os braços cruzados ao redor do corpo, tentava se proteger, porém só deixa claro o quão tímido era.

Aron o encarou, e Elliot desviou o olhar, fitando uma pequena formiga que subia na parede de madeira. Não deixes que ele perceba, não deixes!, gritava desesperado em seus pensamentos.

– Estás bem? – O lorde tentou quebrar o clima pesado de desconforto que havia se estabelecido.

– Sim, senhor.

– Chame-me de Aron.

– Está bem, Aron.

Elliot não conteve o sorriso ao perceber a maneira casual como o lorde conversava com ele. Encarou-o, desta vez sem desviar o olhar, permitindo se perder nas belas formas que compunham o rosto másculo do duque. Aquele momento decerto não se repetiria, dessa forma se convenceu de que podia degustá-lo um pouco.

O garçom trouxe as canecas com a cerveja e serviu os dois. Aron o pagou com uma generosa gorjeta e o homem se afastou cantarolando, feliz.

– Então, Elliot, há quanto tempo trabalhas naquela barbearia? Não me lembro de ver-te antes. – O lorde tinha a atenção do rapaz para si. O pobre já estava hipnotizado pela beleza do íncubo.

– Eu cheguei há pouco do interior, minha família está toda lá. Hoje era meu primeiro dia no emprego. – Elliot tomou um gole da cerveja e fez uma leve careta ao perceber o quanto era amarga.

Aron riu da expressão dele.

– O lúpulo possui um amargor característico. Prefere algo mais suave, como um vinho?

– Não. – Elliot tomou outra golada. – Eu o acompanharei.

O lorde não insistiu, sabia que aquele era o tipo de bebida que o jovem aprenderia a apreciar, caso tivesse tempo.

– És casado?

Elliot arregalou os olhos e engoliu em seco com a pergunta. Essa, por um momento lhe pareceu um tanto indelicada, ainda que estivesse óbvio que a intenção fosse apenas puxar assunto. O jovem abaixou a cabeça, mordendo o lábio inferior, inquieto, e ficou olhando para o copo em suas mãos e a tonalidade escura da cerveja. Mentiria para não deixar transparecer nada ou falaria a verdade?

– Se fui indelicado, desculpe-me. – Aron estendeu a mão e tocou gentilmente a do rapaz que corou quase de imediato.

Elliot ergueu a cabeça e encarou os olhos azuis esbranquiçados e o belo rosto do homem à sua frente.

– É tão bonito, meu senhor. – Não conseguiu conter o comentário, por mais que esperasse ver o duque se afastar.

Aron abriu um largo sorriso, fazendo os olhos esverdeados de Elliot se perderem nas curvas de seus lábios. O lorde parecia uma pintura, porém nem mesmo mais habilidoso artista seria capaz de representar tamanha beleza com algumas pinceladas.

Do Sangue Ao Desejo (Desejos Sombrios 1) - DegustaçãoWhere stories live. Discover now