- Olha ela aqui, fugiu de mim ontem, nem me deixou te levar pra casa _ ele disse isso passando a mão nos cabelos e olhando por cima de mim.
- Desculpa Lucca, não da mais para mim, não dessa forma. Não dá. Foram quatro anos especiais demais e eu não quero perdê-los com nossas ultimas péssimas lembranças. Não consigo só ver você de vez em quando e depois ver você indo embora com aquelas outras garotas. _ Eu não posso chorar, não posso chorar.
- Eu te amo, você sabe que eu te amo, mas agora não dá. Não quero nada sério _ ele põe as mãos na cintura e suspira. Que vontade de abraçá-lo.
- Entendo, é melhor eu ir _ pausa longa_ A Sofia está me esperando.
Sair daquele corredor e acabar com tudo de uma vez por todas foi uma das coisas mais difíceis da minha vida. Eu vou superar, vou aprender a conviver com isso.
Sofia percebe o que está acontecendo e abre os braços para me abraçar e eu me sento ao lado dela na mesa. Lá também estão Arthur, Matheus e Enzo. Enzo ? Não me lembro dele na nossa turma:
- Oiii Lua, linda Lua _ cantarola Arthur. Enzo abre aquele sorriso sarcástico de lado e revira os olhos _ Peguei seus materiais pra você hoje, mas esqueci no alojamento no quarto do Enzo, depois passa com ele lá no fim das aulas para pegar.
- Tem como a gente ir agora? Chamei a Sofia para sair depois da aula e não queria perder tempo com isso _ qual é o problema desse garoto? E vai sair com a minha melhor amiga ?
Balanço a cabeça concordando. Ele pega a mochila e sai andando na frente sem me esperar, tenho que sair correndo atrás dele praticamente. Olho para trás e meus amigos estão rindo, começo a rir também e claro, a correr.
Assim que saio da biblioteca e começo a andar pelos corredores da enorme faculdade me arrependo por não ter trago mais uma blusa, nunca esteve tão frio no Rio. Mais a frente vejo Enzo encostado na pilastra me esperando:
- Pernas curtas em L U A _ ele diz meu nome pausadamente e continua andando.
Paro por alguns segundos respirando fundo. O que eu fiz com esse cara?
Depois de atravessar a faculdade chegamos aos alojamentos, gelei quando percebi que o quarto dele ficava em frente ao do Lucca. Ele abriu a porta, me despertando do transe, estendeu a mão e me deixou entrar na frente dele - como se isso fizesse ele parecer mais meigo -. O quarto dele era diferente, tinha desenhos feitos a mão em todas as paredes, uma escrivaninha mais ao canto, banheiro e uma enorme cama de casal. Pelo visto ele ficava sozinho aqui. Saio andando por todo o perímetro e avalio os desenhos, toco em alguns deles. Ele emite um ruído:
- Suas coisas estão na cama _ ele tira o casaco _ olha, volta para biblioteca, vou tomar um banho, avisa para Sofia que espero ela no fim da aula. _ ele entra no banheiro e fecha a porta e lá de dentro grita _ fecha a porta ao sair.
Escuto o chuveiro ligado e penso que não faz mal olhar os desenhos por mais um tempo. São maravilhosos,me perco em cada detalhe, na intensidade. Não percebo por quanto tempo fiquei lá, mas Enzo abre a porta e sai com a toalha enrolada na cintura. Reparo que alguns dos seus desenhos estão tatuados pelo seu corpo. Como uma árvore que desce pelas costelas e barriga, com o final tampado pela toalha. Consigo sentir a intensidade dos seus olhos azuis me encarando. Mas meu Deus, não sou capaz de tirar os olhos dele nesse momento.
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Lua
RomanceEu sou tão inconstante. Sinto que cada passo pode me destruir. Ele é um vício perigoso.
