Quando entro no quarto, o doutor Hussain está lá com um outro enfermeiro. Fico imediatamente alarmado por não ver a enfermeira simpática, mas logo depois os meus olhos encontram os de Victoria e solto um enorme e profundo suspiro de alívio. Ela está acordada. Ela está a responder ao médico sem dificuldade. Ela está bem. Ela está de volta.

Limito-me a ficar no canto do quarto, enquanto observo os cuidados dos profissionais.

- Quando é que posso ir para casa? – o meu coração aquece com a voz dela.

- Hoje ainda é cedo. – ouço o doutor Hussain dizer.

Um "ohhh" de desânimo sai dos seus lábios em resposta ao médico.

O silêncio instala-se mal o médico e o enfermeiro saem do quarto. Ela fica a olhar para a rua pela janela. Permaneço no mesmo sítio com as mãos nos bolsos. Tenho medo de dizer alguma coisa.

- Liam? – ela chama, desviando o olhar da janela.

Aproximo-me e sinto o coração como se estivesse dentro da minha boca.

Victoria segura na minha mão e finalmente sinto o seu toque que tanto ansiei.

- Desculpa por ter preocupar. - ela pede. Sento-me em cima da cama e afago cuidadosamente o seu rosto com alguns ferimentos. Instintivamente, ela fecha os olhos absorvendo o meu toque.

- Meu amor... - respiro fundo. - Não peças desculpa.

De repente, ela começa a chorar e eu fico sem saber o que fazer. O que foi que desencadeou o seu ataque de choro?

Ela limpa os seus olhos e senta-se, fazendo ruídos de dor.

- Vic...

- Eu estou bem. - ela afirma, porém não muito convicta.

Levanto-me e aconchego as almofadas atrás de si. Ela segura-me pelo pulso e então puxa-me para si e beija-me. Esta é a minha Victoria!

- Tive saudades tuas. - o meu coração derrete. Uma parte do meu coração parou quando soube do acidente, mas não apenas. O meu coração dilacerou, assim que me apercebi do erro estúpido que cometi ao desiludi-la e magoa-la. A culpa foi minha de não me ter preocupado mais com a sua segurança. A culpa foi minha de ela ter tido um maldito acidente. A culpa é minha de ela estar nesta cama de hospital. A culpa foi minha por não lhe ter contado.

- Senti tanto a tua falta, anjo. - limpo com o polegar as suas lágrimas que teimam em cair. - Por favor, não chores. - suplico.

Ela assente e eu sento-me à sua frente em cima da cama.

- Preciso de te pedir desculpa por não... - ela corta-me.

- Shhh... - Victoria coloca o seu indicador sobre os meus lábios para me silenciar, mas eu não posso calar-me simplesmente.

- Ouve babe, - peço, segurando a sua mão. - eu preciso de pedir desculpa por não te ter contado sobre o que aconteceu com o Barry.

- Eu entendo agora.

- E preciso que saibas o quanto estou arrependido por isso e que me sinto imensamente culpado por tudo o que aconteceu. Partiu-me o coração ver- te aqui, inconsciente, e sem poder fazer nada para mudar isso. -  exprimo o que verdadeiramente sinto.

- Liam... - ela chama para a olhar nos olhos. Faço o que me pede e olho-a nos olhos.

- A minha reação foi absolutamente desnecessária. - ela começa.

- Não. Foi necessária para eu ver que não podemos esconder coisas um do outro.

- Eu estava de cabeça quente. Eu sei que aquilo que fizeste foi para me proteger, e eu compreendo isso, porque eu faria exatamente a mesma coisa para te proteger. Lamento pelo acidente, mas o que importa é que estou bem.

- Podias não estar... - resmungo.

- Sim, mas estou. E espero que o Barry seja punido por tudo o que já fez.

- Amo-te.

- Sei disso. - é impossível não sorrir. - Amo-te mais.

- Como te sentes? - pergunto preocupado.

- Bem. - ela responde.

- Mentirosa. - digo num tom brincalhão.

- Ficaste com cara feia quando o médico esteve aqui. - o meu sorriso desaparece no momento. Por que é que ela tinha que falar no assunto?

- Não fiquei nada.

- Ficaste sim. - ela ri mas depois para. - Dói rir. - ela esclarece.

- Não gosto que outros homens te toquem, só isso. - resmungo.

- Não tens razão para ficar assim. - ela tenta acalmar o eu lado possessivo.

- Eu sei.

Dou oportunidade aos pais da Victoria para que tenham tempo com ela. Aproveito e vou apanhar um pouco de ar e ligar à minha mãe e dar a boa notícia a Dan que ficou preocupado com a Vicky.

Nos corações das pessoas certas, as nossas decisões são compreendidas. Não escolhemos magoar as pessoas de quem gostamos e sim fazer o melhor que podemos e conseguimos. Não podemos julgar as escolhas que fazemos quando o que está em jogo é a felicidade e a segurança do outro. Só é possível compreender quando nos colocamos no lugar e na posição do outro.

Amor & ObsessãoWhere stories live. Discover now