1. " Escrevem-nos de Janina "

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          Não se enganara. Seu olho, colado nas tábuas, avistou de fato a chegada da moça, que, sem tomar nenhuma das precauções de costume, corria para o portãozinho. Assim que a viu, Maximilien tranquilizou-se. À primeira palavra que ela pronunciou, pulou de alegria.

          — Salvos! — disse Valentine.

          — Salvos! — repetiu Morrel, sem conseguir acreditar naquela felicidade.

          — Mas salvos por quem?

          — Pelo meu avô. Oh, ame-o muito, Morrel!

          Morrel jurou amar o velho com toda a sua alma; e não lhe custava nada esse juramento, uma vez que, naquele instante, não se contentava em amá-lo como um amigo ou um pai, adorava-o como a um deus.

          — Mas como foi isso? — perguntou Morrel. — Que recurso extravagante ele usou?

          Valentine abria a boca para contar tudo, quando julgou haver no fundo de tudo aquilo um segredo terrível que não pertencia apenas ao seu avô.

          — Mais tarde — ela disse —, conto-lhe tudo.

          — Mas quando?

          — Quando eu for sua mulher.

          Isso era introduzir a conversa num capítulo que deixava Morrel receptivo a tudo; dispôs-se inclusive a ouvir que devia contentar-se com o que sabia, pois era o suficiente para um dia.

          Entretanto, só consentiu em se retirar diante da promessa de que encontraria Valentine na noite seguinte.

          Valentine prometeu o que Morrel exigia. Tudo mudara aos seus olhos. Decerto, agora, era-lhe menos difícil acreditar que se casaria com Maximilien do que acreditar uma hora antes que não se casaria com Franz.

          Nesse ínterim, a sra. de Villefort dirigira-se ao quarto de Noirtier. Noirtier fitou-a com o olho ameaçador e severo com que tinha o hábito de recebê-la.

          — Senhor — ela disse —, não preciso dizer-lhe que o casamento de Valentine foi rompido, uma vez que foi aqui que se deu esse rompimento.

          Noirtier permaneceu impassível.

          — Porém — continuou a sra. de Villefort —, o que o senhor não sabe, é que sempre me opus a esse casamento, arquitetado à minha revelia.

          Noirtier olhou para a nora como quem espera uma explicação.

          — Ora, agora que esse casamento, que, eu sabia, tanto o contrariava, está rompido, venho tratar de um assunto que nem o sr. de Villefort nem Valentine podem tratar.

          Os olhos de Noirtier perguntaram que assunto era esse.

          — Venho pedir-lhe, senhor — continuou a sra. de Villefort —, como única detentora desse direito, pois sou a única que não ganhará nada com isso, para que restitua, não direi suas boas graças, ela nunca as perdeu, mas sua fortuna, à sua neta.

          Os olhos de Noirtier permaneceram vacilantes por um instante. Ele evidentemente procurava os motivos daquele pedido e não os conseguia encontrar.

          — Posso ter a esperança, senhor — perguntou a sra. de Villefort —, de que suas intenções conciliam-se com o pedido que acabo de lhe fazer?

          — Sim — fez Noirtier.

          — Nesse caso, senhor — disse a sra. de Villefort —, retiro-me ao mesmo tempo grata e feliz.

O Conde de Monte Cristo - Alexandre Dumas (Clássicos Zahar)Kde žijí příběhy. Začni objevovat