— Ah, sim... Porém, se você tiver interesse, não deixe de nós avisar. Adoraríamos levá-la para a tour do Studio X pelo mundo como uma de nossas bailarinas ou até como nossa protagonista. — Ela sorriu e abriu a porta da sala. — Pense nisso, certo? Até a próxima aula, Hope.

— Até, Srta.Lindsay.

Sorri sem graça para as meninas da minha sala que estavam no corredor, já de cara, não me adaptei bem aos estudantes do Studio. Quer dizer, com a maioria. Havia o Zac e a Zoe. Eles eram irmãos gêmeos. Zoe estava na classe avançada e Zac dançava street dance, e mesmo assim, fizeram amizade comigo rapidamente.

— Ih, alá... Tá encrencada? — Zoe inclinou a cabeça para o lado ao me ver. Ela jogou sua bolsa roxa sob seu ombro e seu cabelo curto dançou sob seus ombros.

— A Srta.Lindsay me disse que estão pensando na ideia de me colocarem na sala avançada. — Revelei dando de ombros com um sorriso cúmplice. Zoe abriu um sorriso enorme.

— Aí sim, garota! — Ela bateu palmas. — Escuta essa, Zac. Hope vai pra sala avançada!

— Ah, é? — Ele abriu um sorriso de molhar calcinhas.

— Espera... Não é certeza! — Eu gargalhei. — Estão vendo o caso.

— Mesmo assim, parabéns, Hope. — Ele passou seu musculoso braço por cima do meu ombro, um tipo de abraço, eu acho. — Eu sabia que você tinha talento.

— Obrigada. — Sorri sem graça e me voltei para Zoe que abotoava seu short jeans por cima do collant. — Você sabe que as meninas querem me matar, não sabe?

— Óbvio que querem, Hope. Em menos de um mês você chegou aonde elas estão há anos tentando chegar. — Ela sorriu alto. — Não se abale por olhares feios. Como diria a minha avó, a hora que bater um vento, essas caretas delas vão ficar pra sempre.

— Além disso, quem precisa dessas meninas, quando se tem Zac e Zoe? — Zac acrescentou me puxando pelo corredor. Zoe nos acompanhou, mascando seu chiclete de menta e observando a todos. Até que um garoto surgiu. Loiro, alto e dos olhos verdes. Ele sorriu para Zoe e enlaçou sua cintura.

— E aí, Zoe? Como vão as coisas?

— Ninguém morreu ainda. — Ela revirou os olhos.

— Vocês vão na resenha? — Ele olhou para Zac em busca de uma afirmação.

— Não...

— Parece uma boa ideia, Zoe. — Zac a interrompeu. Ele olhou para mim. — O que acha, Hope?

— Ahn... Resenha?

— É uma festa na casa do Marcus. — Ele apontou para o loiro.

— Isso aí. — O tal Marcus assentiu. — Meu coroa viajou então a resenha tá liberada.

— Eu não sei não... Meu pai viajou com a minha madrasta e...

— Pois o que te impede de ir? — Arquejou Zac.

— Hum... Meu irmão postiço.

Cheguei em casa acabada. Meus pés latejavam por causa do balé, eu tinha pegado carona com a Zoe e o Zac porque meu pai já tinha viajado com a Rachel. Joguei as chaves de casa no aparador e segui para a cozinha. Por sorte, Babi havia deixado macarrão na geladeira. Deixei o macarrão sob a pia e subi para trocar de roupa.

Foi aí que a merda aconteceu.

Primeiro eu ouvi gemidos.

Depois eu fiquei petrificada pensando se aquilo era realmente o que parecia ser.

Então eu sacudi minha cabeça e entrei no meu quarto. Coloquei um shortinho preto e uma regata laranja, sem sutiã mesmo e desci enquanto amarrava o cabelo em um coque mais ou menos.

Esquentei o macarrão e me sentei no balcão para comer. Estava terminando quando um vulto passou para a sala, a procura de algo.

Uma menina.

Ruiva, alta, branquela e magrela. Ela vestia apenas uma camiseta que eu sabia que era do meu precioso irmãozinho, e quando a menina me notou, ela se assustou.

— Ah, oi! — Ela sorriu sem graça e se abaixou para pegar algo.

A calcinha.

— Tua bolsa está... — Ouvi Cameron dizer enquanto descia as escadas, então ele me viu e se calou. Nós nos encaramos. Eu queria matar os dois afogados naquela maldita piscina de rico.

Ao invés disso, deixei o prato inacabado na pia e fui para o meu quarto. Não sem antes dar uma olhada feia para a menina. Maldito Cameron. Assim que me joguei na cama, digitei uma mensagem para Zoe.

"Sabe aquela resenha? Eu topo."

Não demorou muito para chegar sua resposta:

"Meu irmão está tão afim de você."

"Marcus está tão afim de você."

"Cale a boca. Ele é um babaca."

"Isso não o impede de ser gato. Não entendi quantos neurônios você tem em falta. Ele é lindo, gostoso e super te quer. Qual é o seu problema, Zoe?"

"Marcus adora correr atrás."

"Você vai na festa?"

"Óbvio que vou! Vamos?"

"Vamos sim."

"Passo aí em meia hora."

Merda.

Mil vezes merda.

Tudo bem, Cameron tinha comido uma ruiva na nossa casa quando a mãe dele pediu que ele não trouxesse ninguém para cá... Então eu podia sair, não é? Por que só ele podia aprontar?

Foda-se.

Tomei um banho rápido, passei um baby liss nas pontas do meu cabelo e fui atrás de uma roupa. Coloquei uma blusa preta com as costas nuas e cheias de strass, um short jeans branco e uma botinha de veludo de salto alto preta.

Tomei coragem na maquiagem. Eu havia feito um curso de maquiagem com Analu havia um ano, e por isso sabia alguns truques úteis. Destaquei meus olhos claros com uma boa sombra e arrochei no rímel. Agarrei meu celular e saí do quarto.

Se eu tivesse sorte Cameron nem notaria. Meu celular vibrou, era Zoe.

"Porta!"

Desci as escadas torcendo para que minhas botas não fizessem barulho. Alcancei a porta de entrada em um pulo, e saí em disparada para o carro onde Zoe gritava alucinada.

— Shhhh! — Pedi atravessando o quintal, descendo as escadarias de pedra. Zoe abriu a porta e eu pulei para dentro, a porta de entrada se escancarou ao passo que Zac cantou pneus. O grito desajuizado de Zoe foi o único som ouvido além do carro em disparada. — Ah, meu Deus, eu estou muito fodida!

— Já era, gata, agora vamos aproveitar a noite! — Zoe gritou gargalhando.

Com o coração na mão, eu deixei Zac dirigir em direção à casa de Marcus. Aquilo ia resultar em uma merda muito grande, eu sabia.

Eu tinha cutucado a onça com uma vara beeeem curta e agora meu irmãozinho estava puto comigo.

Merda.

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⏰ Last updated: Nov 06, 2016 ⏰

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A Filha do meu PadrastoWhere stories live. Discover now