Emily desviou o olhar para que não se perdesse encarando-o. Fitou momentaneamente um garoto que, de mãos dadas com os pais, tomava o trem rumo a Windsor. Respirou fundo, tentando estabilizar seu peito que subia e descia sem controle. Deveria estar parecendo uma tola, quase brigou consigo mesma. Era só um segundo encontro e já estava daquele jeito.

Aron abriu um leve sorriso. Achou de certa forma fofa a maneira como ela se desesperava.

– Não se preocupe. – Ele pegou a mão dela novamente e a levou até os lábios, beijando com carinho a superfície macia. – Não precisa ter medo ou ficar afobada em minha presença.

Emily sorriu ao fechar os olhos sentindo o calor que ele provocara nela aumentar ainda mais quando os lábios a tocaram.

– O que acha de irmos a um lugar mais calmo? – Aron a encarou, de maneira que Emily não conseguiu desviar o olhar.

– Um lugar mais calmo? – Ela engasgou ao pensar nas possíveis implicações daquilo. – Podemos. – Sorriu. Não queria dizer que não e assustá-lo, foi o que jurou a si mesma. Contudo, aquilo era apenas uma parte da verdade. A jovem não sabia dizer como, mas aquele simples toque arrancara-lhe todo pudor, deixando-a à mercê de seus desejos mais profundos.

Aron se colocou de pé e estendeu o braço para a moça, que não hesitou em segurá-lo. Deixou algumas moedas sobre a mesa para pagar pelo café e o chá, e então guiou-a para longe daquele lugar barulhento.

Emily o observou durante todo o caminho para fora da estação, até pegarem uma carruagem. Até onde ela sabia, Lorde Donovan, Aron, era um duque Irlandês com boas posses, o suficiente para que seu pai mudasse de ideia quanto ao casamento dela com o banqueiro burguês, sem sangue nobre e que tinha o dobro de sua idade.

Aron sussurrou algo no ouvido do cocheiro, ajudou-a subir na carruagem e sentou-se diante dela, pois o vestido volumoso ocupava todo o assento.

– Para onde vamos? – Emily o fitou em busca de algo que respondesse sua pergunta, mas a expressão de Aron era indecifrável. Questionou-se se realmente gostava de surpresas como pensava.

Aron, sem dizer nada, apenas sorriu, o que foi o bastante para deixar a garota mais calma.

A carruagem procurou pelos caminhos mais discretos. O cocheiro sabia bem que lorde Aron não gostava de murmúrios. Deram algumas voltas pelo trajeto mais vazio até a propriedade dos Donovans, que ficava a alguns minutos de Londres.

Emily observava o caminho com um misto de curiosidade e aflição. Por alguns minutos, estavam em uma estrada de terra com alguns pedregulhos que fazia a carruagem dar pulinhos, e a jovem não conseguia ver nada além de árvores. Pensou em perguntar a Aron para qual lugar estava a levando, no entanto não quis parecer insegura. Logo saberia, disse a si mesma. Não havia por que se preocupar.

Quando a carruagem parou, Emily colocou a cabeça para fora para ver onde estavam. Viu um enorme portão de ferro se abrir para dar passagem a eles, e além deste havia um belo jardim com uma enorme casa ao fundo. Admirou a bela visão por longos minutos até se dar conta de onde estava.

– Trouxeste-me até a tua casa? – Voltou-se para Aron, encarando-o profundamente. Não sabia se deveria o recriminar.

– Trouxe.

– Mas o que vão pensar? – Emily estava um pouco angustiada, suas mãos tremiam levemente, ainda que gostasse de estar ali com ele. – E quanto à minha reputação?

– Não te preocupes, ninguém nos viu chegar aqui. – Aron pousou sua mão sobre a dela. O calor invadiu o corpo da jovem e fez com que se esquecesse de qualquer preocupação.

Do Sangue Ao Desejo (Desejos Sombrios 1) - DegustaçãoWhere stories live. Discover now