Capítulo I

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Olá, leitor, seja bem-vindo!

Apresento à você: Entre a Fronteira e o Vale

Espero que goste ;)



Mariana teve um sobressalto com o som da batida na porta, estava perdida em pensamentos. Era Marta quem batia, para anunciar a chegada de Clive. Ela abriu uma fresta na porta, enfiou a cabeça e falou à moça:

- Querida, seu noivo está à sua espera!

- Ah, Marta, diga-lhe que morri!

- Por favor, querida, não torne isso ainda mais difícil...

- Está bem, Marta, já vou descer. Desculpe-me. – Marta aquiesceu e saiu.

Para Marta, aquele homem era um verdadeiro mistério e ela gostava de vê-lo ainda menos que Mariana, não havia dedicado toda sua vida a cuidar daquela menina para vê-la tão infeliz, noiva de alguém que não lhe inspirava ao menos simpatia. Um homem cujos meios que encontrou para obter sua mão foram no mínimo desprezíveis. Nenhuma mulher conseguiria sentir algo bom por um homem que se tornou seu noivo naquelas condições, no entanto, esse era somente mais um exemplo dos inúmeros relacionamentos fadados ao fracasso que haviam sido firmados desta mesma maneira, coisa muito comum naquela sociedade.

Ninguém naquela casa sentia-se à vontade na presença dele, ele sabia. Porém estava acostumado com hostilidades, embora ali o clima hostil fosse disfarçado, exceto por Mariana, que não fazia a menor questão de fingir um contentamento que não sentia em vê-lo. Assim que surgiu no topo da escada e seu olhar o alcançou, ela partiu para o ataque.

- Ora! Se não é o meu noivo e "senhor"! Assim não tenho tempo de sentir sua falta, meu senhor! – Ela não disfarçava a ironia. Ele respondeu no mesmo tom.

- Preciso me certificar de que foi dormir bem, para que eu mesmo possa dormir e paz, minha querida! – Disse Clive, em tom provocativo, ele gostava daquilo, se Mariana soubesse o quanto o agradava quando o afrontava, jamais o insultaria, mas como não sabia, continuava alimentando o fogo que ardia no peito dele, um desejo quase incontrolável de calar sua linda boca com um beijo e fazê-la engolir o próprio veneno que vertia em forma de palavras.

Antony, pai de Mariana, que estava ao lado de Clive, à espera da filha, teve de reprimir um sorriso. Ele não queria que o futuro genro soubesse o quanto lhe agradava a coragem da filha, o orgulho que sentia por sua querida Mariana, cujo amor pelo pai era tão grande a ponto de aceitar como noivo um homem que não conhecia e que não amava. Alguém por quem não tinha o menor apreço.

- Mariana, modos filha. – Disse Antony, mais para dizer qualquer coisa do que para realmente censurá-la.

- Papai, é o melhor que posso fazer. – Disse ela, e voltou-se para Marta. – Marta, o jantar está pronto? Quero voltar logo para o meu quarto. – Clive suspirou ruidosamente, chamando a atenção dos demais.

- Ah, não! - Disse ele, em tom dramático. - Espero que não esteja tão cansada, tenho planos para nós esta noite, quero levá-la para um passeio noturno. – Ele voltou-se para Antony:

– Se o seu pai permitir, é claro. – Na última frase havia uma ordem implícita.

Quando olhou para Mariana, Antony ficou sem ação, ela estava lívida, se fosse um cachorro estaria babando de raiva. Clive que também a olhava, com ar de satisfação, conseguira o que queria, ela estava realmente zangada, e insuportavelmente irresistível, nunca sentiu algo parecido por nenhuma outra mulher.

****

Quando a viu pela primeira vez na feira da cidade, ao lado do pai, conversando, brincando e sorrindo para todos que encontrava, ficou observando-a, seu sorriso, aquela alegria contagiante, o que era aquilo? Clive sentiu-se imediatamente atraído. Quis saber o que tornava alguém tão... feliz. Em toda a sua vida tivera tão poucos momentos de felicidade. E o que mais o intrigava era que todos que falavam com a moça pareciam ser contagiados por sua alegria.

Livro 1 - Entre a Fronteira e o ValeWaar verhalen tot leven komen. Ontdek het nu