VI - Descobertas

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Diversos formandos se apresentavam e demonstravam habilidades e técnicas extraordinárias aos Moustres, todos ansiosos para serem aprovados no Teste das Chamas. Todos, com exceção de Nathan, que se aterrorizava só de pensar que seu nome estava próximo de ser chamado e que ele não fazia ideia do que iria apresentar.

- Monkey, - a voz de Nathan era arrastada. – o que acontece se nenhuma das chamas se acenderem?

- Você é negado. – disse Monkey, curto e direto.

- Como assim, negado? O que você quer dizer?

- Negado do Instituto! – o pequeno moreno alegre de cabelos bagunçados não sorria, também estava preocupado sobre como se sairia em sua apresentação, por isso as palavras breves e ríspidas.

- Mas eu já fiz minha matricula, já decidi ficar, não podem me negar isso. – praguejou.

- Você está enganado. – o garoto moreno balançava a cabeça negando a afirmação do seu inocente amigo. – O Teste das Chamas não é só para mostrar seu nível de habilidades, ele também serve para selecionar aqueles novatos que estão preparados para o Instituto, dos que devem voltar ao mundo dos Simplórios. Ou você é aceito no Instituto, ou é negado.

Aquelas palavras ressoaram na cabeça do menino franzino. Nathan enfureceu-se em saber que depois de tudo o que experimentou e viu, poderia não ter a chance de ficar e se tornar um Septo, mesmo após sua decisão e luta contra a vontade de sua mãe. A raiva maior era direcionada principalmente ao Moustre Rouma, que foi quem mesmo com frases indiretas, o encorajou a retornar.

- Moustre Idiota! – resmungou, olhando para o chão com as mãos em punho sobre seus joelhos. – Se não fosse por ele, nesse momento eu estaria em casa, matriculado em um outro colégio e sem lembrar de nada que aconteceu aqui. Ele fez isso para me humilhar em público, para mostrar a todos o descendente de Sidrake, O esquecido. – as lagrimas começaram a correr por seu rosto. - Como se já não bastasse ser um Sem-linhagem entre os simplórios, serei conhecido como um fraco e inútil entre os formandos do Instituto Novo Amanhecer. Não importa em qual mundo eu esteja, serei sempre o inútil sem pai.

Ele enterrou sua cabeça em suas mãos, debruçando-se sobre suas pernas e imergiu em pensamentos negativos. Retornando as lembranças de como havia chegado ali, culpando a quem havia entregado a ficha de matricula para Ferdinand I'Fidden, culpando o mesmo por ter aceito e convencido a seu avô e sua mãe para deixá-lo ir ao Instituto. Estava nítido que tudo seria um erro, pensava ele, foi tudo anormal e rápido demais. Por causa de tal decisão ele foi surrado no primeiro dia, quase morreu quando se deparou com Kripto e após aquele episódio a culpa recaía sobre si, pois foi ele quem decidiu voltar.

- Como eu fui insensato! – repetia ele, batendo a mão contra sua fronte.

- Nathan? Ei, Nathan?! – Monkey balançava seus ombros, tentando tirá-lo daquele transe de martírio.

- Me deixa! – gritou se levantando bruscamente.

Sua voz ecoou no salão fisgando a atenção dos formandos e Moustres.

- Mas, é que... – um sorriso envergonhado surgiu no rosto de Monkey, que apontou discretamente para a bancada.

Com o rosto molhado por suas lágrimas, ele olhou a sua volta e para a bancada, não havia um que não estivesse atento ao menino branco, com a jaqueta de couro e o entalhe do dragão de frente a lua, magrela e de cabelos negros.

- Ai está você! – exclamou Kaya. – Já tem a atenção de todos, então desça logo pois não temos a manhã toda! – ela gesticulava para apressar Nathan, entortando os lábios em desaprovação.

Alma de DragãoOnde as histórias ganham vida. Descobre agora