Capítulo 8 - Caminho de Volta para Casa

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Ele deu de ombros. "Era o mínimo, não?" Perguntou retoricamente. "Meu mestrado é baseado na história de Ashland com o Reino Unido. Se eu não soubesse como vocês se separam e que a sua família vem praticamente inteira do Norte, provavelmente não teria passado nem do primeiro semestre."

Eu tinha certeza absoluta de que o tema do mestrado dele não tinha estado na sua ficha, senão todas as outras teriam concordado que ele era o pretendente perfeito - talvez até Clarissa! Além de Trevor, que tinha nascido aqui, ele devia então ser o que mais sabia sobre o Ashland.

"Em Oxford, não é?" Eu sabia que era. Só queria confirmar.

E talvez mostrar que eu também sabia um pouco dele antes de conhecê-lo.

Alaric me olhou por cima do ombro, provavelmente só para assentir, falar outra coisa ou questionar como eu sabia. Mas, quando os olhos dele se encontraram com os meus, ele pareceu se esquecer do assunto.

Eu também me esqueci.

A fonte atrás de nós era a única coisa animada no jardim e refletia as luzes da festa o suficiente para criar sombras em seu rosto. Me peguei as observando, tentando decorar seu movimento e desvendar os traços dele apesar delas. Devo ter ficado tempo demais só olhando para ele, só notando como sua pele escura parecia brilhar à luz da lua bem mais do que a minha, porque, quando percebi, ele se aproximava de mim devagar.

Não precisei me afastar muito para ele entender que não era uma boa ideia me beijar agora ou simplesmente perder a coragem. Só respirei fundo mesmo, voltando rapidamente ao momento e, assim que avistei uma distração, apontei para ela.

"Você usa um colar?" Perguntei.

Por um segundo talvez, ele hesitou. Ainda devia ter alguma esperança do rápido momento entre nós não ter se quebrado completamente. Mas acabou se dando por vencido e levou a mão à corrente que mal aparecia pela gola de sua camisa.

"Uso," respondeu, tendo certo trabalho para puxar o pingente para fora. "É só uma bússola."

O jeito que sua mão a segurou me provou que ele realmente se importava com ela, que só estava tentando disfarçar a importância dela em uma última tentativa de não desviar para aquele assunto.

Mas o que ele não entendia era que aquela bússola era impossível de ignorar, impossível de relevar. Ele não carregava uma cruz ou um símbolo genérico qualquer e sem significado pessoal. Aquele pequeno objeto preso à sua corrente era nada menos do que ele personificado. E, antes que eu soubesse o que estava fazendo, o pegava em minhas mãos, me aproximando de novo de Alaric.

Já tinha tomado nota de cada detalhe quando percebi que o colar era curto demais e, se levantasse o rosto sem pensar, acabaria por esbarrar no dele. Em um milésimo de segundo, me perguntei se seria tão ruim assim, simplesmente me deixar levar. Meu coração, acompanhando meus pensamentos, veio parar na minha garganta com uma urgência assustadora, que quase me fez acabar com a distância entre nós. Afinal, não seria melhor assim? Não era isso que eu queria? Uma escolha fácil e simples?

Não, pensei, me afastando dele e sorrindo. Queria a escolha certa. Só isso.

"Costuma se perder muito?" Perguntei, forçando uma expressão descontraída e soltando de vez da bússola.

"Minha mãe que me deu," ele respondeu, nem um pouco se contagiando pela minha determinação em voltar a deixar aquela conversa mais leve. "Quando eu era pequeno."

"Para você sempre encontrar o caminho de volta para casa?" Insisti, enquanto ele guardava a bússola embaixo de sua camisa de novo.

Antes de me responder, ele apertou os olhos para mim. Não como se me estranhasse, como se ainda tentasse descobrir se eu era real, se ele estava mesmo ali comigo.

A Herdeira do TronoWhere stories live. Discover now