Capítulo 16

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Pérola




 Fiquei naquele sofá sentada por longos minutos aguardando a volta do Luan. Assim que ele apareceu na sala,já coberto com sua calça Jeans rasgada e uma camisa branca, pude notar que sua feição também era de tristeza.

— Pérola,venha. — Chamou-me. Logo esticou-me uma das mãos. — Vou preparar os nossos chocolates quentes.  — Me disse. Eu o olhei,e logo estiquei a minha mão para segurar a dele. A  segurei com firmeza, e me coloquei de pé, o seguindo até a cozinha.  Ao chegarmos na cozinha ,me sentei em uma das cadeiras do balcão e fiquei o observando vasculhar os armários e a geladeira, atrás dos ingredientes para a nossa bebida quente.Assim que recolheu todos os ingredientes os depositou em cima da pia, ele logo  buscou uma leiteira no armário em baixo da pia.Ele sabia o que estava fazendo,apesar disso me deixava totalmente surpresa, para um menino da classe social que ele tinha,se sentir tão confortável naquele lugar tão temido por muitas pessoas que se dizem com" posses".

Não demorou muito para que nossa bebida ficasse pronta,ele depositou o líquido quente e marrom  em dois copos grandes e me esticou um deles.O peguei ,mais continuamos em silêncio .O Luan sentou-se ao meu lado naquele balcão,e de forma bem lenta ,ficamos tomando a nossa bebida. Nosso silêncio foi interrompido pelo toque dos nossos telefones.Peguei o meu celular do bolso da minha calça e vi que se tratava da minha mãe.Eu não tinha condição alguma de atendê- la,  naquele momento ,então desliguei o meu celular e o devolvi para o bolso da minha calça. O Luan atendeu o dele,pude ver que se tratava da Helena ,a sua madrasta,ele logo deu um jeito de finalizar a ligação e voltamos a ficar em silêncio novamente .

Hmmm...— Murmurou. —Isso aqui,está delicioso. — Afirmou-me  o Luan ,quebrando assim o nosso pequeno  silêncio. — Quer uns biscoitos?—Indagou-me,junto de um sorriso doce e um olhar compreensível.

—Prefiro assim. — Lhe disse e  logo voltei a tomar a minha bebida.

— É ...— Me olhou. —Eu também.
— Confessou sem jeito.  — Pérola,eu vi que era a sua mãe te ligando.
—Arqueou uma das sobrancelhas para mim.— Por que não atendeu?
— Questionou-me ainda sem jeito.Acabei deixando novamente algumas lágrimas rolarem em meu rosto.

— Eu só estou me dando um tempo de tudo,até ter a condição de ajuda-los.
— Minha voz saiu cortante e abafada.

— Eu entendo...— Fez uma leve pausa.  — Sabe...—Focou seus olhos em seu copo. — Acho que nunca aprenderemos de verdade a lidar com a morte. — Voltou a me olhar. Eu assenti. Ele passou as pontas de seu dedo sobre o meu rosto ,levando consigo algumas lágrimas embora.
— Mais,não se martirize. —Pediu-me. — A vida e a morte, estão sempre ligadas,essas são as únicas certezas que temos na vida. — Eu assenti.
— Mesmo não querendo que isso nunca ocorra com quem mais amamos.

— Eu sei... — Respirei fundo. — Eu só não consigo. — Confessei.Ele levantou-se e me puxou para si,tomando meu corpo junto ao seu em um abraço forte.

— Divida comigo essa dor. — Me disse num sussurro. — Me deixe ajudá-la.
— Pediu-me. Logo me apertou ainda mais em seus braços. — Eu sei que não sou digno ,mais pretendo me redimir com você  a partir de agora. — Sussurrou em meu ouvido. O abracei forte.

—Obrigada por tudo. — Sussurrei de volta.




Luan







Após o nosso abraço sincero,eu realmente estava pronto para cuidar da Pérola. Eu a amo.Eu sou louco por ela ,essa é a verdade.A levei para o meu quarto e assim ficamos deitados até a minha pequena menina adormecer,eu fiquei observando-a até eu pegar no sono.

— Luan... — Senti algumas leves sacudidas em meu ombro.Assim que abri os meus olhos vi de quem se tratava.

— Miguel? — Minha voz saiu de forma sonolenta, eu olhei para os meus braços e a Pérola ainda dormia com a sua feição serena. — Como você entrou aqui? —  O indaguei de forma curiosa já que não havia mais ninguém na casa além da Pérola e eu.

— Eu vim atrás da minha irmã ,e a Helena disse que ela estava aqui com você. — Falou de forma irritadiça,me fuzilando com aqueles olhos cerrados.

— Ela está bem. — Olhei rapidamente para a Pérola ,mais logo voltei a minha atenção para o Miguel.
— Agora você já pode ir! —Sussurrei de volta e ele nem se moveu.

— Eu não arredo o pé ,sem a minha irmã. — Suou bastante firme e persistente. — Estamos todos preocupados com o sumiço dela.Já basta sofrermos pela vó,você também quer causar mais perdas na família pela tamanha preocupação do sumiço da  minha irmã? — Questionou-me aquele menino que se acha dono de si.

— Ok. — Dei-me por vencido. Levantei-me cuidadosamente da cama,e o levei para fora do quarto com cuidado para não acordar a Pérola. — Deixe-a mais um pouco aqui,eu mesmo vou acompanha-la até a sua casa.Eu prometo! — Insisti e o  Miguel me olhou com desdenho.

— Eu não acredito em você! — Me encarou firme. — Você já falhou com a sua palavra quando fugiu da minha casa naquela confusão. — Que menino petulante,pensei comigo mesmo.

— Miguel. — Fui interrompido com a entrada da dona Fernanda junto com  a Lena.

— Minha filha. — Falou a Fernanda agarrando a Pérola com força em seus braços e verificando que ela estava bem. A Pérola  logo abriu seus olhos ,e abraçou  sua mãe  de volta. — Não faça mais isso. — A repreendeu. — Eu fiquei com medo de te perder também ,meu amor. — Confessou a filha que ainda estava sonolenta.

— Me perdoe mãe... — Lhe disse ,a sua mãe ,a retribuindo novamente com um  abraço apertado e ambas deixaram suas lágrimas rolarem em  seu rosto mais uma vez.As duas seguiram logo após para a saída da minha casa juntamente do Miguel que continuava a me encarar de forma estranha. A Fernanda agradeceu a Lena e em seguida a mim ,por ter cuidado de sua filha. A Pérola me retribuiu um olhar sincero e amoroso ,e um leve sorriso mesmo em meio a tristeza daquela grande perda para a sua família.

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